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Biogás gerado em ETE é transformado em eletricidade em Feira de Santana/BA

O Governador do Estado da Bahia, Rui Costa, inaugurou hoje (19) a primeira usina de geração de energia através do biogás proveniente do esgoto no estado. Localizada na Estação de Tratamento (ETE) Jacuípe II, em Feira de Santana, o projeto é fruto de um investimento da ordem de R$ 4,6 milhões, sendo R$ 3,6 milhões da Coelba, através do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento regulamentado pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, R$ 840 mil da Embasa e R$ 150 mil da Agência de Cooperação Alemã – GIZ. Com potencial de indicar soluções para estações de tratamento de esgoto de médio e pequeno porte, que atendam entre 20 mil e 300 mil habitantes, o projeto conta com a parceria da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS. Estiveram presentes ao evento, os presidentes da Coelba, José Roberto Bezerra de Medeiros, e da Embasa, Rogério Cedraz.

No projeto foram feitas adaptações civis nos Digestores Anaeróbicos de Fluxo Ascendente – DAFA, com o intuito de captar o biogás gerado na etapa de digestão do esgoto. “Esse gás passou a ser canalizado e transportado para um sistema de limpeza e armazenamento e, então, encaminhado para um grupo motogerador de potência 190 kW, que realiza a combustão do biogás e a geração de energia. É previsto o atendimento de até 80% da demanda energética da estação de tratamento com esse sistema”, explica o presidente da Coelba, José Roberto Bezerra de Medeiros.

Cenário no país – O uso de biogás para geração de energia elétrica é estratégico para a redução de custos, além de contribuir para a diversificação e descentralização das fontes de energia. No Brasil, entretanto, a maior parte das ETE, quando recupera o biogás, simplesmente o queima antes de lançá-lo para a atmosfera, desperdiçando o seu potencial energético e seus eventuais benefícios econômicos, sociais e ambientais.

O projeto realizado em Feira de Santana teve como objetivo estudar a viabilidade econômica desta tecnologia para o mercado brasileiro, visto que uma das principais barreiras para tornar o seu uso uma realidade no país é, justamente, a comprovação da sua efetividade, dentro dos parâmetros capazes de melhorar a eficiência do processo de tratamento de efluentes sob o ponto de vista energético. As informações desenvolvidas na pesquisa serão disseminadas com o objetivo de diminuir as incertezas que envolvem o aproveitamento energético do biogás em estações de tratamento, aumentando, assim, a confiabilidade de investir nessa tecnologia.

Digestão anaeróbia – Ao contrário da maioria dos países europeus, o tratamento de águas residuais no Brasil é baseado na digestão anaeróbia, que é um processo em que os microorganismos degradam a matéria orgânica biodegradável na ausência de oxigênio, com o propósito de gestão de resíduos. Como o clima quente favorece esse tipo de tratamento, isso torna os custos operacionais consideravelmente mais baixos em comparação com os sistemas de tratamento aeróbios. A tecnologia mais comum é a que utiliza reatores DAFA ou UASB (do inglês Upflow Anaerobic Sludge Blanket), que produzem biogás na sua operação. No entanto, ainda não é comum no Brasil a utilização deste gás como fonte de energia.

O potencial energético do biogás está associado à energia química nele acumulada. Isso acontece porque o biogás é majoritariamente composto por metano, uma substância inflamável, inodora, incolor, com densidade menor que a do ar. Cabe destacar, no entanto, que o metano é um gás indutor do efeito estufa e que seu potencial de aquecimento global é 25 vezes maior que o atribuído ao dióxido de carbono (IPCC, 2013). Por isso, a recuperação do biogás tem sido promovida com intuito de minimizar impactos ambientais e de oferecer soluções energéticas renováveis (GIZ, 2016).

Tecnologia no Brasil e no mundo – A produção de energia por meio do biogás de estações de tratamento de esgoto está de acordo os conceitos de produção mais limpa, com eficiência ambiental e energética. Por isso, essa utilização é bastante comum em países com Alemanha, Itália e Estados Unidos. Nesses países, com condições climáticas menos favoráveis que o Brasil, o biogás de ETE é proveniente, principalmente, dos digestores de lodo. Na Alemanha, por exemplo, cerca de 800 estações possuem digestão anaeróbia de lodo e geram eletricidade a partir do biogás. Nos Estados Unidos, 104 estações, com 190 MW de capacidade instalada, utilizam biogás oriundo dos digestores de lodo como fonte primária de combustível (EPA, 2011).

Fonte: Neoenergia

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