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Tecnologia desenvolvida na UFBA transforma óleo retirado das praias do Nordeste em carvão

Desde o final do mês de agosto, as belezas das praias dos estados do Nordeste brasileiro foram manchadas por um vazamento de óleo ocorrido em alto-mar.

Ainda não se sabe a origem do petróleo e investigações procuram descobrir de onde vem todo o material e os possíveis responsáveis.

Até o dia 21 de outubro, mais de mil toneladas do óleo já haviam sido retiradas de 200 praias do litoral dos nove estados nordestinos. Assim, surgiram novas perguntas sem respostas sobre o desastre: para onde todo esse resíduo está sendo levado e o que será feito com ele?

Iniciativa do projeto “Compostagem Francisco”, do Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia (UFBA), desenvolveu uma tecnologia que transforma o petróleo recolhido em carvão e dá a possibilidade para o material ser reutilizado.

O óleo chegou até o projeto por meio de voluntários que retiraram das praias de Salvador e levaram ao Instituo de Química, localizado no campus Ondina da UFBA. “A gente tira aquela mancha que ocupa um espaço imenso, é um produto muito viscoso e, ao degradar, ele forma um produto que é muito mais fácil de armazenar e fácil de manipular”, explicou Zenis Novais da Rocha, professora da UFBA responsável pelo projeto.

A tecnologia

Essa tecnologia foi desenvolvida pelo grupo de alunos e professores da universidade para degradar resíduos de casca de coco verde e restos de alimentos crus e processados em fertilizantes orgânicos. Com base nesse conhecimento, a equipe decidiu aplicar a técnica para o petróleo recolhido no litoral.

O grupo realiza o processo de degradação usando bioaceleradores desenvolvidos no instituto que atuam nos resíduos. Usando uma betoneira, o processo é rápido e concluído em cerca de uma hora, independente da quantidade do produto tratado.

O produto final ainda será avaliado, mas e poderá ser utilizado como adubo ou, dependendo do resultado, ser reaproveitado na construção civil, na produção de cimento ou na composição de asfalto. “Com mais cautela, faremos o estudo do produto formado para avaliar e bater a tecla que, de fato, o produto pode ser utilizado nessas diferentes aplicações”, conta a professora.

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Além da reutilização, o método é uma forma de evitar formas de descarte do óleo que estão sendo cogitadas e podem ser inadequadas ao meio ambiente, como descarte em aterro sanitário ou incineração. “O impacto do petróleo no mar já está sendo imensurável, agora a gente vai daqui uns anos impactar o solo se colocar esse resíduo em aterro ou impactar a atmosfera se for queimado”, explica Zenis.

Potencial do projeto poderia tratar quantidade maior do óleo

A burocracia para que o petróleo seja levado para o Instituto de Química dificulta que o projeto seja ainda mais efetivo. Cerca de 50 quilos do óleo foram tratados pela equipe. “Na nossa estrutura, poderíamos ter tratado uns 500 quilos”, conta Zenis.

“Nós queremos fazer muito mais, mas nossa estrutura é pequena e tem havido um certo controle para a entrega do resíduo para a gente.”

A estrutura que o Instituto de Química da UFBA possui não permite que o produto seja produzido em escala industrial. “Para fazer em grande escala tem que ter uma indústria que abrace a ideia, que viabilize uma produção maior e, logicamente, outras empresas de outras áreas que façam essa aplicação na construção civil”, diz a professora.

“O conhecimento a gente já tem, a gente já confia no que faz. Já produzimos mais de 35 toneladas de fertilizante. Isso em pequena escala, imagina uma empresa em grande escala. Vai tratar todo esse petróleo que tem aqui.”

O instituto ainda pretende realizar mutirões em praias da capital baiana para recolher e tratar o material para ser transformado no carvão.

Leia também: Resíduos de óleo foram coletados.

Projeto foi batizado em homenagem ao papa

O projeto “Compostagem Francisco” é formado por um grupo de doze estudantes e dois professores do Instituto de Química da UFBA. Da equipe, os dois professores e quatro alunos -três da graduação e uma em doutorado- estão envolvidos no projeto com o petróleo.

O nome homenageia o papa Francisco, que lançou a encíclica “Laudato si“, conhecida como “encíclica verde”. O documento mostra a preocupação do pontífice em relação ao meio ambiente e estimula que as pessoas usem o conhecimento para tomar medidas favoráveis à natureza.

Assim, o projeto foi formado para trabalhar na produção do fertilizante composto com resíduos orgânicos, tudo sem financiamento, apenas com recursos próprios. “Os alunos são muito dedicados, gostam de trabalhar em atividades que mostram para a comunidade a importância da universidade pública”, conta a professora. “Têm pessoas que possuem muita vontade de fazer o diferencial e têm a capacidade para isso.”

“A gente mostra que temos ciência de qualidade aqui dentro. Nós temos comprometimento, tanto os professores, funcionários e alunos, e a gente tem um conhecimento imenso”, completa Zenis.

Fonte: Quero Bolsa.

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