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Compostagem do lodo de esgoto

Projeto pesquisa compostagem do lodo de esgoto, iniciativa reúne FCA/Unesp, Fapesp e Sabesp

Desde novembro de 2015, na Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, Câmpus de Botucatu, está em execução o projeto de pesquisa “Compostagem do lodo de esgoto: avaliação do processo, do produto gerado e dos custos (Fapesp-Sabesp-FCA)”, sob a responsabilidade do professor Roberto Lyra Villas Bôas, do Departamento de Solos e Recursos Ambientais da FCA.

O projeto visa contribuir com a viabilização do uso do lodo de esgoto como fertilizante em áreas agrícolas e florestais, através da compostagem, de forma a garantir um produto seguro, rico em nutrientes e matéria orgânica, de baixo custo de produção e baixo impacto no ambiente, dentro dos padrões exigidos pela Legislação Brasileira.

Alternativas

O projeto surgiu da necessidade da Sabesp em obter alternativas de tratamento e utilização do lodo de esgoto oriundo de estações de tratamento de esgoto (ETEs), que têm como destino final, quase sempre, os aterros sanitários.

A disposição em aterros não é a melhor opção, pois a legislação, a partir de 2014, obriga a deposição em aterros específicos, portanto mais caros e certamente mais distantes dos pontos de produção. Além disso, o lodo de esgoto contém alta umidade e gera lixiviado necessita de contenção e tratamento. Por fim, o lodo de esgoto contém matéria orgânica e nutrientes que podem ser aproveitados em áreas agrícolas e florestais como fertilizante, substrato e/ou material orgânico para recuperação de áreas degradadas.

O uso do lodo em área agrícola já foi realizado por algumas ETEs. No entanto, a partir de 2011 quando as Resoluções Conama nº 375 (29/08/06) e nº 380 (31/10/06) entraram em vigor, houve grande dificuldade das ETEs cumprirem os limites de tolerância para indicadores de patogenicidade para os lodos Classe A, principalmente análises de vírus.

Uma alternativa encontrada para o uso na agricultura do lodo de esgoto é enquadrá-lo como Produto Fertilizante Orgânico Composto Classe D, através do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (pelo Decreto Federal 4.954 de 14/01/2004, alterado pelos Decretos nº 8.059 de 26/07/13 e nº 8.384 de 29/12/14, e pelas Instruções Normativas nº 27 de 05/06/2006 e nº 25 de 23/07/09). O lodo de esgoto ao ser misturado com uma fonte de carbono permite a elevação da temperatura, o que possivelmente diminuirá e/ou eliminará os organismos patogênicos.

Cinco subprojetos

O projeto desenvolvido na FCA é dividido em cinco subprojetos, onde são estudadas alternativas de resíduos agrícolas e florestais como fonte de carbono, a possível eliminação dos patógenos pela elevação da temperatura, a produção de substrato a partir do composto gerado, a melhoria da qualidade do composto com enriquecimento de fósforo e possível solubilização de fosfatos naturais no processo, e o custo de produção e a estimativa de transporte e aplicação do lodo compostado em área de reflorestamento na região.

O Fertilizante Orgânico Composto Classe D, de acordo com IN nº 25/2009, não pode ser utilizado em pastagens, cultivo de olerícolas, tubérculos e raízes e culturas inundadas, bem como em demais culturas cuja parte comestível entre em contato com o solo. A aplicação deve ser feita com equipamentos mecanizados e durante o manuseio devem ser utilizados equipamentos de proteção individual (EPI).

O estudo é desenvolvido no pátio de compostagem da ETE Lageado da Sabesp, localizada na Fazenda Experimental Lageado, sede da da FCA, onde foi instalada uma estufa de compostagem de 1.024 m2. O projeto de pesquisa faz parte de um Programa Parceria para Inovação Tecnológia (Pite – Fapesp), com vigência de três anos. Nesse período, serão gerados dois relatórios de pós-doutorado, duas teses de doutorado e sete dissertações.

 

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Equipe

Além do professor Lyra, a equipe é formada pelos professores da FCA, Dirceu Maximino Fernandes, Iraê Amaral Guerrini, Magali Ribeiro da Silva e Maura Seiko Tsuitsui Esperancini e dos professores Robert Boyd Harrison (University of Washington), Reinaldo José da Silva e Vera Lucia Mores Rall (Instituto de Biociência da Unesp) e dos pesquisadores Fernando Carvalho de Oliveira (Biossolo Agricultura e Ambiente) e Rosemary Marques de Almeida Bertani (APTA Polo Regional Centro Oeste).

Também fazem parte da equipe a pós-doutoranda Caroline de Moura D’Andréa Mateus, os doutorandos Marianne Fidalgo Faria e Caio Vilela Cruz e os mestrandos Mônica Moreno Gabira, Lívia Cristina Ribeiro, Roseli Visentin, Aline Cássia da Fonseca, Laura Oliveira Cleto da Silva, e Camila Rocha Pergentino da Silva.

A equipe conta ainda com o auxílio do doutorando Marcelo Scantamburlo Denadai (Laboratório Agroflorestal de Biomassa e Bioenergia da FCA/Unesp), do engenheiro agrônomo Antônio Ribeiro da Cunha (Departamento de Solos e Recursos Ambientais da FCA) e da pesquisadora Márcia Pereira Sartori (Departamento de Produção e Melhoramento Vegetal da FCA).

Fonte: UNESP

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