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Congresso Sustentável 2018: “Qual é o País que os nossos negócios estão construindo?”

No dia 11 de setembro, lideranças multissetoriais debateram “Qual é o País que os nossos negócios estão construindo?”.

Esse foi o tema escolhido pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), para ser uma linha mestra dos debates da nona edição do Congresso Internacional sobre Desenvolvimento Sustentável (Sustentável 2018), que aconteceu no Teatro Santander, em São Paulo.

“O CEBDS tem como missão ser uma ponte para reunir governo, sociedade e empresas, facilitando a troca de experiências, a elaboração de políticas públicas e o engajamento da sociedade nas causas que permitam que o País percorra o caminho do desenvolvimento sustentável, pavimentando uma transição para uma nova economia de baixo carbono, com preservação dos recursos naturais e responsabilidade social”, explica Marina Grossi, presidente da instituição, que possui 21 anos, e conta com 60 das maiores empresas do País, responsáveis por mais de 1 milhão de empregos.

O evento deste ano marca a apresentação pública da Agenda CEBDS por um País Sustentável, que reúne 10 propostas na área de eficiência energética, reflorestamento, redução de emissões de gases do efeito estufa, incentivos à energia renovável, e promoção da igualdade de gênero e inclusão na contratação de trabalhadores.

As propostas foram construídas ao longo de meses no âmbito do Conselho de Líderes, que reúne os presidentes das empresas associadas, e estão sendo encaminhadas aos presidenciáveis nas eleições de 2018. O CEBDS pretende fazer um acompanhamento de perto da implementação das medidas nos próximos anos, e já começou no atual governo a apresentar estudos colaborativos para sua implementação.

A necessidade da realização de um mercado de carbono e a urgência do melhor uso e tratamento dos recursos hídricos são, no presente, alguns dos principais desafios que o Brasil enfrenta para atingir um modelo sustentável de crescimento nos próximos anos. Essas foram algumas das vitais conclusões entre os participantes do Congresso Sustentável 2018.

No Painel 1, foi apresentado, “Grande Diálogo Empresarial: Agenda por um País Sustentável – Visão de futuro do Brasil”

André Lopes de Araújo, presidente da Shell Brasil iniciou o evento salientando que a Shell defende criação e regulação do mercado de carbono. “Nós somos favoráveis ao mercado de precificação de carbono, a melhor forma de fazer isso é olharmos para o crédito de carbono como uma solução que movimenta a economia. Para muitos, surge como um fato estranho uma empresa, que entre outras coisas trabalha com petróleo e gás, que é um dos grandes emissores e que o planeta fez um acordo para encontrar uma solução para isso”, afirmou.

O executivo da Shell recomendou que o país comece a estudar a regulação dos projetos observando os que vizinhos já precificam carbono. “Existe muita coisa disponível. México, Chile, Colômbia já iniciaram essa jornada. Nós estamos atrás”, disse.

Bernardo Paiva, presidente Executivo da Ambev, prosseguiu falando sobre projetos com foco em água, como o Ama, água mineral natural onde 100% do lucro obtido com suas vendas é revertido para projetos de acesso à água potável no semiárido brasileiro.

Ele também comentou que a Ambev terá 1.600 caminhões elétricos na distribuição de bebidas. “Os veículos serão entregues até 2023 pela Volkswagen. Com isso, 35% dos veículos de distribuidores que prestam serviços para a cervejaria serão movidos a energia limpa”, destacou.

Rogerio Zampronha, presidente na Vestas Brasil & Cone Sul atentou que a energia eólica já representa 9% da matriz energética no Brasil. “Em 2017, o volume de emissões de carbono que deixou de ocorrer por causa da fonte eólica é o equivalente ao que se teria se deixassem de circular 16 milhões de veículos, o que equivale a 85% da frota atual no estado de São Paulo. Acreditamos que ainda crescerá muito”, finalizou.

Teresa Vernaglia, presidente da BRK Ambiental encerrou o painel 1, comentando ser inviável ter sete ministérios tratando do assunto. “Não há marco regulatório robusto como é o setor da energia.”

Outro ponto debatido pela executiva da BRK foi sobre as falhas nos sistemas existentes de tratamento de água. Ela recordou que são despejados em rios, mananciais e córregos o equivalente a seis mil piscinas olímpicas de esgoto bruto no Brasil, enquanto 27% dos reservatórios monitorados pela Agência Nacional de Águas (ANA) estão secos.

evento

“Considerando a baixa evolução que tivemos no saneamento na última década, teremos uma enorme frota de carros elétricos circulando em ruas com esgoto a céu aberto. Essa é a dicotomia, entre tecnologia avançada de energia, por exemplo, e o uso da água”, equiparou.

O Painel 2 foi discutido, “Grande Diálogo da Sociedade: Cooperação de agendas e formas de inovar.”

Denise Hills, presidente da Rede Brasil do Pacto Global e superintendente de sustentabilidade e negócios inclusivos do Itaú comentou que individualmente a maioria das empresas possui boas práticas e modelos de atividades empresariais. “O desafio é gerar escala dessa agenda e garantir a preservação dos recursos naturais para as próximas gerações. Não ter esse cuidado é criminoso”.

A executiva avaliou que nos próximos cinco anos o setor financeiro no Brasil deverá ter um avanço considerável na incorporação de aspectos socioambientais.

Para André Clark, CEO da Siemens, o Brasil caminha para um powerhouse de geração de energia. “A transição energética passa por três coisas: tecnologia, alterações climáticas e mercado consumidor. O Brasil foi protagonista em estabelecer marcos, estamos no centro dessas mudanças. Estados Unidos, China e Europa, fazem a transição devido ao carvão. Nós fazemos pelo uso da terra e da água”, destaca.

Desafios e oportunidades para o crescimento do Brasil nos próximos quatro anos. Este documento, desenvolvido no âmbito do Conselho de Líderes do CEBDS, é uma síntese da agenda de crescimento apresentada aos candidatos à Presidência da República em 2018.

Proposta 1:

Superar a meta de 45% de fontes renováveis na matriz energética em 2030, promovendo uma transição energética para o País.

Proposta 2:

Estabelecer políticas para valoração de atributos econômico, social e ambiental na seleção de empreendimentos de geração de energia, de modo a construir uma matriz elétrica mais diversificada e sustentável.

Proposta 3:

Reavaliar a meta da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) Brasileira relacionada à eficiência energética de 10% no setor elétrico, alcançando uma economia entre 15 e 20%, em 2030.

Proposta 4:

Incentivar os investimentos em geração distribuída por meio de fontes renováveis e modernizar o modelo regulatório para fomentar investimentos em smart grid.

Proposta 5:

Zerar o desmatamento líquido nos biomas brasileiros e aumentar as taxas de reflorestamento a médio prazo.

Proposta 6:

Criar um mercado de carbono por meio de processo participativo e gradual que não comprometa a competitividade e inclua compromissos de remoção de carbono da atmosfera.

Proposta 7:

Reduzir os entraves estruturais e os custos de transação para o uso de instrumentos financeiros verdes, a fim de alavancar investimentos em infraestrutura e fomentar novos negócios, necessários para a transição rumo a uma economia sustentável.

Proposta 8:

Revisar o Plano Nacional de Saneamento Básico, com inclusão do reúso de água como estratégia de eficiência hídrica.

A água de reúso aumenta a competitividade da indústria e reduz a demanda por água potável. Isto porque o reúso pode criar oportunidades de negócios e ser um veículo para o aumento do investimento privado no setor, atenuando a concorrência pelo uso da água potável e reduzindo a pressão por investimentos do setor público. Possuir um quinto das reservas hídricas do mundo não afasta o Brasil da obrigação de lidar com o manejo da água. A recente crise hídrica deixou evidente o problema da escassez.

Proposta 9:

Estabelecer metas de redução de emissões no transporte público urbano nos principais municípios.

Proposta 10:

Dar visibilidade aos dados quantitativos de cargo, escolaridade e remuneração do funcionalismo público no Portal da Transparência para promover a equidade hierárquica e salarial de gênero e raça.

Gheorge Patrick Iwaki

[email protected]

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