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Cresce o risco de racionamento de energia no país

Depois de dois meses de seca, o governo espera receber um alento de São Pedro neste mês, o último do chamado período de chuva. Se as águas de março não chegarem e o nível dos reservatórios continuar caindo, o risco de racionamento de energia no segundo semestre é alto, apontam analistas.

Em abril, começa no Sudeste o período seco, em que o volume de precipitação diminui. Treze anos após o racionamento de 2001, o sistema está mais robusto, garantem especialistas. Mais usinas térmicas, que não dependem de condições climáticas, foram construídas. O consumo maior, porém, reforça o temor de racionamento.

A chuva em janeiro e fevereiro ficou em 54% e 39% da média histórica, respectivamente. O índice de fevereiro é o segundo pior para o mês em 84 anos, e o de janeiro foi o terceiro pior. Para março, o Operador Nacional do Sistema Elétrico projeta quantidade de água equivalente a 67% do habitual no período.

Diretor-executivo do Grupo Safira, Mikio Kawai Jr. critica algumas decisões tomadas pelo governo nos últimos anos, como redução do tamanho dos reservatórios construídos, o que acentua a dependência da boa vontade de São Pedro.

Hoje, o nível mínimo do reservatório permite geração de energia por cinco meses. Décadas atrás, era capaz de suprir a demanda por até cinco anos. É uma opção para reduzir o impacto ambiental, mas é uma contradição. O uso frequente de termelétricas também causa emissões“, pondera.

Pelos cálculos da consultoria Safira, se o volume de chuva continuar tão abaixo da média histórica, em julho o país será obrigado a enfrentar racionamento.

Roberto Schaeffer, especialista em planejamento energético da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), lembra que a situação já não era confortável em 2013:

O governo evitou ao máximo utilizar a potência das térmicas para fugir de eventuais aumentos de custo. A falta de chuva não é só de agora, é de dois anos. Foi um erro de estratégia no ano passado.

Garantia pode doer no bolso
O acionamento das usinas térmicas em potência máxima tem elevado os custos na geração de energia, mas o aumento na conta de luz deve ficar para depois de outubro, avaliam especialistas. A razão seria a eleição presidencial.

Aumentar a tarifa é uma medida considerada antipática pela classe média. Além disso, pressiona a inflação, mantida perto de 6% ao ano só com medidas duras como a elevação do juro.

Teria sido esse também o motivo do adiamento da implantação das bandeiras tarifárias nas contas de luz. Marcado para começar em janeiro passado, o sistema prevê símbolos coloridos nas faturas indicando aumento no preço da energia caso o país passe por aperto de oferta – como o atual. A pedido da Agência Nacional de Energia Elétrica, o governo decidiu adiar a proposta para janeiro de 2015.

A energia tem um custo, e a sociedade tem o direito de saber. O governo obscurece o debate quando diz que não há risco de racionamento. Os dados técnicos mostram que há“, afirma Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil.

Walfredo Ávila, presidente da consultoria Trade Energy, diz que, do ponto de vista técnico, a tarifa ao consumidor já deveria estar maior. O uso de geração térmica em vez de hidrelétrica encarece no mínimo cinco vezes o custo da energia. Se a bandeira tarifária passasse a vigorar em 1º de janeiro, como previsto incialmente, já começaria com bandeira vermelha, o que indicaria acréscimo de R$ 3 para cada 100 kWh consumidos.

O prudente seria o governo assumir que estamos em uma situação delicada e lançar agora uma campanha para conscientizar a população sobre o consumo. Mas isso tem um complicador político, porque o tema pode ser usado na campanha eleitoral.“,  avalia Roberto Schaeffer, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Fonte: Zero Hora
Veja mais: http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/economia/noticia/2014/03/cresce-o-risco-de-racionamento-de-energia-no-pais-4438836.html

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