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Recuperação energética de resíduos sólidos

Pesquisa estuda impactos econômicos da recuperação energética de resíduos sólidos urbanos

Recuperação energética de resíduos sólidos

Estimar os impactos econômicos sobre a renda e o emprego na região do ABC paulista através de uma Matriz Insumo-Produto (MIP) para o projeto de instalação de uma unidade de recuperação energética (URE) no ABC foi o objetivo da pesquisa de Iniciação Científica (IC) do aluno Lorenzo Rea, do curso de Ciência Econômicas, da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). O trabalho foi orientado pelo Prof. Dr. Lucio Flavio da Silva Freitas, do Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA), da USCS.

Trabalho sugere impacto positivo sobre o ambiente e a aderência à Política Nacional de Resíduos Sólidos

De acordo com o estudo de Lorenzo, diante do crescimento populacional e da acumulação de bens característica das sociedades de consumo capitalistas, é fundamental repensar os processos de gestão resíduos sólidos urbanos. “Não é uma solução satisfatória ou aceitável apenas depositar os resíduos em lugares distantes da população nem sempre preparados para essa função. O aterro sanitário porquanto seja uma resposta adequada ambientalmente, ainda assim representará futuro passivo ambiental e, na ausência de tecnologia adequada, contribui para a emissão de gases do efeito estufa. É necessário, consequentemente, repensar estes processos em termos circulares, reutilizando os resíduos sólidos como insumos para outras atividades que gerem novos bens aproveitáveis pela sociedade, evitando desperdícios e reduzindo consideravelmente o impacto sobre o meio ambiente”, explica o aluno de IC da USCS.

Lorenzo conta que o Grande ABC paulista, região densamente urbanizada e com grandes áreas protegidas pela legislação ambiental, a inexistência de espaços para a construção de novos aterros sanitários cria um problema para a gestão dos resíduos sólidos urbanos (RSU). “A vida útil dos aterros existentes aproxima-se do fim, e novas rotas tecnológicas são pensadas para a região. Nesse contexto, a empresa que opera o aterro sanitário de Mauá (Lara) apresentou um projeto para instalação de uma unidade de recuperação energética. Os investimentos previstos atingem a ordem de R$ 900 milhões e trarão impactos sobre a cadeia produtiva, por exemplo, pela demanda de insumos e contratação de pessoal para a construção da usina. É possível e desejável mensurar tais impactos”, relata o pesquisador.

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E essa foi a tarefa do estudante de Iniciação Científica da USCS. Os resultados da pesquisa de Lorenzo apontam que os investimentos necessários para a construção de uma usina de recuperação energética são significativos e trazem efeitos ao longo da cadeia produtiva, já que demandam trabalho e outros insumos de uma grande variedade de setores. A produção industrial, a geração de energia e a construção civil são setores que exercem importantes efeitos à montante e à jusante dentro da cadeia produtiva, sobretudo em uma região industrializada como é o Grande ABC paulista. Além disso, lembra Lorenzo, “a ideia de construir uma Usina de Recuperação Energética (URE) é positiva para a região sob múltiplos aspectos: traz geração de emprego e impacto relevante no produto, promove a proliferação de empreendimentos de economia circular, se coloca como solução concreta aos desafios identificados pela Política Nacional de Resíduos Sólidos”, relata.

O aluno ressalta, também, a baixa viabilidade econômica deste tipo de empreendimento, que ergue-se como entrave à execução efetiva de projetos circulares de gestão e recuperação energética de resíduos e as demais questões sociais relacionadas ao papel já precarizado dos catadores de resíduos sólidos, que perderiam o mercado para reciclagem de RSU. Tais variantes complicam a aceitabilidade social do projeto. “Resumidamente, no curto prazo a instalação da URE da Lara em Mauá provocaria expressivos benefícios econômicos, entretanto, no longo prazo, teria impacto nulo sobre a economia regional, negativo sobre as questões sociais e positivo sobre o ambiente e a aderência à Política Nacional de Resíduos Sólidos”, aponta Lorenzo.

De acordo com Prof. Dr. Lucio Flavio da Silva Freitas, orientador da pesquisa, os resultados foram importantes porque permitiram uma estimativa dos impactos regionais e intersetoriais do investimento proposto na URE. “Além disso, levantou alguns pontos sensíveis, como a viabilidade econômica do projeto e os aspectos sociais que envolvem a catação de recicláveis”, avalia. Segundo o professor, envolver os alunos em pesquisas é fundamental para a formação pessoal e profissional do corpo discente.

O Programa de Iniciação Científica da USCS é voltado aos estudantes de graduação, servindo de incentivo à sua formação, despertando vocações científicas e incentivando talentos potenciais dos estudantes de graduação na vida acadêmica, a partir do desenvolvimento de pesquisas com mérito científico.

Fonte: ABC do ABC.

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