60% da água potável no Maranhão é desperdiçada
Uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto Trata Brasil mostra que o Maranhão registra desperdício de 59% em toda a água potável captada. Com o desaproveitamento, a água acaba não chegando à casa dos maranhenses.
Relatório inédito sobre desperdício de água nos estados brasileiros aponta números superiores à média nacional, no Maranhão.
O estudo “Perdas de Água Potável (2022, ano base 2020): Desafios para Disponibilidade Hídrica e Avanço da Eficiência do Saneamento Básico no Brasil”, foi desenvolvido a partir de dados públicos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).
Durante o processo de abastecimento de água, realizado a partir de redes de distribuição, é comum haver a diminuição dos recursos hídricos, por razões diversas, desde vazamentos a consumos realizados de forma não autorizada.
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Em entrevista à TV Mirante, o coordenador de relações institucionais e comunicação da Trata Brasil, André Machado, informou que os índices de desperdício de água potável, contabilizados no estado, é preocupante.
“De um lado, o estado [do Maranhão] fica mais distante da universalização do abastecimento de água para a sua população, que é, inclusive, uma meta nacional, estipulada pelo Marco Legal do Saneamento, e, paralelamente, isso leva a um cenário em que os investimentos em infraestrutura se tornam muito maiores para fazer com que a água chegue às pessoas. Por exemplo: na construção de equipamentos que não precisariam ser construídos, caso houvesse uma gestão adequada das perdas. Sem contar no consumo energético, no consumo de produtos químicos, no esforço de trabalho que está sendo pedido, também, para produzir uma água que sequer chega às pessoas”, disse.
60% da água potável no Maranhão é desperdiçada
Além do desperdício de água, problemas no saneamento básico de São Luís foram evidenciados, em pesquisa, no ano passado. Somente a metade do esgoto produzido na capital recebe coleta, de acordo com o Instituto Trata Brasil. Desta coleta, apenas 20% passa pelo tratamento adequado.
O professor universitário e especialista em saneamento básico, Lúcio Macedo, explicou que a resolução de problemas hídricos, além do cuidado com o saneamento, é fundamental para a melhora da qualidade de vida na cidade. Macedo ainda alertou para a importância de conscientizar a população acerca da utilização de formas clandestinas no recebimento da água em residências.
“A água potável é um bem caro e um bem raro. É um bem finito, para aqueles que acham que nunca vai faltar água: trata-se de um bem finito. Então [a questão hidráulica no Maranhão] é um desafio que nós temos aí, há muitos anos, reduzir perdas. Esse é um dever de casa do cidadão, que desperdiça água, às vezes, no chuveiro; ao escovar os dentes; ao deixar a mangueira ligada; ao não prevenir vazamentos. Tudo isso é o que vai somando e dando um deficit de abastecimento para, principalmente, as comunidades situadas em periferias. No entanto, por outro lado, nessas comunidades de baixa renda nós temos um outro tipo de desperdício, que são os ‘gatos’; as ligações clandestinas”, concluiu.
Fonte: G1.