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Soluções de Abastecimento de Água para Regiões Áridas

Por Carla Aranha

Tamar Shor, diretora geral para regulamentação do Water Authority, órgão responsável pela gestão da água em Israel, passa boa parte do tempo, em seu escritório em Tel Aviv, monitorando em tempo real a distribuição dos recursos hídricos para os municípios do país, assim como a zona rural e a indústria. “Caso haja alguma interrupção ou outro tipo de problema no sistema, é possível corrigir rapidamente“, explica a executiva.

O país é considerado um dos pioneiros na pesquisa e aplicação de novas tecnologias relacionadas ao uso da água. “Foi uma questão de necessidade, porque o território é muito árido“, afirma o embaixador Yossi Avraham Shelley. Cerca de 60 % do país são formados por áreas desérticas. A média de chuvas sempre foi baixa – em grande parte não passa de 30 mm por ano – e nos últimos anos caiu para menos da metade do total registrado em 1948, quando começaram as medições.

A projeção é que toda a região, incluindo outros países do Oriente Médio, se torne cada vez mais seca, devido às mudanças climáticas. O aumento populacional é outro fator de preocupação. “Desde 1990, a população cresceu 30 %, principalmente devido a imigrações de russos e pessoas de outras nacionalidades“, afirma Shor. “Mas, mesmo com mais pessoas consumindo água, estamos conseguindo atender a demanda” diz Shor, que integrou, ao lado do embaixador, a delegação de Israel presente no Fórum Mundial da Água.

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Planta de dessalinização de Sorek – Tel Aviv / Israel :  624.000 m³/dia

Desde os anos 60, tem sido estudadas medidas para o fornecimento de água potável. Hoje, cerca de 80 % dos recursos hídricos utilizados no país para consumo humano proveem do mar. A água salgada é tratada em usinas de dessalinização, uma tecnologia que permite separar totalmente as partículas de sal, por meio de um processo molecular, e purificar a água. Atualmente, 5 grandes plantas desse tipo, construídas por meio de parcerias público-privadas, estão em operação no litoral do país. Uma infraestrutura de tubulações para a distribuição de água constantemente monitorada faz com que as perdas sejam de 11 %, bem abaixo da média mundial, de 35 % a 40 %.

A agricultura também conta com um avançado sistema de irrigação, baseado no gotejamento, com uso mais eficiente dos recursos hídricos, para algumas culturas, tratamento do esgoto e técnicas de plantio em estufa. Essas tecnologias começaram a ser desenvolvidas no final dos anos 40, quando o país foi criado, e têm contribuído para ganhos econômicos expressivos. No deserto de Neguev são produzidos mais de 150 mil vegetais em estufa, graças à utilização dessas tecnologias. Os investimentos em pesquisa representam 4,5 % do PIB israelense, segundo o pesquisador Beni Lew. Nascido no Brasil, Lew se mudou há 20 anos para Israel para estudar novas tecnologias relacionadas ao uso da água e hoje integra o Instituto de Engenharia para a Agricultura. “Para se ter uma ideia, a China investe 4,1 % do PIB em pesquisa, enquanto no Brasil esse aporte não passa de 0,65 %“, diz.

Os esforços direcionados à criação de novas soluções para a questão hídrica têm proporcionado o surgimento de novos negócios e sua expansão internacional. “No Brasil, a região do semi-árido, no Nordeste, é uma importante fonte de demanda de novas tecnologias“, diz Nicolas Fabre, diretor de vendas para o Brasil da Odis Filtering, empresa israelense. No final do ano passado, a Odis Filtering fechou um contrato com o governo do Ceará para o fornecimento de unidades móveis de tratamento de água no interior do Estado. “Cerca de 12.000 famílias deverão ser atendidas”, informa Fabre. Segundo ele, 7 equipamentos já estão em operação. “Estou sendo procurado por outros Estados da região e acredito que este ano outras unidades de tratamento de água deverão ser disponibilizadas no Nordeste“, afirma.

Na visão de Patrick Thomas, superintendente de regulação da Agência Nacional de Águas ( ANA ), novas tecnologias e sistemas inteligentes de reúso e aproveitamento dos recursos hídricos são bem-vindos. “Apesar de o Brasil possuir a maior reserva de água do mundo, há um problema de má distribuição“, afirma. Além disso, crises hídricas no Sudeste, enchentes em outras partes do país e uma seca intensa no Nordeste estariam piorando o cenário. “A discussão em torno de soluções de ponta e a troca de experiências são interessantes para encontrarmos medidas eficazes de lidar com essa questão, levando em conta avanços proporcionados por outros países“, afirma.

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Carla Aranha é Jornalista Profissional

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