saneamento basico

Caracterizações físico-químicas de lodo de esgoto sanitário in natura, pirolisado e funcionalizado para posterior aplicação como adsorventes

Resumo

A grande quantidade de lodo de esgoto sanitário gerado atualmente é uma questão abrangente, principalmente relacionada à disposição final deste resíduo. Tendo em vista que estes resíduos encontram-se em abrangência e com facilidade de obtenção, a reutilização do mesmo depara-se como uma alternativa sustentável aliando seu potencial de reciclagem a uma técnica de tratamento de efluentes destacando-se na remoção de corantes e poluentes dificilmente biodegradáveis. Portanto, o processo de adsorção apresenta-se como uma técnica promissora em comparação com outros métodos de remoção, pois a além de utilizar adsorventes alternativos, alia baixo custo e possibilita reciclagem o adsorvente, permitindo que o mesmo seja reutilizado no processo. Com isso, este trabalho teve como objetivo utilizar o lodo de esgoto sanitário como adsorvente, a fim de verificar qual o melhor adsorvente preparado a partir de ativações por processo de pirólise e ativação química no lodo com o intuito que o mesmo apresente a maior eficiência na remoção de corante. O estudo baseia-se inicialmente na secagem do lodo sanitário coletado antes do processo de calagem e secagem, que posteriormente foi triturado e peneirado em diferentes granulometrias. Em seguida, o material passou por tratamento térmico e também seguido de tratamento químico com ácido nítrico (HNO3) 0,1 mol/L. Todos os adsorventes (lodo in natura, lodo pirolisado e lodo com tratamento químico utilizando HNO3) foram caracterizados físico-quimicamente por teor de umidade, teor de material volátil e cinzas, pH, massa específica real, determinação do pH do ponto de carga zero (pHpcz), Espectrometria no Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR), Método de Boehm para determinação dos grupos funcionais presentes na superfície, e morfologia através da visualização da partícula com Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV/EDS). Desta maneira, concluiu-se que o lodo de esgoto sanitário apresenta especificações condizentes para tornar-se um adsorvente satisfatório na remoção de corante, e os resultados de caracterização indicam que e é possível utilizá-lo como adsorvente alternativo de baixo custo.

Introdução

A contaminação dos recursos hídricos é uma preocupação da sociedade sensibilizada sobre a importância da proteção ao ambiente, cada vez mais atenta com as questões de escassez dos recursos disponíveis, uma vez que os problemas ambientais têm se tornado mais frequentes principalmente devido à expansão das atividades industriais e crescimento populacional.

Dentro deste contexto, a remoção de corantes provenientes de indústrias têxteis recebe destaque, pois na indústria há geração de efluentes líquidos, os quais quando não corretamente tratados e destinados, são possíveis causadores de contaminação dos corpos hídricos receptores, influenciando no índice de qualidade da água (SOARES, 1998). Apesar da existência de alternativas para tratamento de águas residuárias, parte dos processos atuais são onerosos que, em geral, produzem novos resíduos sem potencial de reaproveitamento. A adsorção é uma técnica de menor custo utilizada para remoção da cor, pois é um processo amplamente utilizado na remoção de poluentes dificilmente biodegradáveis (LEDAKOWICS et al., 2001). Entretanto, devido ao alto custo para aquisição de adsorventes convencionais, pesquisas sobre a adsorção com novos métodos tecnológicos e economicamente viáveis vêm sendo realizadas com uso de adsorventes alternativos.

Uma alternativa sustentável com uso de adsorvente de menor custo é a utilização de lodo de esgoto sanitário proveniente de estações de tratamento de esgotos. De acordo com Andreoli e Pinto (2001), a produção anual de lodo no Brasil está estimada entre 150 mil e 220 mil toneladas de matéria seca. Entretanto, houve um incremento substancial na quantidade de lodo disposto na última década em consequência da construção de novas estações de tratamento e ampliação do número de conexões na rede de esgoto. Com isso, houve aumento do volume de esgoto gerado, e a presente pesquisa apresenta uma possível alternativa de disposição e utilização deste lodo (SMITH et al. 2009). A população urbana brasileira está estimada em 116 milhões de habitantes, contudo apenas 32 milhões de pessoas têm coleta de esgoto, o qual, caso fosse integralmente coletado e tratado, acarretaria uma produção aproximada de 325 mil a 473 mil toneladas por ano (ANDREOLI; PINTO, 2001).

Tendo em vista que estes resíduos são vistos atualmente com interesse em razão do seu valor econômico, disponibilidade e facilidade de obtenção, neste trabalho objetivou-se caracterizar o lodo de esgoto sanitário in natura, pirolisado e tratado quimicamente para avaliar seu potencial como adsorvente alternativo na remoção de corante e apresentar uma alternativa para reciclagem do lodo.

Autores: Izadora Consalter Pereira; Karina Querne de Carvalho; Fernando Hermes Passig; Thiago Castanho Pereira e Alexandre José Gonçalves.

baixe-aqui

Últimas Notícias: