saneamento basico

Carga poluidora na microbacia urbana lagoas do Norte – Teresina/PI

Resumo

O presente trabalho calcula e analisa a carga poluidora de Demanda Bioquímica por Oxigênio (DBO) e de coliformes termotolerantes em uma microbacia hidrográfica urbana localizada em Teresina – PI. Inicialmente, os divisores topográficos da microbacia foram delimitados, sendo possível a caracterização da região em estudo quanto à aspectos demográficos. Em seguida, foram definidas as sub-bacias hidrográficas como base para definição dos pontos de coleta de amostra de água, para análises qualitativas em laboratório, e de medição de vazão. Os resultados possibilitaram a comparação das concentrações de poluentes com os limites legais estabelecidos e o cálculo da carga poluidora nos pontos analisados. Finalmente, foi constatada a importância do monitoramento da qualidade das águas de rios e lagos urbanos por meio do estudo da carga poluidora, além de observada situação de poluição ao longo da microbacia estudada.

Introdução

Ao passo que o aumento populacional se acentua, a demanda por investimentos em infraestrutura de saneamento básico se eleva. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 85% dos brasileiros vivem em áreas urbanas. No Nordeste, esse percentual é de 73%. Já na cidade de Teresina – PI, mais de 94% dos teresinenses residem na zona urbana (IBGE, 2010). Enquanto isso, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), em 2015, foram investidos cerca de R$ 12 bilhões em saneamento (SNIS, 2017). O valor faz parte de uma curva ascendente nos últimos anos, mas que representa menos de 0,21% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional no mesmo ano, evidenciando baixos investimentos em saneamento no Brasil (IBGE, 2017).
A alta taxa de crescimento populacional, a rápida urbanização e o baixo investimento em infraestrutura de saneamento resultam na carência de serviços de abastecimento de água potável, coleta e tratamento de águas residuárias, drenagem pluvial e coleta e manejo dos resíduos sólidos. O déficit em serviços de tratamentos de efluentes, em especial, gera fortes impactos negativos sobre a qualidade das águas, principalmente nos centros urbanos (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, 2012). Segundo o último “Ranking do Saneamento” do Instituto Trata Brasil, dentre os 100 municípios brasileiros de maior população, Teresina é o oitavo com pior Índice de Atendimento Total de Esgoto, com apenas 19,96% do total de domicílios atendidos por rede de esgoto (INSTITUTO TRATA BRASIL, 2017).
A grande parcela da população que não tem acesso à rede coletora de esgotos domésticos necessita de outras maneiras para dar destino às águas residuárias, destacando-se o uso do sistema fossa/sumidouro. No pior dos cenários, a destinação final dos efluentes domésticos, muitas vezes, se dá por meio de ligações clandestinas das instalações prediais de esgoto sanitário à rede de drenagem pluvial da cidade, mais comumente nas sarjetas. Os sistemas de drenagem, que deveriam ser transportadores apenas das águas pluviais, carregam consigo, entretanto, não apenas os efluentes destinados de maneira incorreta, mas também do escoamento superficial sobre áreas impermeáveis, áreas em construção, depósitos de resíduos e outros (NEVES E TUCCI, 2012). Para Nuvolari (2011), o esgoto sanitário, quando lançado sem tratamento prévio nos corpos hídricos, dependendo da relação entre as vazões do esgoto lançado e do corpo receptor, pode causar sérios prejuízos à qualidade da água.
A região Norte de Teresina – PI é banhada pelas águas dos rios Poti e Parnaíba. Por ser uma região de confluência de dois grandes corpos hídricos e baixas altitudes, formaram-se lagoas naturais e artificiais (a partir de escavações de materiais para construção civil), que funcionam como amortecedores das águas pluviais. Em épocas de baixa pluviosidade anual, as lagoas têm seus níveis reduzidos, o que possibilita a ocupação irregular das margens pela população local. Em ocasiões de chuvas intensas, as lagoas transbordam, provocando inundações e sérios danos aos moradores (TERESINA, 2014). Entretanto, o principal problema observado nas lagoas é a intensa poluição decorrente da ocupação irregular de seus entornos, da falta de infraestrutura de coleta e transporte de esgoto sanitário, e da falta de educação ambiental quanto ao armazenamento e destinação dos resíduos sólidos.
Diante do exposto, o presente trabalho objetiva a realização de um estudo nas lagoas localizadas na região Norte de Teresina – PI. O objetivo principal da pesquisa é o cálculo de cargas poluidoras das lagoas, obtida por meio de valores de concentração da Demanda Bioquímica por Oxigênio (DBO), da concentração de bactérias do tipo coliformes e de valores de vazão nos pontos analisados.

Autores: Ramon Marques Campelo; Carlos Henrique da Costa Braúna; e Carlos Ernando da Silva.

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