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O que são Contaminantes Emergentes?

Contaminantes emergentes são elementos que não eram monitorados com frequência em águas, solos e ar. Porém, com o tempo, pesquisadores começam a alertar sobre os perigos destes elementos. Confira o que são contaminantes emergentes, seus impactos e como tratá-los.

A Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) número 420 (2009) define contaminação (Art. 6º – V) como existência de substâncias no solo, água e ar (devido às atividades humanas) em concentrações que venham a limitar o uso deste recurso natural.

Para determinar essa limitação no uso do recurso natural, são realizadas avaliações de risco à saúde humana e a outros compartimentos ambientais (risco ecológico).

Entretanto, nem todas as substâncias químicas têm uma avaliação deste tipo, pois este é um processo que demanda tempo e recursos.

Além disso, muitas substâncias já são amplamente reconhecidas pela comunidade científica como “problemáticas” para o seres humanos e já são estudadas a mais tempo (e.g. Metais Pesados).

Mas novas substâncias são desenvolvidas.

E qual é o grau de risco à saúde humana dessas novas substâncias? Só para ter uma ideia, o CAS, entidade que cataloga substâncias no mundo, contém mais de 142 milhões de substâncias registradas.

E conforme os estudos avançam, pesquisadores descobrem os impactos negativos dessas novas substâncias, surgindo, assim, os contaminantes emergentes.

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O que são Contaminantes Emergentes?

Você pode encontrar eles sendo chamados de contaminantes ou poluentes emergentes.

Geissen e colaboradores (2015) definem poluentes emergentes como compostos químicos que não são comumente monitorados mas que apresentam potencial de causar efeitos adversos ao meio ambiente e aos seres humanos.

Os pesquisadores Sébastien Sauvé e Mélanie Desrosiers (2014) colocam que uma das primeiras pessoas a alertar a comunidade sobre contaminantes emergentes foi Rachel Carson em 1962, no seu livro “Primavera Silenciosa”, onde apontava os malefícios do uso do pesticida DDT.

Na lista de contaminantes emergentes, temos os seguintes produtos químicos:

  • Pesticidas;
  • Fármacos;
  • Produtos de Beleza;
  • Fragrâncias;
  • Plastificantes;
  • Hormônios;
  • Retardadores de Chamas;
  • Nanopartículas;
  • Compostos Perfluoro-Alcalinos (perfluoroalkyl);
  • Parafinas Cloradas;
  • Siloxanos;
  • Toxinas de Algas;
  • Elementos Terras-Raras; e
  • Radionuclídeos.

Essa é uma lista pequena, pois estas são algumas classes de contaminantes, podemos estender ela especificando as moléculas (por exemplo, Trimetoprim, Tetraciclina, Ciprofloxacina, Norfloxacino, Diclofenaco, Paracetamol e Cafeína).

Por mais que esta lista seja extensa, não há um acordo com relação a quais contaminantes devem ser monitorados.

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Impactos Ambientais dos Contaminantes Emergentes

Cada classe de contaminantes que apresentamos acima têm um comportamento diferente no meio ambiente, logo, cada um deles pode apresentar um impacto ambiental diferente.

Por exemplo, uma nova geração de pesticidas, chamada de Neonicotinoides, é utilizada para controlar pragas de insetos e seus predadores naturais. Entretanto, suspeita-se que essa classe de pesticida também atinja outros insetos (polinizadores), como as abelhas.

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Fármacos, hormônios e disruptores endócrinos também são outros exemplos, onde as suas concentrações em águas superficiais têm aumentado.

Disruptores, ou interferentes, endócrinos afetam o sistema endócrino, o qual é responsável pela produção de hormônios masculinos e femininos (Embrapa, 2018).

Inclusive, Sauvé e Desrosiers (2014) colocam que a presença destes elementos (especificamente fármacos anti-infectantes) na água é suficiente para induzir resistência aos antibióticos.

Bioacumulação é outro problema ambiental relacionado a estes contaminantes.

Bioacumulação é o aumento da concentração de contaminantes em organismos devido à absorção destes do meio ambiente (ScienceDirect).

Outro impacto preocupante esta na fauna, onde tais contaminantes prejudicam o crescimento de moluscos e anfíbios, assim como a fertilidade de aves.

Mas existem concentrações que não ofereçam risco à saúde humana e ao meio ambiente?

No Brasil, devemos consultar a Resolução CONAMA n. 420 para avaliar o limite destas substâncias, mas como elas são “novas”, elas não apresentam limites de concentração, cabendo ao profissional avaliar listas internacionais.

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Cabe lembrar que, assim como qualquer poluentes, conforme estudos são realizados, os limites de concentração são redefinidos (por meio de atualizações), sendo que, usualmente, tais limites são reduzidos.

Sauvé e Desrosiers (2014) citam o exemplo da quantidade de arsênio na água, onde inicialmente a concentração limite era entre 50 e 25 μg/L, caindo para 10 μg/L, sendo que alguns países (como Canada) estão considerando reduzir tal valor para 5 μg/L.

Independente da quantidade limite, a remoção destes contaminantes deve ser realizada.

Como tratar os Contaminantes Emergentes?

Normalmente, tratamentos convencionais e atenuação natural não são suficientes para remover essa nova classe de contaminantes.

Oscar M. Rodriguez-Narvaez e colaboradores, ao avaliarem as principais tecnologias envolvidas no tratamento de contaminantes emergentes na água, levantam os seguintes tratamentos como os mais pesquisados são:

  • Processos de troca de fase, tais como adsorção em diferentes matrizes sólidas;
  • Separação por Membrana, seguida de processos biológicos e oxidativos avançados.

Os tratamentos utilizando adsorventes apresentam eficiências de remoção que variam entre nenhuma remoção até mais de 98% de remoção (tendo diferentes tipos de adsorventes e contaminantes emergentes). Tratamentos com membranas também apresentam essa grande variação de eficiência.

Uma das vantagens da adsorção é seu baixo custo de implementação, alta eficiência e operação simples (SOPHIA e LIMA, 2018).

Alguns pesquisadores tentam utilizar outras técnicas para a remoção destes contaminantes. Uma dessas técnicas são os wetlands construídos.

Julie C. Anderson e colaboradores (2013) avaliaram o uso de wetlands para remoção de nutrientes (nitrogênio e fósforo), pesticidas, fármacos e genes de resistência aos antibióticos. O tratamento avaliado foi eficiente para a remoção dos nutrientes, parcialmente eficiente para os pesticidas e fármacos e ruim para os genes de resistências aos antibióticos.

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Por mais que tais contaminantes sejam pouco monitorados, podemos notar que já existem pesquisadores empenhados em descobrir a melhor forma de remove-los.

Fonte: 2 Engenheiros 

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