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Desenvolvimento de modelos de previsão da geração de resíduos sólidos urbanos no Médio Vale do Itajaí/SC

Resumo

O planejamento e a gestão dos resíduos sólidos urbanos (RSU) são desafios diários para os técnicos e gestores da administração pública, o que é agravado pela ausência de ferramentas de previsão da geração de RSU. O presente trabalho teve por objetivo construir modelos matemáticos para a estimativa da geração de RSU em alguns municípios do Médio Vale do Itajaí, em Santa Catarina. Utilizou-se o método dos mínimos quadrados para desenvolver regressões lineares simples e múltiplas, numa tentativa de correlacionar os dados de geração de RSU ora com dados de população total (Pop) ora com dados de produto interno bruto (PIB) e, em seguida, com ambos, assumindo uma série histórica (2004-2017). As informações sobre geração de RSU foram obtidas junto ao Consórcio Intermunicipal do Médio Vale do Itajaí (CIMVI) enquanto os dados sobre a evolução da população total e do PIB dos municípios estudados foram coletados na página eletrônica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As regressões foram realizadas com o código livre BioEstat e calculou-se o teste estatístico dos valores P para uma significância de 5%. Os resultados revelaram-se majoritariamente positivos para a correlação entre as séries de dados, sendo a correlação entre RSU e PIB superior a RSU e Pop. Os coeficientes de determinação variaram desde 0,29 para Apiúna (RSU x Pop) até 0,9590 para Timbó (RSU x PIB). As regressões lineares múltiplas mostraram-se também favoráveis, sendo inclusive superiores em relação as regressões simples, em alguns casos. Os coeficientes de determinação para regressões múltiplas foram todos superiores a 0,59. Os testes estatísticos implicam que os modelos são representativos e corroboram a correlação entre as séries de dados. Apesar das limitações inerentes ao estudo, os resultados sugerem que os modelos podem ser utilizados para a previsão da geração de RSU com significância estatística e, portanto, subsidiar a tomada de decisões.

Introdução

A geração de resíduos sólidos urbanos (RSU) tem atingido níveis crescentes nos últimos anos. Além da quantidade, a variedade de resíduos também se multiplicou. Esses fenômenos são percebidos em todo o mundo, inclusive no Brasil (Alfaia et al., 2017) e demandam nova estratégias de gestão e planejamento ambiental. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) instituída pela Lei Federal 12.305 de 2010 é referência atual em gestão de resíduos sólidos no Brasil, entretanto, seus objetivos foram apenas parcialmente atendidos. Ações voltadas a conscientização ambiental, logística reversa e reciclagem ainda são incipientes e a principal forma de destinação final dos resíduos sólidos ainda é a disposição em aterros sanitários e lixões.

O ciclo dos resíduos sólidos pode ser bastante complexo, porém, uma descrição simplificada inclui as etapas de geração, coleta, transporte, transbordo, reciclagem, tratamento e destinação final. Estas atividades invariavelmente requerem dados específicos como a caracterização e a capacidade de geração de RSU dentro do município. Quando ocorre alto teor de matéria orgânica os resíduos podem ser utilizados na produção de composto orgânico (CEMPRE, 2018), enquanto resíduos com maior conteúdo de produtos industrializados são gerados em regiões com elevado produto interno, necessitam de tratamento específico e, geralmente, mais dispendioso (Alfaia, Costa e Campos, 2017). A capacidade de geração de RSU é comumente estabelecida em termos de toneladas/ano ou através da taxa de geração per capita, usualmente representada na unidade de kg/habitante/dia.

Autores: Jonathan Tenório de Lima e Jonas Formentin.

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