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Avaliação de diferentes processos de repintura de carroceiras automotivas visando minimização de toxicidade e impacto ambiental

Resumo

Revestimentos automotivos além de proporcionarem acabamento estético à carroceria de automóveis, fornecem proteção contra à corrosão, devido à exposição às intempéries ambientais, aumentando o tempo de vida útil dos mesmos. Porém, a falta de controle operacional ou contaminações no processo de pintura, ocasionam defeitos na superfície da peça pintada, que precisam ser corrigidos, evitando que a mesma seja descartada, gerando grandes quantidades de resíduos ou que seja submetida a todas as etapas do processo novamente, consumindo mais matérias-primas e gerando mais resíduos. Visando minimizar estes impactos, quando a peça pintada apresenta defeitos, pode ser realizado um processo de repintura apenas na região em que estes aparecem. Para isso, a camada de tinta é previamente removida por meio de solvente orgânico ou lixamento e depois a peça é pintada (tintas base e cor) e envernizada. No entanto, o tipo de método aplicado para remoção da tinta influencia na qualidade da peça pintada. Desta forma, neste estudo, foram aplicados dois métodos diferentes de preparação da superfície, utilizando lixas de granulometrias P1000 e P800 e os mesmos foram comparados com o uso do solvente isopropanol, que usualmente é empregado na indústria. Para avaliação da adesão da tinta após a repintura, foram realizadas medições de espessura de camada e ensaio de adesão por corte cruzado. Todos os corpos de prova foram aprovados nos ensaios realizados, porém, os preparados com a lixa P800 apresentaram melhores resultados em relação à espessura de camada de tinta. O lixamento ocasionou excelente adesão e cobertura pela camada de tinta, além de minimizar a toxicidade causada pelo uso de solvente orgânico.

Introdução

A indústria automotiva, vem reduzindo e/ou compensando seus efeitos danosos sobre o ambiente, desde a implantação de tecnologias mais limpas na fabricação dos automóveis, ulilização de matérias-primas menos poluentes, até a reciclagem de autopeças e de veículos em fim de vida (MEDINA e GOMES, 2003; SALIHOGLU E SALIHOGLU, 2016).

O processo de fabricação automotiva resulta no consumo de diversas fontes naturais e na geração de diversos tipos de resíduos, sendo que uma das principais etapas geradoras de resíduos perigosos é o processo de pintura das carrocerias (SALIHOGLU E SALIHOGLU, 2016). O processo de pintura, além de conferir excelente acabamento visual ao carro, como cor e brilho, também é responsável por garantir resistência física e química, promovendo uma camada protetora na superfície da carroceria contra o desgaste e o intemperismo, proporcionando maior durabilidade e consequentemente menor  quantidade de peças pós-uso destinadas a aterros (RAZIN et al., 2016; PRADEEP et al., 2017).

Com o intuito de garantir as características técnicas e visuais do produto, os processos de pintura na indústria automotiva são compostos por diversas etapas (ZHANG, 2016). A proteção anticorrosiva se dá pelas seguintes etapas: pré-tratamento, que tem como objetivo garantir a limpeza da superfície da carroceria, melhorar a adesão da tinta ao substrato e aumentar a resistência à corrosão; E-coat, processo de pintura por eletrodeposição que cobre toda a superfície da carroceria com base na adsorção das cargas positivas neutralizadas pelas cargas negativas da peça, garantindo uma camada uniforme e aderente; e primer, sendo este uma camada opcional da pintura principal, proporcionando nivelamento na superfície, e podendo substituir o E-coat nas etapas de retrabalho (RANJBAR e MORADIAN, 2005; REIS, 2000). A aparência do carro (cor, brilho e aspecto) está baseada nas tintas que compõe a pintura final e o acabamento, a base empregará a cor, além de proteção, e o verniz dará brilho, dureza e resistência química à superfície do automóvel. Os processos para pintura são bastante variáveis, podendo ser manuais, automáticos com robôs e convencionais ou eletrostáticos (ZHANG, 2016).

Devido às diferentes situações em que um automóvel pode estar exposto, como diferentes ambientes, produtos utilizados para a limpeza, impactos durante o uso, a pintura aplicada deve ser resistente a todos esses ambientes (SCHULZ, 2013; VILLAS e MAINIER, 2005; MARIC et al.,2014). As indústrias automobilísticas evoluíram consideravelmente o processo de pintura, melhorando o acabamento, brilho, cor e resistência à corrosão, garantindo até dez anos de durabilidade da pintura (PIEROZAN, 2001; ANDREWS et al., 2006).

Apesar das indústrias investirem em processos mais eficientes, ainda assim mais de 80% dos carros que são entregues aos clientes possuem pelo menos um retrabalho feito em uma das camadas de tinta que compõe a pintura final, devido à presença de defeitos (PSCHEIDT, 2018).

Os defeitos superficiais são retrabalhados com polimentos, e os mais profundos com reparo pontual, o qual é realizado em pequenas áreas, nas quais os defeitos são removidos, e então aplica-se manualmente as multicamadas da pintura. Quando a quantidade de defeitos é muito alta, demandando tempo maior do que o especificado para a realização dos retrabalhos, estes são realizados por meio da repintura da peça inteira, ou em casos mais críticos, da carroceria como um todo (STREIBERG e DÖSSEL, 2008).

Nesta situação, deve ser realizada uma preparação na peça ou carroceria, antes de ser encaminhada para o processo de repintura, utilizando produtos que removam a sujeira da superfície ou que promovam uma pequena remoção da camada de verniz. Esta preparação da superfície é fundamental para garantir a adesão e durabilidade da pintura (ARPREX, 2018).

Atualmente, em uma indústria automotiva, a remoção das camadas de tinta e verniz é realizada pela limpeza com solvente isopropanol. Entretanto, não existe uma especificação de processo que garanta que este método seja suficiente para proporcionar os melhores resultados de repintura e ainda, este solvente libera vapores inflamáveis e causa efeitos tóxicos à saúde humana e ao meio ambiente (QUIMIDROL, 2019). Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar a adesão da tinta automotiva após o processo de repintura, comparando o método usual de preparação por solvente com outros dois diferentes métodos de lixamento, com lixas a base de água e com granulometrias baixas (P1000 e P800).

Autoras: Mélanie Pscheidt; Noeli Sellin e Ana Paula Kurek.

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