Resumo
No Brasil o principal destino dos resíduos sólidos urbanos são os aterros controlados e sanitários embora uma parte considerável ainda seja enviada a depósitos a céu aberto mais conhecido como lixões. Qualquer que seja destinação dada a esses resíduos (aterros ou lixões) um monitoramento constante dessas áreas é necessário devido à geração efluentes líquidos e gasosos que necessitam de tratamentos especiais, geralmente por prazos superiores ao triplo do utilizado como depósito dos resíduos. Nas principais cidades as áreas utilizadas para esse fim encontram-se saturadas e a necessidade de destinar novas áreas a essa finalidade mostra que esse tipo de solução apenas transfere o problema para o futuro sem soluciona-lo. A alternativa mais utilizada no mundo para esse problema é a utilização desses resíduos sólidos como combustível de usinas termoelétricas. O objetivo deste trabalho foi o de realizar um estudo da viabilidade da incineração de resíduos sólidos urbanos para a produção de energia elétrica na cidade de São Paulo. O estudo foi desenvolvido a partir de uma pesquisa bibliográfica. Os resultados obtidos indicaram que a alternativa estudada é viável e que a quantidade de resíduos sólidos urbanos coletados pela cidade de São Paulo permite a geração anual de até 4.591GW de energia elétrica e a obtenção de uma receita de R$ 155×106 /ano.
Introdução
A oferta de energia é um fator determinante no desenvolvimento de uma sociedade. No Brasil, as fontes de energia mais utilizadas são a hidroelétrica, os derivados de petróleo, o carvão mineral e a nuclear. Como os recursos fósseis não são renováveis, o potencial hidroelétrico é finito e mal distribuído e a utilização da energia nuclear é restrita, observa-se um crescente interesse na utilização de fontes alternativas para a geração de energia (EPE, 2014; Miranda et al., 2017).
Segundo Machado (2015) e Maranho (2008) a incineração de resíduos sólidos urbanos (RSU) é uma fonte alternativa de energia utilizada em vários países, mas pouco difundida no Brasil, justificando assim uma análise exploratória de suas características com o fim de orientar as políticas públicas a respeito.
No Brasil, os RSU são dispensados principalmente em aterros controlados e aterros sanitários, apesar de parte considerável ainda ser enviada para áreas conhecidas como lixões (EPE, 2014). Nas principais cidades brasileiras, esses locais estão quase saturados e, segundo a mesma publicação, a necessidade de construir novos aterros mostra que a adoção de soluções similares apenas transfere o problema para o futuro sem efetivamente revolve-lo, motivando assim, novos estudos sobre a aplicação de soluções que reduzam a quantidade de lixo a ser disposta, e ainda permitam benefícios adicionais como a obtenção de receitas pela comercialização de outros produtos gerados, como energia elétrica, energia térmica, biocombustíveis, aproveitamento de recicláveis, adubos naturais e cinzas utilizadas na construção civil (EPE, 2014; Oliveira et al., 2017).