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Tecnologias setor de água e saneamento

Inovações e novas tecnologias no setor de água e saneamento

Tecnologias setor de água e saneamento

Por Breno Zaban e Reinaldo Fioravanti

Seguindo nossa série sobre os benefícios das tecnologias no setor de infraestrutura (Infratech), neste artigo vamos falar do setor água e saneamento.

O ano de 1908 é um marco do uso do cloro como desinfetante no tratamento de água para abastecimento.

Por mais essencial que água potável seja ao longo da humanidade, o padrão básico moderno de tratamento existe há pouco mais de 100 anos. E há bastante espaço para aprimoramento.

Inovações e tecnologias digitais podem ajudar em tarefas básicas, como conseguir reduzir perdas de água. Para se ter uma ideia da relevância dessa tarefa, no Brasil, cerca de 40,3% da água potável é registrada como “não contabilizada ou perdida na distribuição”.

Então vazamentos são uma das causas de perda. Achar vazamentos debaixo da terra não é fácil. Uma tecnologia disponível desde os anos 1970 é monitorar os sons da água passando pelos canos. Uma startup israelense oferece uma nova abordagem, utilizando sensores em satélites para identificar água potável próxima a canos com vazamentos. Há outras tecnologias sendo desenvolvidas para o mesmo propósito.

Tecnologias setor de água e saneamento

Mas novas tecnologias também podem revolucionar o outro extremo do sistema: o reuso de água e a destinação dos resíduos de esgoto. Há grande potencial inexplorado. A União Europeia registrou uma taxa média de reuso de efluentes de apenas 2,4%. Em comparação, Chipre e Malta observam taxas de reuso de 90% e 60%, respectivamente.

Em 2022, a UFMG noticiou pesquisas envolvendo o aproveitamento, na revitalização de áreas degradadas e na produção agrícola, do lodo produzido como resíduo no tratamento de esgotos. Uma outra abordagem envolve o tratamento descentralizado, com reuso de água no próprio prédio. Uma startup de São Francisco afirma ser possível reciclar até 95% da água de forma local, o que pode permitir poupar tanto o uso de nova água como o custo de tratamento centralizado.

Ademais a gestão de resíduos sólidos, outra área crítica de saneamento básico, também oferece oportunidades para disrupção. Uma grande dificuldade de reciclagem de lixo é a separação de materiais. Alumínio, vidro, plástico e outros materiais recicláveis devem ser segregados antes de processamento. Essa tarefa pode envolver custos e dificuldades substanciais.

Gestão Resíduos Sólidos

Portanto robôs oferecem um potencial de solução. Entram em cena startups como a Gongye Technology, que desenvolve equipamento de triagem de lixo usando inteligência artificial. A companhia também inovou no financiamento do equipamento, oferecendo uma opção de leasing a 620 dólares por mês, que intitulou de Robotics as a Service.

Mas o setor de saneamento oferece oportunidades tecnológicas para além do tratamento de água, esgoto e lixo. A pandemia COVID-19, por exemplo, expandiu o interesse em técnicas de coleta de informações a partir de água de esgoto. Amostras coletadas na rede permitiram identificar ondas de transmissão. Em Boston, um hospital infantil decidiu adiar cirurgias com base em indícios de crescimento da variante Omicron no esgoto local.

Em suma outros tipos de informação podem ser obtidos. A partir do esgoto, é possível monitorar o consumo de várias substâncias, desde cocaína e álcool até frutas. A coleta de amostras também pode ser local, como na saída de esgoto de um prédio. Essa especificação possibilita maior amplitude de pesquisa, ao mesmo tempo que suscita possíveis preocupações com privacidade.

Em conclusão, nota-se que novas tecnologias oferecem grande potencial de redução de custos no setor de água e saneamento, mas também de abertura de novas fronteiras, gerando novos dados e serviços. Essas possibilidades podem ser a diferença para atingirmos a meta nacional de universalização do tratamento de água e esgoto até 2033.

Fonte: Exame.

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