saneamento basico

A utilização de drone na atualização do volume de uso social e seu efeito no controle de perdas e na contratualização

Resumo

Utilização de drone para realizar as filmagens aéreas como material de trabalho para contagem das habitações em áreas irregulares e atualização do volume de uso social (VUS). Foi desenvolvida uma metodologia de trabalho para realizar a contagem das habitações e estimar o volume. A solução com drone vence uma grande barreira que é a acessibilidade à estes locais que em grande parte são predominados pela criminalidade e, por terem sido ocupados de forma desorganizada, não possuem arruamento dificultando o acesso por terra.

A atualização do volume de uso social influenciou diretamente no índice de perdas IPDt no qual houveram quedas significantes. Porém, isto não significa que as perdas diminuíram, mas permitiu corrigir verdadeiramente os volumes e índices promovendo diagnósticos e planejamento de ações efetivas. Os resultados obtidos foram inúmeros pois foi possível mapear as áreas irregulares identificando-as e quantificando-as, cujo total chama atenção: são aproximadamente 212 mil habitações em 600 áreas na Baixada Santista. Além disso, este material foi utilizado na negociação da contratualização com os municípios auxiliando a Sabesp na compreensão, por exemplo, dos números de ligações inativas e principalmente as prefeituras que geralmente não possuem um número atualizado e mapeado.

Introdução

No Brasil, o índice de perdas segue as normativas americana da IWA cujo principal índice controlado é o IPDt –
índice de perdas na distribuição. As componentes deste índice são:

  • volume distribuído (VD)
  • volume consumido medido (VCM)
  • volume outros (VO)
  • ligações ativas (NLA)

Analisando estas componentes, percebeu-se um aumento significativo do VO, que por muitos anos foi ignorado por ser até então insignificante ou por falta de diretrizes para tratar do assunto.

Conforme os conceitos técnicos, o VD é medido através de macromedidores localizados na saída dos reservatórios ou entrada dos sistemas e o VCM é a soma do volume medido pelos hidrômetros, vulgarmente chamados de “relógio da água”. Já o VO é a soma do VOp – volume operacional e VUS – volume de uso social. E então VOp é o volume utilizado na operação do sistema como por exemplo, incêndio ou desobstrução de rede e finalmente o VUS é o volume usado nas áreas irregulares excetuando-se aquelas com ligações regulares chamadas ativas.

A partir deste ponto, começam-se os questionamentos: porque as áreas irregulares são abastecidas? Como existem
ligações ativas nestas áreas? Porque não se mede a água na entrada destas áreas? Porque o VUS é descontado no
cálculo do índice de perdas? Resumidamente, o VUS é um volume cujo controle vai além do alcance da Sabesp.
Um dos grandes problemas no Brasil é a ocupação desordenada,mais densa em áreas urbanas e pior ainda em regiões
litorâneas cujo clima quente favorece a construção de habitações de forma rápida, com material de baixa qualidade,
muitas vezes reaproveitado, ou seja, de baixo ou nenhum custo, e que oferecem a função de um abrigo.

A população que habita estas regiões é em sua grande maioria de baixa ou nenhuma renda. E por muitas vezes, talvez
por falta de cruzamento de informações, a companhia de saneamento – que já foi 100% estatal – foi pressionada pelo
poder público para abastecer estas áreas que hoje são identificadas como irregulares a fim de se evitar um problema
maior, o gasto com a saúde.

Quanto à impotência de medição da água que abastecem estas áreas, justificam-se pelo seu tamanho, ou seja, a existência de várias entradas, pela localização daquelas que estão inseridas na área formal ocupando áreas verdes ou terrenos grandes abandonados ou ainda pela criminalidade tornando-se um ambiente inseguro para os funcionários da Sabesp.

Pensando nisso, percebeu-se a importância em contabilizar o número real e também em como realizar a atualização do VUS. Onde a utilização do drone foi uma solução para vencer a barreira da acessibilidade com a garantia de uma imagem de boa qualidade. Enquanto os recursos utilizados anteriormente eram imagens aéreas do Google (fonte de satélites de 2011), base de dados do PRIMAHD-AGEM (Plano Regional de Identificação e Monitoramento de Áreas de Habitação Desconforme – Agência Metropolitana da Baixada Santista) de 2005 ou informações cedidas pela prefeitura.

Tendo conhecimento da prática já utilizada na Sabesp em filmagem aérea das obras de grande porte e também de um trabalho anterior sobre o crescimento exponencial na área da Fazendinha em São Vicente e considerando que os materiais disponíveis não eram suficientes para um trabalho eficiente somado à inviabilidade da verificação porta a porta, optou-se pela solução com o drone.

Autores: Nathali Leite Proença; Fernando Luiz Camacho Martins; Hélio Belchior Barbosa; Marcelo Tadeu Muniz Pereira e Mario Benetati Filho.

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