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Vale do Itajaí/SC concentra mais de 1,4 milhões de moradores sem acesso ao esgoto

Cidade com maior cobertura de esgotamento sanitário fica na região – mas dos 54 municípios do Vale, 42 tem índice zero

Do Litoral ao Alto Vale são 54 municípios que compõem a região do Vale do Itajaí. Economias, geografias e culturas bastante distintas marcam a região. Em comum, números positivos em relação à geração de emprego e renda, que costumam ser destaques nacionais.

No ranking do PIB (Produto Interno Bruto) de Santa Catarina, cinco cidades da região figuram no top 15 – Itajaí (2º), Blumenau (4º), Brusque (9º), Balneário Camboriú (11º) e Navegantes (14º).

Mas neste contexto de bons índices, há um paradoxo. Quando o assunto é saneamento básico, são encontrados indicadores que, no mínimo, servem de alerta aos governos e à população.

No SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento)  há dados que impressionam de forma negativa. Conforme os números, 37 municípios apresentam índice 0% para a instalação da rede coletora de esgoto.

Além deles, outros cinco estão em situação ainda mais delicada: não apresentaram dados ao sistema e estão inadimplentes para esgoto, e assim sem receber verbas para o setor. É o caso de Trombudo Central, Agronômica, Presidente Nereu, Vidal Ramos e Chapadão do Lageado.

Ao todo, são 42 municípios com índice zerado e 1,4 milhões de moradores da região sem acesso à rede coletora de esgoto – nesses casos, as residências contam com a fossa séptica.

São 12 municípios que iniciaram a implantação da rede coletora de esgoto, mas os índices, em maioria, são baixos. Pomerode registra 1,7% da população atendida e Gaspar 2,3%, segundo o SNIS.

Acima dos 50% de cobertura, apenas dois municípios: Balneário Camboriú, com 95% – a cidade com o maior índice do Estado e um dos maiores do país -, e Itapema, com 76,5%.

Abastecimento de água é desafio nas áreas rurais e elevadas

abastecimento de água potável nas torneiras dos moradores do Vale do Itajaí não é dos mais fáceis em algumas localidades. Quanto ao Índice de Atendimento Total de Água, 10 dos 54 municípios não alcançaram nem 50% de cobertura.

A pior taxa é em Chapadão do Lageado, onde o indicador registra 16,2% de cobertura. Ou seja, dos 3.025  moradores, 2.533 não recebem água na torneira.

A maior dificuldade em oferecer água encanada está nos municípios de maior parte da população rural na região, como é o caso de Chapadão do Lageado e outros 17 municípios do Vale.

Outra dificuldade operacional da região são municípios altos, como por exemplo Imbuia (795 metros acima do nível do mar) que ainda conta com apenas 43% dos moradores atendidos.

Saneamento não acompanhou crescimento da maioria dos grandes centros urbanos da região

A região do Vale do Itajaí concentra 54 municípios. Porém, mais da metade da população (51%) está concentrada em apenas cinco cidades: Blumenau (366.418 habitantes), Itajaí (226.617), Balneário Camboriú (149.227), Brusque (140.597) e Camboriú (87.179).

Apesar do avanço populacional destes centros, os exemplos nos principais pilares do saneamento básico não são bons – com a exceção de Balneário Camboriú que possui cobertura de esgotamento sanitário de 95% e abastecimento de água de 100%.

Em Blumenau, maior cidade da região, a cobertura de esgoto é de 46%. Nos outros três municípios, a situação é ainda mais delicada: enquanto Itajaí atende 28,1% da população, os municípios de Brusque e Camboriú, que fecham a lista, sequer iniciaram a implantação do sistema coletivo de esgoto, e têm índices zerados no SNIS.

Drenagem urbana: Vale tem 87% dos municípios em situação crítica

O Vale do Itajaí é conhecido pela força da natureza, que vez e outra assusta os moradores, principalmente com os grandes volumes de chuva em pouco tempo, alagando ruas.

E as condições dos municípios da região só aumentam o problema. Das 54 cidades da região, 47 apresentam situação “crítica” para a drenagem urbana, segundo os dados do SNIS.

Em Itajaí, 81% dos domicílios estão em situação de risco para alagamentos. São 173,6 mil residências nestas condições. A média catarinense para este índice é de 9,1% e do Brasil, 4%.

Alagamentos recorrentes geram preocupação sanitária

Os problemas de drenagem na região se agravam na área da saúde quando há alagamentos. “Muitas enfermidades estão relacionadas a esse déficit estrutural, tanto as doenças virais como as causadas pelo rotavírus e hepatite A, como aquelas bacterianas causadoras de vários tipos de diarréias e disenterias, muitas vezes fatais, principalmente em pessoas com imunidade comprometida”, diz o médico infectologista José Amaral Elias.

Elias lembra que quando a falta de destino correto do esgoto se une à drenagem pluvial insuficiente, o problema de saúde também é potencializado.

“Podemos citar o grande risco de leptospirose e o favorecimento de animais e insetos que causam a proliferação de mosquitos transmissores de doenças como a dengue, chikungunya e a zika em grande quantidade. Todas estas doenças têm potenciais de risco à saúde humana”, adverte o médico.

IMA/SC aumenta frequência de análise de balneabilidade em 8 cidades do Vale

Em meio a uma temporada de verão marcada pela falta de balneabilidade em muitos dos principais destinos turísticos de Santa Catarina, o IMA/SC (Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina), responsável pela coleta e análise da qualidade das águas, alterou a frequência de análises de uma para duas vezes por semana em 87 dos 237 pontos analisados no Estado.

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Os locais estão espalhados por 8 cidades do Vale do Itajaí: Balneário Camboriú, Bombinhas, Navegantes, Penha, Balneário Piçarras, Porto Belo, Itapema e Itajaí. Em Florianópolis também haverá o aumento de frequência de análise.

A alteração pode fazer com que as praias voltem a ficar próprias em menor tempo. Isso porque, a partir do momento em que uma praia está imprópria, são necessárias ao menos quatro análises dentro dos padrões para que ela volte a ficar própria.

Ou seja, o que antes levava um mês, pode levar duas semanas. Mas vale ressaltar que a alteração na frequência não promoveu mudanças na metodologia, que segue as normas da resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente).

Fonte: NDMais

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