(SÃO PAULO) – Políticas públicas de promoção de energia limpa e uma maior concorrência normalmente diminuiriam as perspectivas dos produtores existentes. Não é o caso do Chile, onde investidores estrangeiros estão impulsionando um boom da energia renovável em um momento de crescimento acelerado dos retornos das empresas locais de energia.
No ano que passou desde a posse da presidente Michelle Bachelet, empresas chilenas, entre elas a Enersis SA e a AES Gener SA, tiveram algumas das ações de melhor rendimento no setor de energia do continente americano acompanhadas pela Bloomberg. Nos doze meses anteriores, seus rendimentos foram os piores, porque anos de oposição a projetos com carvão e energia hidrelétrica e uma seca prolongada afetaram os lucros e incrementaram os preços.
A mudança de sorte ocorre em um momento em que os esforços do governo para compensar a insuficiência de investimentos atraem recém-chegados, como a Electricite de France SA, e empresas de energia renovável, da Acciona SA ate a SunEdison Inc., transformam o Chile no mercado de energia alternativa mais agitado da America Latina, com dezenas de usinas eólicas e solares em construção. Isto esta chegando agraves empresas locais, que estão aumentando sua eficiência e investindo em tecnologias mais novas, disse o ministro da Energia, Maximo Pacheco, em uma entrevista na terça-feira.
Quando as empresas vêem essa concorrência toda, a primeira reação é enxergar um problema no curto prazo, disse Pacheco do seu escritório em Santiago. Mas quando existem regras de jogo claras, quando existem políticas publicas que incentivam a concorrência e novos investidores, quem já esta aqui começa a melhorar. A concorrência e muito boa para o setor.
Altas
As contas de eletricidade dos chilenos aumentaram 30 por cento em cinco anos e poderiam aumentar mais 30 por cento sem o plano de Bachelet, que inclui a promoção da energia renovável, porque o país importa mais de 90 por cento do seu petróleo e gás, disse Pacheco. O Chile também precisa conter os custos da energia para capturar investimentos na mineração de cobre e ouro, que poderiam ultrapassar US$ 100 bilhões.
O Chile recebeu 17 ofertas para gerar energia com projetos novos, principalmente de empresas de energia renovável, por valores 17 por cento mais baratos em comparação com uma rodada de lances feita em dezembro de 2013, segundo o governo.
Em dezembro, a EDF, a GDF Suez, a Acciona e a Abengoa SA obtiveram contratos para abastecer o Chile nos próximos dez anos, aumentando a concorrência para a Endesa SA, a Colbun SA e a AES Gener, que juntas representam cerca de dois terços da geração de energia.
Deserto ensolarado
O Chile e o sétimo maior gerador de energia com fontes renováveis dos 35 países-membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico e o G7. O Ministério da Energia do país diz que a energia renovável, incluindo grandes usinas hidrelétricas, respondeu por 60 por cento da geração nos últimos anos.
O maior potencial do país poderia estar no Deserto de Atacama, que possui os maiores níveis de radiação solar do mundo, disse Pacheco.
As empresas chilenas no NYSE Bloomberg Americas Clean Energy Index retornaram em media 28 por cento nos últimos doze meses, o melhor desempenho depois do retorno de 60 por cento do Peru. No mesmo período, as empresas americanas ganharam 1,3 por cento. Nos 12 meses anteriores, as três empresas chilenas no índice tiveram o pior rendimento, com um prejuízo de 6,8 por cento. Quatro das sete empresas com o melhor desempenho no índice acionário de referência do Chile nos últimos doze anos foram empresas de energia.
Apesar dos novos projetos, as famílias chilenas só receberão uma redução nas suas contas de energia no começo da próxima década, disse Pacheco.
Não houve investimentos suficientes em desenvolvimento, geração nem em transmissão, disse Pacheco. A nossa primeira prioridade é deter a alta dos preços.
Fonte: InfoMoney