A conscientização da população é o maior desafio para a gestão de resíduos em São Paulo. Essa é a opinião da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana da cidade, Amlurb, expressa na apresentação do livro “São Paulo, cidade limpa –gestão de resíduos sólidos e limpeza urbana para 12 milhões de pessoas“, disponibilizado recentemente para download no seu site.
O livro traz um panorama da situação atual de resíduos da cidade, com dados comparativos, trata da logística reversa e da infraestrutura de aterros, da coleta seletiva, e relata iniciativas como a da central de compostagem que reaproveita orgânicos e o plano Descarte ON, para a reciclagem de e-lixo em São Paulo.
A escala da cidade já traz grande dificuldade. São produzidas diariamente de 20 mil toneladas de resíduos no município. São 16 mil coletores trabalhando para percorrer 1,5 milhão de quilômetros quadrados de área com 500 caminhões compactadores. O custo para coletar e destinar corretamente esse material é de R$ 2,4 bilhões anuais.
A falta de novas áreas para dar conta da disposição final dos resíduos –os aterros sanitários– impõe a reciclagem, que por sua vez exige o funcionamento adequado da coleta seletiva.
Daí a participação fundamental dos moradores na resolução dos problemas do lixo: os resíduos devem ser separados corretamente em casa e entregues aos caminhões das empresas concessionárias, Loga e EcoUrbes, a depender da região da cidade, ou em Pontos de Entrega Voluntária.
Sem consciência e engajamento, não rola coleta seletiva decente. Apesar de óbvio, não custa repetir. Sem educação, não tem mudança de comportamento. Mas a falta de educação ambiental onera a cidade de muitas outras formas. As pessoas jogam todos os dias montanhas de lixo nas ruas. Lixo chama lixo. Um dos números mais surpreendentes do relatório é que há 3.700 pontos viciados de descarte irregular espalhados pela cidade. A média de resíduos coletados por ponto foi de 17,23 toneladas/mês no ano passado.
Das 20 mil toneladas por dia de resíduos, cerca de 3 mil toneladas, 15% do total, são despejados nas vias públicas e lixeiras.
Mesmo com a ampliação dos distritos cobertos pela coleta seletiva e o aumento de descarte nos ecopontos –541 mil metros cúbicos em 2015 e 406 mil em 2012– as ruas continuam sendo uma lata de lixo para muita gente.
Fonte: Folha de São Paulo