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Siemens deve focar em geração e transmissão de energia

O diretor-presidente da Siemens AG, Joe Kaeser, deve anunciar sua nova estratégia para a gigante industrial alemã ainda hoje. As reformas, há muito aguardadas, estão recebendo ainda mais atenção devido à oferta que o conglomerado fez por partes da sua concorrente francesa Alstom.

Kaeser, um veterano com 34 anos de Siemens, assumiu a presidência executiva em agosto prometendo colocar a empresa, apelidada de “GE da Europa”, de novo nos trilhos. Seu antecessor, Peter Löscher, ficou repetidas vezes abaixo das metas de lucro e da lucratividade das rivais em diversas áreas.

Kaeser, que era o diretor financeiro da empresa quando Löscher estava no comando, tem falado pouco sobre seus planos. Muitos acreditam que ele vai cortar um nível de gestão e talvez calibrar melhor o foco da empresa entre suas várias divisões. Suas iniciativas recentes e seus raros comentários indicam que ele pretende se concentrar mais na geração e transmissão de energia, dizem observadores.

Ao anunciar um exame de cada divisão, em novembro, ele deu a entender o rumo que deseja para a Siemens, descrevendo-a como uma empresa ativa “ao longo de toda a cadeia de valor da eletrificação” dos processos industriais.

A Siemens, que vai divulgar os resultados do segundo trimestre amanhã, vem negociando há vários meses a compra da divisão de energia da fabricante britânica de turbinas Rolls-Royce Holdings PLC, segundo pessoas a par das conversas. Um acordo pode ser anunciado esta semana, juntamente com a nova estratégia, disse uma dessas pessoas. A Siemens poderia pagar 1 bilhão de euros (US$ 1,4 bilhão) pela divisão, estima Ingo-Martin Schachel, analista do banco Commerzbank.

E, na iniciativa que mais mostra o interesse da Kaeser na área de energia, ele decidiu, na semana passada, entrar na briga com a americana General Electric Co. para comprar os ativos de energia do grupo industrial francês Alstom. A oferta da Siemens inclui até 11 bilhões de euros em dinheiro e uma troca de ativos em que sua combalida divisão de trens seria transferida para a Alstom, que fabrica os trens franceses de alta velocidade (os chamados TGV).

Divisões muito focadas no varejo, ou as de baixa lucratividade, podem ser enxugadas, dizem investidores.

As divisões de diagnósticos médicos e de aparelhos auditivos seriam, segundo rumores, candidatas à venda“, disse Tim Albrecht, gestor do fundo DWS Deutschland, que administra 4,4 bilhões de euros e detém uma participação em torno de 0,4% na Siemens.

A proposta de passar a divisão de trens da Siemens para a Alstom vem se unir a planos já existentes de vender uma divisão relacionada, que fabrica equipamentos para aeroportos e empresas de distribuição. A divisão ficou no vermelho no ano passado e seus resultados têm decepcionado os investidores nos últimos anos.

Fechar um acordo com a Rolls ou a Alstom ajudaria Kaeser a preencher lacunas na divisão de energia da Siemens. A Alstom, por exemplo, é líder mundial em manutenção de equipamentos de geração de energia, com uma fatia perto de 25% do mercado mundial. Como hoje em dia se constrói poucas usinas novas, a Siemens e suas concorrentes estão se concentrando mais na manutenção.

Mas observadores ainda não estão convencidos das vantagens desse foco na energia. Adquirir divisões da Alstom pode levantar os lucros da Siemens, diz Andreas Willi, analista do JP Morgan. Mas o acordo também aumentaria a exposição da Siemens a companhias de energia atualmente em má situação, já que elevaria a fatia do setor de energia na receita total da Siemens dos atuais 31% para cerca de 43%, diz ele.

O setor de geração de energia, particularmente na Europa, vem passando por dificuldades nos últimos anos. Fontes renováveis subsidiadas criaram um excesso de capacidade que corroeu os preços da energia no atacado e espremeu o lucro das fornecedoras. Para reduzir os prejuízos, companhias de energia de toda a Europa optaram por cortar milhares de megawatts em energia gerada a gás.

Para a Siemens, especializada em construir grandes turbinas a gás, consideradas as mais eficientes do mundo, isso resultou em queda nas encomendas.

Por outro lado, comprar os ativos de energia da Rolls-Royce poderia ajudar a Siemens a se adaptar às novas condições de mercado. As turbinas a gás de pequeno porte da Rolls-Royce são concebidas para uso no novo sistema europeu de fornecimento de energia, que emprega geradores mais descentralizados.

Além de fechar acordos, espera-se que Kaeser modifique a estrutura da Siemens, hoje dividida em quatro setores: energia, infraestrutura e cidades, indústria e saúde.

Löscher, o ex-diretor-presidente, criou essa organização logo depois de assumir o cargo, em 2007, quando a empresa foi abalada por escândalos de corrupção. Ele esperava que o novo nível de gestão servisse para apertar seu controle pessoal sobre as operações do grupo e evitar novas violações de normas, segundo uma pessoa próxima ao conselho de supervisão da Siemens.

Mas esse nível de gestão extra também serviu para inchar os custos e a complexidade da Siemens, segundo analistas.

Pode-se dizer que essa organização aumentou a complexidade e os custos“, afirmou o banco Morgan Stanley numa nota de análise, citando duplicação de funções jurídicas, contábeis e de recursos humanos.

Albrecht, o gestor de fundos, diz esperar que Kaeser elimine a estrutura de quatro divisões.

Fonte: The Wall Street Journal Brasil
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