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Mudar o paradigma da economia circular é urgente

Dados do The Circularity Gap Report 2022 mostram cenário preocupante com índice de circularidade global em apenas, 8,6%. 

Dois bilhões de toneladas. Essa é a quantidade de resíduos que temos produzido no planeta por ano. Destinar adequadamente todo esse material tem sido um dos grandes desafios de gestão da atualidade. Entretanto, é fundamental olharmos para além dos resíduos. Na verdade, é estratégico olharmos para o que acontece ao longo de toda uma cadeia que precede o descarte.

Os resíduos não são gerados ao longo de toda a cadeia que envolve a extração de recursos, a produção de bens e o consumo propriamente dito. Ou seja, de forma geral, obtivemos resultados bastante limitados quando responsabilizamos somente os consumidores para descartar corretamente seus resíduos.

Um dos preceitos centrais da Economia Circular é a corresponsabilização. 

Todos os atores sociais que fazem parte dessa lógica de produção e consumo têm responsabilidade em reduzir perdas e desperdícios, além de implantar processos que garantam não somente a reciclagem, mas também a reutilização dos materiais que já estão em circulação. A logística reversa, portanto, é chave para o reuso de materiais finitos como os minérios, por exemplo.

Ou seja, reduzir as perdas e otimizar processos que garantam que diferentes materiais retornem às linhas de produção, faz com que a pressão sobre a extração dos recursos naturais seja menor e colabora diretamente com processos de regeneração dos ambientes, garantindo que eles possam desempenhar papeis essenciais à vida por meio de serviços ecossistêmicos.

Lançado recentemente, o The Circularity Gap Report 2022 apresenta um cenário ainda mais preocupante ao afirmar que a circularidade global é de, apenas, 8,6%. Ou seja, temos, nas últimas décadas, desperdiçado uma enorme quantidade de recursos na forma de resíduos por meio do rápido aumento da nossa pegada material e baixa circularidade nos processos.

Mudar o paradigma da Economia Linear é urgente. A sequência “pegar-fazer-usar-descartar” impacta toda a vida no planeta e ameaça os negócios. Um dos principais reflexos desse modelo é a mudança climática global. O aumento de 1,1ºC na temperatura média global, considerando-se a era pré-industrial, já tem causado grandes impactos às populações como o aumento de ondas de calor, elevação dos níveis dos oceanos, chuvas intensas e períodos prolongados de escassez hídrica. Esse último, em especial, afeta diariamente a vida de todos nós, bem como de todos os negócios, uma vez que todos os processos, de alguma forma, dependem de água para acontecer. Do ponto de vista do consumidor, em específico, existe muito que pode ser feito no dia a dia.

O que consumidor pode fazer

  • Praticar o consumo consciente, em especial, reduzindo a quantidade e repensando na qualidade daquilo que compramos. Para isso, informação é fundamental. Consumir de empresas responsáveis social e ambientalmente estimula novas formas de produzir e novos modelos de negócio mais responsáveis;
  • Separar e destinar corretamente seus resíduos, sem esquecer que o poder público e as empresas têm papel fundamental também nesse processo. De nada adiantar separar seus resíduos recicláveis, se não há coleta seletiva na porta de sua casa.
  • Reduzir a quantidade de embalagens ajuda a reduzir drasticamente o volume de resíduos gerados. Será que realmente precisamos levar um cacho de bananas para casa em duas embalagens plásticas?
  • Realize a compostagem em casa. Ela também ajuda a reduzir a quantidade de resíduos orgânicos produzidos no dia a dia, além de produzir adubo para uma horta doméstica, por exemplo. Cerca de 50% do peso dos resíduos produzidos é formado por resíduos orgânicos.
  • Vote em representantes que valorizam a criação de uma nova forma de economia. Esse é um dos principais caminhos para a criação de políticas públicas que ajudam a criar linhas de crédito e incentivos, fundamentais para a Economia Circular.

Para além desses pontos, seja coerente com seus princípios e aja. Às vezes nos sentimos sozinhos, marginalizados e isolados ao propor alternativas aos modelos vigentes, mas tenha certeza de que você não está sozinho, e que suas ações, além de fazer a diferença para todos, inspiram novos adeptos.

Por:
Edson Grandisoli
Coordenador pedagógico do Movimento Circular

Fonte: Consumidor Moderno

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