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Hora de investir na redução das perdas de água

Por: Giuliano Dragone
Este verão de 2014 tem sido o mais quente dos últimos anos no estado de São Paulo. O calor intenso, aliado às raras chuvas, provocou o racionamento e o rodízio em muitas áreas que nunca antes haviam sofrido com o desabastecimento.

Por mais que as condições climáticas tenham sido severas neste início de ano, é evidente que a falta d´água não é um problema pontual. O risco de voltarmos a ter um período de seca é iminente. Pior, o consumo aumenta e as precipitações pluviométricas ficam a cada ano abaixo do esperado; dessa forma, a situação tende a deixar de ser esporádica para se tornar uma realidade. Urge, portanto, tomar medidas que venham combater essa escassez.

Para solucionar de fato o problema, além de investir em Educação Ambiental (fomentar programas de uso racional da água) e despoluir os mananciais através do tratamento dos esgotos, é necessário planejar e implantar projetos que venham aumentar a oferta de água à população e, paralelamente, implementar programas e ações efetivas de redução de perdas no abastecimento.

As perdas são hoje o principal problema de gestão das empresas de saneamento. Do total da água produzida no país, 40% é perdido ao longo do processo. Em São Paulo, a média de perdas já está em torno de 24,7% (neste valor estão desconsiderados os volumes disponibilizados nas áreas de ocupações irregulares e não faturados), e a Sabesp trabalha desde 2009 com a perspectiva de chegar a um índice de 18% até 2020.

É possível, porém, dinamizar esse processo a partir de parcerias com a iniciativa privada, que já demonstrou, em concessões maduras, que pode diminuir o índice de perdas em ritmo acelerado. Em Limeira, por exemplo, a concessionária de água local, gerida pela iniciativa privada, reduziu o índice de 40% para 17% em quatro anos.

Partilhando recursos técnicos, humanos e econômicos com a iniciativa privada, é possível vislumbrar que as companhias estaduais de saneamento possam vir a ter, em um período relativamente curto, índices de perdas próximos aos de países que são referência no assunto, como o Japão e Alemanha, que ostentam taxas inferiores a 10% de desperdício no processo de produção e distribuição de água.

Todos buscam essa redução no mundo, à medida que a água torna-se mais escassa. O Japão foi um dos pioneiros: na década de 1950 o país passou a rever sua rede de distribuição.

Hoje, mais de 32 bilhões de m³ de água potável ainda são perdidos em vazamentos nos sistemas mundiais, enquanto cerca de 16 bilhões de m³ são entregues a usuários sem faturamento.

As concessionárias brasileiras de saneamento precisam investir R$ 18,5 bilhões até 2025 para que as perdas de água caiam em 50% e cheguem a um nível aceitável, comparável ao das nações mais desenvolvidas. Essa redução será possível em um cenário otimista, no qual as empresas se empenhem para melhorar a gestão e eficiência operacional. E, diante do alto volume de recursos que precisam ser injetados, a parceria com a iniciativa privada deve ser considerada, sem dúvida, como parte da solução.

Fonte: Assessoria de Imprensa

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