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SAINDO DO BÁSICO: A CÉU ABERTO, mas de celular na mão!

COLUNA: SAINDO DO BÁSICO

A CÉU ABERTO, mas de celular na mão!

A Coluna: Saindo do Básico terá o propósito de abordar aspectos menos técnicos do saneamento básico, mas com o intuito de chamar a atenção do público em geral que não está habituado a tratar dos assuntos ligados ao tema.

Em diversas conversas com pessoas que não são afetas à uma abordagem muito técnica acarreta na baixa adesão do público e consequentemente cria distorções na percepção sobre a sagrada importância do acesso água potável e a coleta e tratamento do esgoto

Em regra, o marketing das empresas de saneamento é voltado para o público que já entende do assunto ou diretamente ao consumidor, mas sem extrapolar e ressaltar de outras maneiras a questão afeta ao saneamento básico. É comum verificar depoimentos de moradores chorando com o acesso à água depois de anos de seca e por estar se beneficiando daquela expansão da rede de água ou esgotamento sanitário, bem como informações sobre criação de empregos na comunidade ou ações de reflorestamento, entre outras.

Todas essas ações são fundamentais e importantíssimas, mas não acredito que democratiza nem populariza a temática, de modo a se tornar algo tão corriqueiro como se fosse para acontecer em uma conversa de bar.

É fácil verificar que muitas pessoas conversam sobre tecnologia, smartphones, memes, política, mas sobre saneamento básico é muito mais difícil. Assim, tentaremos chamar a atenção para o assunto de uma maneira mais descontraída.

Na caricatura acima feita na porta do banheiro do antigo bar Café do Gol, que pertencia ao ex-jogador Romário na época da Copa de 1998, Zico entregava um rolo de papel higiênico a Zagalo, ex-técnico da seleção brasileira, que estava sentado em um vaso sanitário.

Obviamente, Romário foi condenado à época por danos morais, já que o intuito da ilustração não foi chamar a atenção para a necessidade do saneamento básico, mas sim de ofender a honra e a integridade dos responsáveis pelo seu corte na Copa do Mundo de 1998.

Contudo, em um olhar mais atento da imagem, podemos tratar de um assunto muito importante mas que o grande público não tem o devido conhecimento, que se trata do triste fato denominado de “Open Defecation”, no qual inúmeros habitantes no Brasil e no Mundo sofrem.

Segundo informações retiradas do link: https://tratabrasil.org.br/pt/saneamento/world-toilet-summit-2019 do Instituto Trata Brasil, podemos obter os seguintes dados:

 
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e Unicef, em pleno século 21, mais de 1 bilhão de pessoas não tem acesso sequer a um banheiro. Bilhões vivem em condição precária de serviços de saneamento básico. No Brasil são aproximadamente 4 milhões de pessoas sem acesso a banheiros.
Assim como o Zagallo na referida caricatura, existem mais de 4 milhões de brasileiros que realizam suas necessidades da mesma forma, ou seja, em um banheiro no meio do mato, sem o conforto de ter um papel higiênico ou de sequer ter um vaso para sentar me assusta bastante.

Mas tem um outro dado que me assusta ainda mais do que o acima!

Segundo matéria da CNN no link: https://www.cnnbrasil.com.br/business/brasil-tem-mais-smartphones-que-habitantes-aponta-fgv/#:~:text=S%C3%A3o%20242%20milh%C3%B5es%20de%20celulares,a%201%2C6%20por%20pessoa, podemos perceber o seguinte fato:

O Brasil tem atualmente mais de um smartphone por habitante, segundo levantamento anual divulgado pela FGV. São 242 milhões de celulares inteligentes em uso no país, que tem pouco mais de 214 milhões de habitantes, de acordo com o IBGE.
A pesquisa mostra que, ao adicionar notebooks e tablets, são ao todo 352 milhões de dispositivos portáteis no Brasil, o equivalente a 1,6 por pessoa.
Isso significa que têm pessoas defecando a céu aberto com seu Smartphone na mão?

Não creio, mas se ambas as estatísticas estiverem corretas, temos um problema muito grande!

Em que Brasil vivemos onde temos mais acesso a celulares do que a banheiros?

O novo marco legal do saneamento visa a aumentar a acessibilidade aos serviços públicos de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, tentando atingir a universalização até 31 de dezembro de 2033, mas só isso não vai ser suficiente para entendermos a real importância do saneamento, devendo a sociedade como um todo entrar na questão.

Com esse intuito, de tentar romper a fronteira do diálogo do setor de saneamento apenas com termos técnicos, metas e tecnologia, esse espaço será usado para uma reflexão profunda sobre a importância do tema, de modo a despertar a curiosidade sobre o mesmo.

SOBRE O COLUNISTA

RODRIGO SANTOS HOSKEN

– Sócio Fundador do Hosken Geraldino Advogados (HGA).
– Conselheiro Consultivo da ABES-Rio;
– Coordenador Jurídico da Câmara Temática de Governança Corporativa e Jurídica da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES);
– Vice Presidente do Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Rio de Janeiro (CERHI-RJ);
– Representante da ABES-RJ na Diretoria Colegiada do Comitê Guandu;
– Vice- Presidente da Comissão de Saneamento Básico, Recursos Hídricos e Gás Encanado da Subseção de Nova Iguaçu/RJ.

 

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