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BNDES terá atuação limitada em debêntures de infraestrutura

O mercado não deve contar com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para liderar a compra de debêntures de infraestrutura que devem ser lançadas dentro do pacote de logística recentemente anunciado pelo governo federal. “O BNDESPar (braço de participações do banco de fomento) não vai garantir a compra da maior parte das debêntures de infraestrutura”, disse nesta quarta-feira o chefe da área de transporte e logística do BNDES, Cleverson Aroeira.

Segundo Aroeira, a tendência é que a instituição participe com, no máximo, 20% a 30%. Recentemente, o BNDES anunciou uma nova política de concessão de recursos, que limita o acesso a linhas subsidiadas ao compromisso de que o tomador emita debêntures, que são títulos lastreados em dívida das empresas.

Aroeira afirmou que a exigência de as empresas emitirem debêntures de infraestrutura para terem acesso a taxas melhores no banco de fomento é desafiadora, mas deve fornecer um estímulo importante aos mercados de capitais. A declaração foi dada durante o “Fórum de Infraestrutura – Os desafios para o futuro do Brasil”, promovido nesta quarta pela Câmara Espanhola de Comércio.

Aroeira afirmou que a expectativa é de um volume de debêntures quase três vezes superior ao registrado no Programa de Investimentos em Logística (PIL) lançado pelo governo em 2012, quando as condições eram diferentes. “É desafiador, o mercado de capitais em infraestrutura ainda tem muito a se desenvolver. Mas achamos que usar o crédito direcionado (do BNDES) como forma de incentivar o mercado pode ser um estímulo relevante”, comentou. Representantes de bancos e seguradoras presentes no mesmo painel disseram que, a priori, há demanda no mercado por essas debêntures, especialmente de pessoas físicas e, possivelmente, investidores institucionais.

O diretor do BNDES comentou que, além de ter acesso a uma parte maior do crédito no BNDES cobrado com base na TJLP, a emissão de debêntures dará outros benefícios para as empresas, como o compartilhamento de garantias e a cláusula de cross-default, que faz com que o debenturista tenha o mesmo grau de senioridade do BNDES. Há ainda a mudança no sistema de amortização de SAC para Price. “(O plano) goza de prerrogativas que melhoram a percepção de risco do investidor”, disse.

Segundo Aroeira, para os investimentos de infraestrutura, o prazo do crédito é mais importante do que a taxa. O representante do BNDES lembrou que a ausência de funding de longo prazo para esse tipo de projeto faz com que historicamente a participação do banco de fomento no financiamento seja alta, perto de 70%, em média.

(Com Estadão Conteúdo)

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