Um dos cartões postais da cidade, o Rio Poti, é alvo de despejos de esgoto e lixo irregular todos os dias. Ao percorrer suas margens, abaixo da Ponte Juscelino Kubistchek, não é difícil identificar a fonte do problema: são as “bocas de lobo”, um problema antigo na Capital e que contribuem para a contaminação das águas.

O pescador João Pedro Silva confessa que a poluição não o impede de adentrar no rio, mas ele teme contrair alguma doença por conta da situação preocupante, principalmente porque as bocas de lobos ficam próximas do local onde ele pesca.

João Pedro acrescenta que a pesca é prejudicada, já que os peixes ingerem lixo e metais.

Ele também conta que é comum ver sacos de lixo vindos da ponte, situação em que a própria população contribui para a contaminação. “O esgoto é o principal causador da poluição, mas o pessoal também suja muito.

Isso atrapalha o rio, atrapalha a gente que vive dele, já pensou se um dia ele se acaba? Precisa ser melhorado, fazendo uma limpeza e não jogando esgoto no rio”, indica.

O problema também prejudica os trabalhadores que estão instalados na Avenida Raul Lopes, entre eles os floristas e os funcionários dos quiosques que precisam conviver com o mau cheiro frequente.

João Victor Silva, garçom de um dos quiosques na beira rio, aponta um esgoto em frente ao estabelecimento, que vem dos condomínios e deságua no rio.

Além disso, ele relata que a situação piora a partir das 21h, quando o mau cheiro aumenta. Para o garçom, o problema afasta a comunidade de um local que deveria ser um ponto de lazer e cultura para a Capital.

“A cidade tá um cheiro insuportável. Acho que deveria ter mais preservação e cuidado, do poder público e nosso também, porque o Rio é um patrimônio nosso, isso está errado demais. As pessoas evitam frequentar ou precisam se acostumar com esse descaso que é o esgoto sendo jogado aqui”, critica João Victor.

Ligações clandestinas seriam a causa do problema naquela região 

Procurada pela reportagem, a empresa Águas de Teresina explica que as “bocas de lobo” fazem parte do sistema de drenagem urbana, sendo sua função receber as águas pluviais que correm pelas sarjetas e direcioná-las à rede coletora adequada.

Segundo a empresa, esses dispositivos não são de sua responsabilidade, uma vez que ela é responsável apenas pelo abastecimento de água, coleta e tratamento dos esgotos.

O sistema de esgotamento sanitário é construído e dimensionado somente para receber os esgotos sanitários. Já o sistema de drenagem urbana é elaborado de forma a receber somente água de chuva, não devendo estes serem misturados.

“O sistema de coleta e tratamento de esgoto está disponível para apenas 19,12% da população de Teresina, sendo uma das principais metas da Águas de Teresina ampliar essa cobertura”, informa por meio de nota.

A empresa destaca ainda que, com as ligações clandestinas de esgoto, os dejetos são lançados em galerias de águas pluviais sem tratamento, o que contamina o meio ambiente, polui os rios e acarreta em diversos prejuízos à saúde da população.

“Todo o nosso planejamento está alinhado ao Plano Municipal de Saneamento de forma a garantir o cumprimento das metas e fazer com que os investimentos reflitam na qualidade de vida e saúde da população. O maior investimento será na ampliação da rede de esgotamento sanitário, com aplicação de 80% dos recursos previstos em contrato. Em 30 anos, são R$ 1,7 bilhão, sendo R$ 650 milhões nesses primeiros cinco anos”, fala José Ailton, diretor executivo da Águas de Teresina.

Fonte: Portal do Dia.