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Grupo de infraestrutura Inepar entra com pedido de recuperação judicial

SÃO PAULO e RIO — A Inepar Indústria e Construções e outras empresas do grupo entraram com pedido de recuperação judicial na Comarca de Araraquara, interior paulista, na última sexta-feira, informou a companhia em comunicado durante o fim de semana. Segundo fontes, o grupo tem dívida de cerca de R$ 2 bilhões, dos quais aproximadamente R$ 850 milhões com o BNDES, o que faz do banco de fomento seu principal credor.

Ainda de acordo com essas fontes, o valor devido ao banco — que inclui juros e mora — trata-se de um crédito antigo e já foi provisionado. Por isso, não terá impacto no balanço financeiro do BNDES. A instituição também tem em torno de 4,5% do capital votante da Inepar Indústria e Construções. Procurados, nem BNDES nem Inepar se manifestaram.

O faturamento anual do grupo é de R$ 1,2 bilhão e a geração de caixa é de apenas R$ 100 milhões por ano, o que impossibilita o pagamento dos débitos. A empresa, fabricante de máquinas e equipamentos, nasceu na década de 1950, quando atuava sobretudo no segmento de distribuição de energia. Mas ficou conhecida depois de marcar presença nos leilões das privatizações dos anos 1990, tanto nos segmentos de energia como no de telecomunicações.

EISA: IMPASSE NA NEGOCIAÇÃO COM CLIENTE

Com o apagão de 2001, o grupo começou a enfrentar dificuldades e passou por sua primeira reestruturação em meados dos anos 2000, quando foi criado um braço para atuar no segmento de óleo e gás — a Iesa Óleo e Gás. Hoje, 60% a 65% do faturamento do grupo dependem da Petrobras e outros 20% a 25% dependem da Eletrobras. Com a nova crise do setor elétrico e o programa de redução de custos da Petrobras, bem como o endurecimento das negociações da petroleira com seus fornecedores, o grupo Inepar não resistiu e acabou recorrendo à proteção judicial.

O banco Brasil Plural, que está à frente da reestruturação da companhia, designou um de seus sócios da área de reestruturação, Warley Pimentel, para assumir a presidência da Inepar “por tempo indeterminado”. Ele assumirá o cargo antes ocupado por Atilano de Oms Sobrinho. Um dos focos do trabalho será a regularização fiscal — de acordo com fontes próximas ao processo, pelo menos R$ 500 milhões do total das dívidas são em tributos. A reestruturação deve passar ainda por “venda de ativos e busca de sócios estratégicos”.

No Rio, o estaleiro Eisa, que também passa por dificuldades, pagou a folha de agosto ontem mas não chegou a um consenso com seus clientes quanto ao perdão da multa por atraso na entrega dos navios. Uma empresa de Hong Kong, a Shire, tem se recusado a conversar, segundo Omar Peres, à frente da reestruturação do Eisa.

A multa devida à Shire representa 30% dos R$ 300 milhões devidos aos demais clientes. Se não chegar a um acordo com a companhia, o grupo Synerngy, que controla o Eisa, não terá liberada a segunda parcela (US$ 80 milhões) do empréstimo para colocar o estaleiro de pé de novo e ainda terá de devolver o montante da primeira parcela (US$ 40 milhões).


FONTE: http://oglobo.globo.com/economia/infraestrutura/grupo-de-infraestrutura-inepar-deve-850-milhoes-ao-bndes-13798794#ixzz3CdrOJ5Rc

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