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Polícia Federal inicia devassa em concessões públicas após delação de Paulo Roberto Costa

A Polícia Federal desencadeou uma devassa em contratos de concessões públicas em áreas estratégicas como saneamento, energia, aeroportos e rodovias. As investigações foram abertas a partir dos documentos apreendidos com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e dos depoimentos prestados por ele no acordo de delação premiada, na Operação Lava Jato. O material indica a existência de tentáculos do grupo operado pelo doleiro Alberto Youssef em outras áreas estratégicas do governo.

O grupo é acusado de manter um esquema de loteamento político, corrupção, superfaturamento, desvios de recursos e lavagem de dinheiro na Petrobras, que abastecia o caixa 2 de partidos como PT, PMDB e PP. Além de políticos, agentes públicos e doleiros, o esquema envolvia grandes empresas que atuariam em “cartel” para dividir obras feitas com dinheiro público.

“Essas empresas tinham interesses em outros ministérios capitaneados por partidos. As empresas são as mesmas que participaram de várias outras obras no Brasil, como ferrovias, rodovias, aeroportos, portos, usinas hidrelétricas, saneamento básico, Minha Casa Minha Vida”, afirmou Costa em seu primeiro depoimento formal à Justiça Federal após a delação premiada.

“Se ela (empresa) deixasse de contribuir com determinado partido, isso ia refletir em outras obras no governo”, explicou Costa. Ele disse não se lembrar “de nenhuma empresa que deixou de pagar” a propina.

Costa revelou ao juiz Sérgio Moro, quarta-feira, que as diretorias da Petrobras eram loteadas entre os três partidos, que cobravam 3% das empreiteiras sobre o valor do contrato. O esquema serviu para bancar campanhas em 2010. “Eles usam muito a oração de São Francisco ‘é dando que se recebe’”, contou Costa.

São ao todo 140 novos inquéritos abertos a partir do processo principal da Lava Jato. Pelo menos 40 têm como alvos as empresas que operaram com Costa e Youssef. A nova frente de investigações inclui pelo menos três grandes concessões assinadas nos governos Lula e Dilma.

Um deles envolve uma empresa ainda não citada nos autos da Lava Jato, o grupo espanhol OHL (atual Arteris), e o primeiro pacote de concessões de rodovias federais, feito em 2007, por Lula. O grupo venceu cinco dos sete trechos leiloados, em grandes rodovias como Fernão Dias (BR-381), pelo valor de R$ 4,3 bilhões, e três trechos da Regis Bittencourt (BR-116), totalizando R$ 9,6 bilhões.

Numa lista de documentos apreendidos na casa de Costa há referências a contratos intermediados por ele com a OHL. Num deles, o ex-diretor da Petrobras registra uma reunião no dia 16 de janeiro de 2013, sob o nome OHL e as referências: “concessões de rodovias”, “(15%)” e “consórcio c/ empresas brasileiras”.

S.A.

Em maio, o procurador Daltan Martinazzo Dellagnol registrou em parecer da Lava Jato os “indícios de prática de peculato no âmbito de sociedade anônima de capital aberto (S.As.)” e solicitou o auxílio da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). “O conhecimento da CVM em delitos de cunho societário poderá contribuir com as investigações”.

Um dos alvos dessas S.As. formadas para participar dos grandes leilões federais é a concessionária Aeroportos Brasil Viracopos S.A. Uma empresa investigada na Lava Jato como sócia de Youssef, a UTC Participações, integra o consórcio que venceu em 2012 o leilão do aeroporto de Campinas, pelo valor de R$ 3,8 bilhões. Outro alvo é Fundo Constantinopla, vencedor de outro grande leilão da União, realizado este ano no governo Dilma: a concessão da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos, em São Paulo.

Inicialmente, eram as empresas do ex-ministro do governo Collor (1990-1992) Pedro Paulo Leoni Ramos, o “PP”, do grupo GPI, e Mauro Boscchiero – alvos da Lava Jato -, que formavam sociedade com Furnas no negócio. Mas o grupo foi substituído pela Triunfo, que é sua sócia da UTC em Viracopos.

Há ainda uma série de concessões na área de saneamento que motivaram pedido de desmembramento das investigações, por parte da PF, envolvendo as empresas Companhia Nacional de Saneamento (Conasa), Sanetrat Saneamento e Sanesalto Saneamento S.A. Elas são controladas por PP e Boschiero e estão ligadas a Youssef.

Em 18 de abril de 2013, por exemplo, a Sanetrat transferiu R$ 1,5 milhão para uma empresa de fachada, a Lucio Costa Incorp. e Serv. Ltda, registra a PF. A Conasa tem a concessão de água e esgoto em Salto, Itu e Indaiatuba (SP), além de Santo Antonio de Pádua (RJ), Itapema e Porto Belo (SC). A Sanesalto tem a coleta e o tratamento de lixo em Salto.

A concessionária Aeroportos Brasil Viracopos S.A. informou que não há irregularidades no leilão nem na formação do consórcio. A Arteris foi procurada, mas ninguém foi localizado para comentar o caso. O grupo GPI negou irregularidades.
Alvos

Ao todo foram abertos 140 novos inquéritos que têm como alvos as empresas citadas por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras e o doleiro Alberto Youssef durante delação de esquema.

Fonte: http://www.afnoticias.com.br/noticia-6840-policia-federal-inicia-devassa-em-concessoes-publicas-apos-delacao-de-paulo-roberto-costa.html

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