saneamento basico

Sabesp eleva transferência de água para o Alto Tietê a 50% do previsto

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) informou nesta terça-feira (6) que o Sistema Alto Tietê está recebendo metade da capacidade esperada de água após interligação com o Sistema Rio Grande. A represa Billings, na Zona Sul da capital, está enviando 2 mil litros por segundo à represa de Taiaçupeba, vazão que deve  dobrar para 4 mil litros por segundo até o fim da semana, segundo a companhia.

A obra, prevista para ser entregue em maio, foiinaugurada com atraso no dia 30 de setembro. Uma das principais medidas contra a crise em 2015, a interligação foi realizada para reforçar o Sistema Alto Tietê, cujos reservatórios também estão com volume baixo. Cada mil litros por segundo, ou metro cúbico por segundo, abastece 300 mil pessoas.

O bombeamento poderá favorecer ainda o Sistema Cantareira, já que a água vai ser levada a partes das zonas norte e leste originalmente atendidas por esse sistema.

Segundo a Sabesp “o início da operação assistida exige cuidados para prefeita sincronia entre os vários equipamentos instalados”. A vazão vai crescer gradualmente e ainda podem ocorrer quedas no sistema e pequenos vazamentos, diz a companhia.

A interligação, feita por meio de dutos, vai aumentar a entrada de água em cerca de 26% no Sistema Alto Tietê. Nesta terça-feira, as represas do manancial operam apenas 15,5% – há dois anos, antes da crise hídrica, esse índice era de 53,9%.

O Alto Tietê é responsável pelo abastecimento de 5 milhões de pessoas na Grande São Paulo, a maioria parte na Zona Leste e municípios da região metropolitana.

Rodízio
O governador disse durante o evento que o rodízio de água na região metropolitana de São Paulo está praticamente descartado. “Praticamente o rodízio está descartado. Nós queremos e vamos continuar com as campanhas para não ter desperdício. Eu diria que está descartado. Até porque agora também começa o período chuvoso e nós ainda temos uma reserva grande. Eu acho que não há hipótese (de não chover) nos meses com ‘r'”, afirmou.

Atraso
A obra havia sido anunciada inicialmente para maio deste ano. Em abril, a Sabesp já havia destacado o tamanho da obra para justificar a impossibilidade de entregar a interligação em maio: “tratam-se de ajustes normais dado o tamanho e a complexidade de uma obra desse porte”, informou a companhia à época. Alckmin justificou durante a inauguração:

“Claro que nós gostaríamos que ficasse pronta antes. Mas uma obra desse tamanho, você sempre depende de licenciamento ambiental, de uma série de coisas que às vezes nem é o próprio governo que controla. Nós tivemos no Guaió, por exemplo, uma ajuda importante da Petrobras, para passar os dutos. Mas eu diria que é um prazo recorde, você fazer uma obra,  em questão de meses, desse tamanho, dessa dimensão”, afirmou.

Outro entrave para a inauguração da obra era a falta de uma licença ambiental de operação. O documento, porém, foi emitido nesta quarta-feira pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).

Alckmin e secretário Benedito Braga inauguram obra de interligação (Foto: Roney Domingos/G1)
Alckmin e secretário Benedito Braga inauguram obra de interligação (Foto: Roney Domingos/G1)

Inauguração nesta manhã
A assessoria do governo de São Paulo anunciou nesta manhã que a inauguração havia sido adiada porque os “últimos testes e ajustes necessários para o pleno funcionamento da obra de interligação estão sendo finalizados”.

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) afirmou que foi detectado um vazamento em uma junta submersa. “Mergulhadores estão no local trabalhando para solucionar a questão. Estas ocorrências fazem parte da fase de operação assistida da obra”, disse a Sabesp.

O secretário de recursos hídricos, Benedito Braga, disse que o problema ocorrido pela manhã e que adiou a inauguração está superado. “A questão do vazamento está superada. Isso acontece sempre quando você carrega a linha que está vazia porque você aperta o parafuso e às vezes pode dar um probleminha com aquele mecanismo de vedação. Corrigido o problema, agora a água vai correr sem problema nenhum”, disse.  “Claro que uma obra desta dimensão às vezes tem problema de vazamento na junta”, afirmou Alckmin.

Questionado se há perigo de novos vazamentos, Alckmin disse que não é engenheiro. “A Sabesp tem um corpo técnico extremamente competente. Todo o trabalho foi feito para o mais rapidamente possível a gente poder colocar água no rio Taiaçupeba-Mirim. Com toda a segurança. A equipe aqui é super craque.  Eu não sou engenheiro.  O doutor Benedito Braga e o doutor Paulo Massato respondem as questões técnicas.”

Reforço
O bombeamento da água para o Sistema Alto Tietê poderá favorecer ainda o Sistema Cantareira, já que a água vai ser levada a partes das zonas norte e leste originalmente atendidas por esse sistema. O Cantareira também vive situação crítica e opera na segunda cota do volume morto, com 16,2% da capacidade.

Já o Sistema Rio Grande, que vai fornecer a água através de um braço da represa Billings considerado mais limpo, vive uma realidade mais confortável e opera com 85,6% da capacidade.

O investimento previsto inicialmente para a interligação dos sistemas Rio Grande e Alto Tietê foi de cerca de R$ 130 milhões. As obras incluíram a instalação de quatro bombas com capacidade para empurrar a água 80 metros acima, superando o morro que divide a região do ABC de Suzano. A água atravessa 11 km de tubulação para ser levada de um sistema ao outro.

A obra é uma das medidas traçadas pelo governo para tentar conter a crise hídrica no estado. Outras intervenções previstas são a interligação do sistema Cantareira com a bacia do Rio Paraíba do Sul e criação do sistema produtor do Rio São Lourenço, que vai captar água em Ibiúna. As duas obras estão previstas para 2017.

“Estamos aqui entregando uma obra estruturante, uma obra extremamente importante, que é a ligação do Rio Grande com a represa de Taiaçupeba”, disse Alckmin.  “Com isso nós teremos mais 4 metros cúbicos por segundo, o que equivale a perto de 1,2 milhão de pessoas abastecidas com água nova, aqui do Rio Grande, reforçando lá o Alto Tietê”, complementou.

Alckmin fez um balanço das obras de transferência entre represas.

“Temos 1 m³/s do Guaió para Taiaçupeba-Alto Tietê, 1 m³/s do Guarapiranga para ETA Boa Vista e 4 m³/s do Rio Grande para Taiaçupeba. Então, são 6 m³/s a mais e isso faz toda a diferença. E praticamente em tempo recorde. Normalmente, as obras, só para você entre licitar e começar,  às vezes, demora mais de meio ano. Em um tempo menor do que esse as obras foram executadas”, afirmou.

O governador destacou a importância da integração entre os sete sistemas de abastecimento de água em São Paulo: Guarapiranga, Cantareira, Alto Tietê , Rio Grande, Rio Claro, Alto e Baixo Cotia.

“Alguns estão lotados de água. O Guarapiranga está com 76%. E a Billings, que passa 4 metros por segundo pelo braço Taquacetuba, está mais cheia ainda. É desigual. Um sistema está mais baixo e outro está mais alto. Essa integração dos sete sistemas que passou a ser feita é uma grande segurança”, afirmou.

O governador disse que a outra estratégia é a integração de bacias. “Quando chove, chove demais. Quando faz seca, faz seca de demais. E até simultaneamente. Qual o caminho para diminuir a vulnerabilidade? É integrar as bacias. Integrando bacias, aumenta a capacidade de reservação”, disse.

Questionamento
Durante a inauguração desta quarta-feira, o vereador Cleson Alves de Sousa (PT) quis saber do governador Alckmin qual será a contrapartida para Rio Grande da Serra após a obra para retirada da água.

Segundo ele, a obra tirou a fonte de lazer da população local, mudou o curso do rio e provocou a morte de animais. “O que Rio Grande da Serra vai ganhar com isso?”, questionou. “Nós vamos te responder depois”, afirmou o governador. Sousa insistiu outras vezes durante a visita e discutiu com seguranças do governador.

Prêmio
A Câmara dos Deputados anunciou na semana passada que o governador Geraldo Alckmin vai receber o Prêmio Lúcio Costa de Mobilidade, Saneamento e Habitação 2015. A indicação foi feita pelo deputado federal João Paulo Papa (PSDB-SP). Segundo o político, “a indicação do governador ocorreu pelo fato de ele governar o estado brasileiro que mais se aproxima da universalização do saneamento”.

Alckmin disse que vai a Brasília receber o prêmio e que ele é “modestia à parte, merecido”.  “O prêmio não é para mim, mas para toda população de São Paulo, e ao esforço feito pela Secretaria de Recursos Hídricos e pela Sabesp”, disse. Alckmin comentou nesta quarta-feira a petição pública que pede que o prêmio não seja entregue a ele. “Já estou acostumado. A vida pública é uma luta política 24 horas. Por mais que você faça, quem é do contra vai sempre falar mal. Isso faz parte.”

O governador afirma que várias medidas foram adotadas para contornar a crise. Além das obras, ele cita a adoção de um bônus na conta de água para quem economiza, a multa para quem aumenta o consumo e a interligação entre sistemas em determinados bairros para desafogar o Sistema Cantareira.

Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/10/sabesp-eleva-transferencia-de-agua-para-o-alto-tiete-para-50-do-previsto.html

Últimas Notícias: