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ABES promove videoconferência relacionando a gestão de resíduos e a pandemia COVID-19

A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES, promoveu na quarta-feira (25) uma Videoconferência nomeada “Recomendações para a gestão de resíduos em situação de pandemia por Coronavírus (COVID-19)”.

O evento apresentou as recomendações que estão em um guia lançado pelas Câmaras Temáticas Nacionais de Resíduos Sólidos, Saúde Ambiental e Comunicação da ABES, com a colaboração de integrantes da Comissão de Estudos Especiais de Resíduos de Serviços de Saúde da Associação Brasileira de Normas Técnicas (CEE 129 ABNT). Este guia vai de encontro com a missão da ABES por compartilhar conhecimento para o desenvolvimento do saneamento ambiental no Brasil e a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

 

Apresentação da publicação do guia “Recomendações para a gestão de resíduos em situação de pandemia por coronavírus”

A primeira integrante da discussão foi a Enga Civil Kátia Campos. Ela é especialista em saneamento básico (UFMG) e Mestre em Desenvolvimento Sustentável (UnB) e atua na Câmara Temática de Resíduos Sólidos da ABES e é vice-presidente da seção do Distrito Federal da ABES. Kátia iniciou abordando a resistência do coronavírus em diferentes superfícies como plástico, madeira, aço, vidro, entre outros. Baseou essa discussão em cima de estudos científicos feitos recentemente que mostram que a vida do COVID-19 pode durar de 2 horas a 9 dias na superfície. Kátia também expôs as recomendações que está no guia elaborado por uma equipe da ABES, como o manejo dos resíduos durante a pandemia. Apontou também o que é de responsabilidade do poder público, do poder legislativo, dos trabalhadores, dos cidadãos e as responsabilidade das empresas contratadas.

Outra convidada foi a Enga Sanitarista Roseane Maria Garcia, pós-graduada em Perícia e Auditoria Ambiental (IPEN) e Engenharia Ambiental (USP). Roseane continuou apontando as recomendações da ABES, levantando questões sobre a destinação dos resíduos em locais com a presença ou suspeita de coronavírus, como resíduos de empresas de ônibus, metrô, trem, hotéis, rodoviárias, portos, e aeroportos e outros com elevada concentração de pessoas. Os resíduos destes locais devem ser equiparados a resíduos de serviço de saúde, (risco biológico – grupo 3; Grupo A, subgrupo A1) acondicionados em sacos plásticos duplo com enchimento máximo de até 2/3 (dois terços) da capacidade do saco, e estar lacrado. A empresa deve ser responsável pela contratação de empresas de coleta de resíduos de serviços de saúde, licenciadas para este fim.

Os resíduos produzidos nos domicílios de pacientes que estão em isolamento domiciliar com casos suspeitos ou confirmados de infecção por COVID-19, devem ser separados, colocados em sacos de lixo resistentes e descartáveis. Neste caso os sacos também devem ser acondicionados por sacos duplos, lacrados e ser ocupados por apenas 2/3 (dois terços) da sua capacidade total, de modo a não causar problemas para o trabalhador da coleta e nem para o meio ambiente.

 

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Medidas sugeridas pelo guia

Roseane apontou ainda, que o guia também mostra algumas medidas que os coletores e funcionários que trabalham na parte de tratamento dos resíduos devem usar.

  • Itens como máscaras PFF2, luvas, botas, óculos, onde os mesmos devem ser higienizados e desinfectados após o uso.
  • Lavagens das mãos com água e sabão e uso de álcool em gel também devem ser regras aos trabalhadores da coleta interna e externa de resíduos.
  • O guia recomenda que as pessoas em domicílios com caso confirmado de COVID-19 não entregue resíduos recicláveis aos catadores, a fim de não expor esses trabalhadores ao risco.

O guia sugere que seja elaborado um Plano de Contingência levando em consideração a realidade local, como por exemplo:

  1. Como os equipamentos que a prefeitura possui pode ser melhor aproveitado durante esta época de pandemia?
  2. Quais medidas pode-se tomar para a redução de transmissão do COVID-19 entre as pessoas?

Roseane mostrou que alguns municípios estão trabalhando para a prevenção da pandemia lavando as ruas com hipoclorito de sódio, e enfatizou que qualquer medida que afaste o vírus das pessoas já é uma medida sanitária, e que autoridades devem se antenar às áreas sem saneamento, pois aí haverá um risco ainda maior.

 

 

Como estão as ações nos Estados do Rio Grande do Sul e do Distrito Federal

Elaine Cristine Scheffer é Engenheira Química na empresa Stericycle que faz a gestão de resíduos de serviço de saúde, industrial, marítimo e comercial. Elaine apontou algumas medidas feitas pela empresa, como por exemplo o pedido aos clientes para o fornecimento de torneiras e sabão para seus funcionários se higienizarem após o serviço prestado de recolhimento dos resíduos. Outras medidas vêm sendo tomadas como enfatizar o uso e higienização dos EPIs e higienização dos celulares por meio de treinamentos e vídeos curtos via whatsapp e essas medidas vem sendo auxiliadas por técnicos de segurança do trabalho. A equipe também está  sendo orientada ao não recolhimento de resíduos que não estejam adequadamente acondicionados para a não exposição dos funcionários ao novo coronavírus.  A unidade que tem água de reuso está tendo aplicação de soluções biocidas, o uso passou de 1 para 2% de hipoclorito de sódio na higienização das bombonas e restringindo o acesso de pessoas nas áreas de descarregamento e tratamento de resíduos.

No Distrito Federal Kátia Campos diz que desde 2016 vêm sendo contratadas cooperativas de catadores, onde são mais de 30 contratos e mais de 1.200 catadores contratados por meio de cooperativas, e esses catadores podem fazer parte da coleta ou do processamento dos resíduos.  Kátia também explica que a coleta seletiva foi paralisada e que o governo local está elaborando um decreto para recompor a renda perdida nesse momento pelos colaboradores. A ideia não foi parar o serviço e continuar pagando o contrato, uma vez que este pagamento é feito em cima da produção.

Neste caso, mesmo com o uso dos EPIs não é recomendado que essa atividade continue acontecendo durante a pandemia, uma vez que para cada tipo de resíduo o vírus tem um tempo de sobrevivência. Kátia aponta que este trabalho é normalmente feito em galpões, e que durante as atividades é inviável a paralização dos trabalhos para a higienização na mão de 20 e 20 minutos. Diante do fato que o uso de máscaras seria obrigatório e também o uso dos demais EPIs além da higienização constante, a exposição e risco é muito alto e por esses motivos vale a pena a interrupção desses trabalhos. “Vamos continuar nessa missão porque é nossa obrigação como sanitaristas do Brasil” concluiu Kátia Campos.

Com essas atitudes propostas pela ABES em seu guia, espera-se a redução do impacto da pandemia do Coronavírus:

  • Protegendo a população;
  • Melhorando as condições de trabalho e higiene dos profissionais;
  • Garantindo renda para trabalhadores da limpeza que tiverem suas atividades interrompidas.

Para ter acesso ao guia lançado pela ABES afim de reduzir o impacto na gestão dos resíduos e à saúde da população relacionado ao COVID-19, clique aqui.

Renata Mafra – Produtora de conteúdo

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