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COI exige subestação de R$ 150 milhões da Light

Depois de ter aprovado um bilionário plano de investimentos de R$ 5,5 bilhões para os próximos cinco anos, antecipando inclusive alguns para atender os Jogos Olímpicos, um assunto vem tirando o sono do presidente da Light, Paulo Roberto Ribeiro Pinto. Trata-se de uma exigência do Comitê Olímpico Internacional (COI) de que seja construída uma subestação de energia com 11 Km de ramais dentro do Parque Olímpico, que está sendo erguido na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.

A exigência é que a subestação fique pronta um ano antes da Olimpíada, que vai acontecer em junho de 2016. O problema é que a Light garante que não precisa dessa subestação para atender o seu mercado, pelo menos nos próximos oito ou dez anos. E não há dinheiro no orçamento para a obra, estimada em R$ 150 milhões. O investimento da distribuidora aprovado para 2014 é de R$ 1,029 bilhão, sendo que cerca de 40% foram reservados para um programa de redução das perdas de energia que em algumas localidades chega a 70%. Para combater o problema a Light está investindo em rede inteligente nas áreas com Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

Ribeiro Pinto diz que não pode deslocar recursos para projetos que não são reconhecidos como investimento prudente pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), como são chamados aqueles necessários para assegurar a qualidade dos serviços e que podem ser repassados para o consumidor, via tarifas.

Esse assunto virou um drama. Já acionei todas as esferas de governo para resolver isso, mas até agora nada aconteceu. A obra demora 24 meses para ser feita e o COI exige que seja entregue um ano antes da Olimpíada, mas já não consigo entregar até junho de 2015“, disse Pinto ao Valor. “Esse dinheiro não está no orçamento e temos obras onde precisamos gastar R$ 40 milhões a R$ 80 milhões e onde estamos gastando R$ 30 milhões este ano para dar prioridade para outras. Como pegar R$ 150 milhões para fazer uma subestação que não vai dar retorno?“, continua.

Para garantir segurança no fornecimento de energia durante a Olimpíada, a distribuidora teve aprovada pela Aneel a antecipação de investimentos de R$ 385 milhões que serão cobrados dos consumidores somente no próximo ciclo tarifário da Light (2018-2023). Com esses recursos estão sendo construídas duas subestações na Barra, sendo que, do total, R$ 277 milhões serão emprestados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Para dar mais segurança ao suprimento de energia no estádio do Maracanã durante a Copa do Mundo este ano, a Fifa também exigiu, assim como o COI, que fosse construída uma nova rede subterrânea como reforço à rede existente, vinda de uma subestação diferente da do Maracanã. “Mas nesse caso, o Estado do Rio pagou pelo investimento. E se viu que não era necessário porque foi testado durante a Copa das Confederações”, afirma Ribeiro Pinto, lembrando que a Olimpíada será um desafio maior porque os jogos vão acontecer só no Rio, ao contrário da Copa.

Não me assusta a Copa do Mundo por causa da dispersão das pessoas. Vamos ter no Rio um movimento talvez maior porque quem vier ao Brasil para assistir a um jogo em determinado Estado pode passar no Rio um ou dois dias para conhecer. Mas é uma época de consumo ameno“. Já na Olimpíada, diz, o público ficará concentrado no Rio. Para atender a demanda dos dois eventos a Light já investiu R$ 535 milhões.

O Ministério do Esporte comandado por Aldo Rebelo, segundo Ribeiro Pinto, pretendia fazer uma licitação da subestação do estádio Olímpico em abril por meio do Regime Diferenciado de Contratações (RDC), mas o executivo explicou que a Light não vai participar, já que a obra não faz parte da atividade principal da distribuidora. O que preocupa também é o “timing”, já que por demorar dois anos, a obra já deveria ter começado.

Em carta enviada dia 11 de outubro para o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão endereçada também à Autoridade Pública Olímpica (APO), o Governo do Estado do Rio, a Prefeitura do Rio de Janeiro e a Aneel, o presidente da Light lembrou que inicialmente esses investimentos não seriam de responsabilidade da Light e chamou a atenção para os prazos.

Em todas as oportunidades a Light tem alertado quanto ao prazo necessário para a execução dos investimentos, sendo que só a Subestação da Vila Olímpica demanda um período de construção de 24 meses para ser entregue e estar pronta para operar“, diz um trecho. Explica ainda que a preocupação com o prazo diz respeito ao fato de 70% do orçamento corresponder a equipamentos sob encomenda, alguns deles importados.

E encerra pedindo solução urgente para a transferência dos recursos “sob pena de comprometer definitivamente a conclusão da obra no prazo limite da realização das Olimpíadas, ou seja, início de 2016”.

Procurada pelo Valor, a assessoria do MME respondeu que “a responsabilidade da contratação do fornecimento de energia elétrica para o Parque Olímpico da Barra é do Ministério do Esporte”. Foi o mesmo teor das respostas da Empresa Olímpica Municipal e da APO. O Ministério do Esporte informou que não teve tempo hábil para comentar, o que será feito hoje.

Fonte: Valor Econômico
Veja mais: http://www.valor.com.br/empresas/3388070/coi-exige-subestacao-de-r-150-milhoes-da-light#ixzz2poULofCM

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