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DAE corta gastos e suspende plano contra falta d’água

Mergulhado em profundas dificuldades financeiras, o Departamento de Água e Esgoto (DAE) cortou investimentos planejados para este ano para ter condições de pagar as contas de energia elétrica, que ficaram mais caras desde fevereiro. O corte programado até o final do ano é de R$ 8,197 milhões, correspondentes a 7% do orçamento de 2015, o limite permitido por lei. Deste bolo, R$ 7,9 milhões ficarão reservados para as despesas com energia.

Os R$ 297 mil restantes serão destinados à folha de pagamento da Fundação de Previdência dos Servidores Públicos Municipais Efetivos de Bauru (Funprev). Segundo a autarquia, entre as obras previstas para 2015 que só deverão ser incluídas no orçamento do ano que vem, estão a perfuração do poço Padilha e a construção dos reservatórios Alto Paraíso e Manchester, que custariam, juntos, R$ 4,397 milhões.

O poço, projetado para ter vazão de 100 metros cúbicos por hora, ampliaria a produção de água para a região do Jardim Bela Vista, diminuindo a sobrecarga hoje concentrada nos poços Consolação, Bíblia e na Estação de Tratamento de Água (ETA) do Rio Batalha. O prefeito Rodrigo Agostinho assegura, no entanto, que não haverá falta d’água em razão destes cortes.

“A produção de água na região abastecida por poços foi aumentada em 35% de 2009 para cá e, hoje, produzimos muito mais água do que precisamos. Pode até ser que haja desabastecimento por falta de energia, como ocorreu em razão do vendaval de domingo, mas isso não irá acontecer por falta d’água”, detalha, destacando que a região mais sensível ao desabastecimento é região que recebe água do Rio Batalha.

Para evitar este problema, no entanto, uma saída seria implantar a setorização da rede de distribuição – interligação do sistema, que permitiria a realização de manobras para garantir água nas torneiras em todas as regiões da cidade. Mas o projeto que analisaria custo e viabilidade das obras, previsto para ser contratado neste ano ao custo de R$ 2,4 milhões, também ficou fora do cronograma, assim como o estudo para início da captação de água no Ribeirão Água Parada, orçado em R$ 400 mil.

“Seriam necessárias outras ações, como a reforma da ETA, uma nova captação de água do Batalha e a troca de hidrômetros. Mas estamos em um cenário econômico muito ruim tanto para a elaboração dos projetos quanto para ir atrás de recursos para as obras, que são muito caras”, pontua.

Aquém da expectativa

O DAE informou que foram adiadas, também, a compra de novas viaturas, com valor estimado em R$ 500 mil, e a aquisição de um imóvel, hoje alugado, para abrigar a corregedoria e os setores de assistência odontológica e promoção social do DAE.

Diretora financeira da autarquia, Elis Anjos explica que os cortes foram necessários em razão da baixa arrecadação (leia mais abaixo), que ficou aquém do esperado, inclusive, após a tarifa de água ser aumentada em 35% em agosto. No acumulado de janeiro a 28 de setembro, foram R$ 81,859 milhões arrecadados, crescimento de 4,94% em relação aos R$ 78,008 milhões contabilizados no mesmo período do ano passado.

Já o custo mensal com energia aumentou em uma proporção muito maior após o reajuste autorizado pelo governo federal. Em janeiro, a conta paga pelo DAE foi de R$ 1,180 milhão e, em agosto, de R$ 1,920 milhão – um aumento de 60%.

Queda de consumo

Segundo a diretora financeira do DAE, Elis Anjos, a principal explicação para a queda na arrecadação é a diminuição do consumo de água, resultante da preocupação da população com o aumento na tarifa e também quanto ao desperdício. De acordo com a autarquia, a redução foi de 13% em agosto, em comparação ao mesmo mês de 2014.

A cautela dos consumidores fez com que a arrecadação do DAE caísse 1,62% no mês passado, sendo a expectativa de aumento de 15% – e de 20% a 25% nos períodos subsequentes à majoração da tarifa. “As pessoas também sentiram no bolso o aumento do custo da energia e dois dos equipamentos que mais pesam na conta de luz – o chuveiro e a máquina de lavar – também impactam bastante na água”, acrescenta Elis.

Outra possível explicação para a queda na receita poderia estar no aumento da inadimplência com a chegada das contas mais caras. Mas a diretora garante que não houve aumento da dívida, embora não revele valores, argumentando que eles poderão ser reduzidos nas negociações com os devedores – gerando diferença entre a quantia divulgada e a realmente recebida pelo DAE.

Ela afirma, inclusive, que a autarquia está cobrando mais de 10 mil bauruenses com contas em atraso, que deverão ser quitadas a partir de 6 de outubro, sob risco de terem o fornecimento de água suspenso. Ao todo, a previsão é de o DAE receber R$ 1,8 milhão, sendo aproximadamente R$ 750 mil à vista e o restante parcelado em até 60 meses. “Nossa expectativa é de que este dinheiro nos dê um fôlego para terminarmos o ano um pouco mais tranquilos”, completa.

Fonte: JCNET

Foto: Quioshi Goto

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