Lavagem de ruas em Ribeirão Preto pode ter água de esgoto

Já imaginou usar o esgoto para regar o jardim ou lavar a via pública? Está possibilidade está bem próxima de acontecer em Ribeirão Preto. A ideia é utilizar parte dos 120 mil metros cúbicos diários de esgoto tratado para tarefas que não exijam água potável. A medida visa diminuir a utilização do Aquífero Guarani.

A Ambient, empresa que trata o esgoto de Ribeirão Preto, deverá receber este mês a liberação da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) para começar a disponibilizar, gratuitamente, água não potável para os interessados.

A preservação dos mananciais, possibilitada através de exemplos como este, será o principal tema do segundo dia do Agenda Ribeirão, série de seminários promovido pelo A Cidade. O Viver, que vai debater a água, será realizado dia 28 de maio, entre 8h e 12h, no hotel Mont Blanc.

Reuso da água
De acordo com Paulo Roberto de Oliveira, diretor presidente da Ambient, empresa responsável pelo tratamento de esgoto em Ribeirão Preto, os investimentos necessários para disponibilizar o esgoto tratado como água não potável já foi feito.

O custo foi de cerca de R$ 1,5 milhão. O nosso processo retira 97% dos resíduos do esgoto, deixando a água em condições de uso para lavagem de vias, irrigação e com algumas aplicações industriais”, disse.

Oliveira só aguarda a liberação da Cetesb para disponibilizar a água, de forma gratuita. “O volume tratado [120 mil m³/dia] é muito grande, mas nossa intenção não é vender a água, mas disponibilizá-la de forma gratuita”, garantiu.

Oliveira explicou que a água já é usada dentro da Ambiente para regar jardins e lavagens internas da empresa. “Já temos empresas interessadas na água de reuso, só aguardando a liberação da Cetesb”, finalizou.

O esgoto chega às duas estações de tratamento (Caiçara e Ribeirão Preto) através dos interceptores. A primeira etapa do tratamento consiste na colocação de gradis para retenção de sólidos não orgânicos.

O esgoto ainda passa por um reator biológico e dois tanques de decantação antes de virar água de reuso.

Antes de ir para os caminhões-pipas, a água de reuso recebe apenas uma pequena quantidade de cloro. Os resíduos retirados da água são enviados para o aterro sanitário.

A reportagem questionou a Cetesb sobre o prazo da liberação da Ambient disponibilizar água não potável será dada mas, até o fechamento da edição, não obteve resposta.

Infográficos / A Cidade

Aquífero baixou 70 metros em 80 anos
Um estudo de 2012 mostra que a parte do Aquífero Guarani localizada na área central de Ribeirão Preto baixou 70 metros nos últimos 80 anos.

O levantamento também mostra que a situação se tornou mais crítica nos últimos dez anos, quando o reservatório baixou 10 metros (média de um metro por ano).

O estudo feito pela USP também constatou que em alguns pontos, o Aquífero Guarani esta captando água da Bacia Hidrográfica do Rio Pardo. O normal seria exatamente o contrário.

Ribeirão já utilizou 3,15 bilhões de m³ de água do reservatório, desde que começou a explorá-lo, em 1930.

O estudo foi chefiado pelo professor Edson Wendland, da Universidade de São Paulo (USP), campus de São Carlos.

Consumo diário é de 450 mil m³ de água
Todos os dias, as indústrias e a população de Ribeirão Preto consomem 450 mil m³ de água do Guarani. Deste montante, o Daerp (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto) é responsável pela captação de 89%, ou 400 mil m³ de água. O levantamento é do DAEE-SP (Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo).

Segundo a assessoria, o Daerp não pode ser inserido em programas de reuso da água, porque disponibiliza água para consumo humano, que precisa ser 100% potável. A autarquia também iniciou uma campanha, através da distribuição de panfletos, pedindo que a população economize água. O material aponta que durante a estiagem o consumo de água subiu 38%.

Já a prefeitura não respondeu se tem algum projeto de reuso ou se tem intenção de utilizar a água não potável da Ambient.

Agenda Ribeirão:

VIVER – 28 de maio
Palestrante: José Galizia Tundisi

Mesa:
– Claudia Habib – Ministério Público
– Carlos Alencastre – Diretor regional do Daee
– Marco Antonio Artuzo – Diretor regional da Cetesb
– Ivo Colichio – Diretor técnico do Daerp (Prefeitura)

Fonte: Jornal A Cidade
Veja mais: http://www.jornalacidade.com.br/noticias/cidades/NOT,2,2,951520,Lavagem+de+ruas+em+Ribeirao+Preto+pode+ter+agua+de+esgoto.aspx

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