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Má gestão levou à crise hídrica, afirmam especialistas

A crise no abastecimento de água que atinge o Estado de São Paulo foi tema do seminário Refletindo sobre a crise na água, realizado nesta quarta-feira (29/10) pelo curso de Planejamento Territorial da  UFABC (Universidade Federal do ABC). O modelo de gestão da água foi criticado por especialistas, que apontaram a falta de planejamento como o principal agente da crise.

O Sistema Cantareira, principal fonte de água da Região Metropolitana, chegou a operar com 3% da capacidade e utiliza desde a semana passada a segunda cota do volume morto. Mesmo assim, o Cantareira registrava 12,7% da capacidade nesta quarta-feira. Apesar da previsão de chuvas significativas para novembro, especialistas alertam que a recuperação do reservatório pode levar anos.

O professor Wilson Cabral de Souza Júnior, do departamento de recursos hídricos do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), lembrou que São Paulo já viveu períodos de forte estiagem na década de 1950 e em 2003. “O quadro (atual) é alarmante. Por pior que tenha sido a estiagem de 2003, não se compara com a atual. Mais que um problema climatológico, é um problema de gestão de oferta e demanda, e a sociedade não está percebendo a gravidade dessa questão.”

Visão ampla – Para o professor, a resolução do problema só será possível com uma visão que envolva proteção de áreas de manancial, investimento em saneamento básico, transparência na gestão de recursos e mudanças no padrão de consumo. Estima-se que o consumo diário por pessoa no Brasil está entre 160 e 180 litros de água. “Há estudos que mostram que temos condições de viver com boa qualidade com 110 litros por dia”, ressaltou.

Outro ponto levantado durante o seminário foi a necessidade de realização de campanha de conscientização permanente, e não apenas no momento de crise. A mudança de hábitos vale tanto para o consumidor comum quanto para outros setores, como o industrial.

Também participaram do seminário na UFABC o coordenador regional de meio Ambiente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Alexandre Vilella, o pesquisador do centro de Pesquisas de Águas Subterrâneas da USP (Universidade de São Paulo), Bruno Conicelli, e o diretor do MapSP (Movimento Água para São Paulo), Samuel Barreto.

Sabesp minimiza problema desde 2004
Prefeito de Embu das Artes e presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, Chico Brito criticou a dependência de São Paulo ao Cantareira e lembrou que em 2004, quando a outorga (concessão) do reservatório foi assinada pela Sabesp, foi solicitado  que a empresa teria 30 meses para apresentar plano de ação para diminuir essa dependência.

“Em dez anos isso não aconteceu. E agora a opção do governo (estadual) foi superexplorar outros dois sistemas, Alto Tietê e Guarapiranga, para abastecer bairros que antes eram servidos pelo Cantareira”. Nesta quarta (29), o Alto Tietê registrava capacidade de 7%, enquanto o Guarapiranga estava em 40,5%.

O governo do Estado iniciou neste ano obras  da PPP (Parceria Público-Privada) do Sistema Produtor de Água São Lourenço, em Vargem Grande Paulista. Orçada em R$ 2,21 bilhões, a obra pretende elevar a capacidade de produção de água em 7%. “É uma obra que deveria ter sido concluída em 2010, mas somente neste ano foi dado início e só estará pronta em 2018”, ressaltou Brito.

 

FONTE; http://www.abcdmaior.com.br/noticia_exibir.php?noticia=62717

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