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PCJ critica uso antecipado de água do ‘volume morto’ do Sistema Cantareira

A antecipação do uso da água que sobrou no fundo do Sistema Cantareira, o chamado “volume morto”, foi criticada pelo secretário executivo do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), Francisco Lahóz. Ele defende que a solução mais estratégica, neste momento, seria a redução do consumo para garantir água no reservatório que abastece parte da Região Metropolitana de São Paulo, além do interior paulista, como as regiões de Campinas (SP) e Piracicaba (SP).

É uma questão de quanto de segurança queremos ter no futuro. Se você deixar para utilizar o “volume morto” só após outubro, se as chuvas não ocorrem, você tem uma reserva estratégica. Se você retirar um grande montante do hoje, você fica sem reservas no caso de uma estiagem prolongada“, afirma. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) informou que a água do “volume morto” deve começar a ser usada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) nesta quinta-feira (15).

A camada tem 400 milhões de metros cúbicos de água, que fica abaixo do nível das comportas. A quantidade suficiente para elevar o nível do sistema em 18,5%, segundo estimativa dos técnicos da Sabesp. “A água é perfeita. O volume não é morto, (…) ele só não era utilizado. (…) Não vai ter nenhuma mudança na técnica da Sabesp, a água é a mesma“, afirmou Alckmin na manhã desta terça-feira (13). “Não vai ter nenhuma mudança na técnica da Sabesp, a água é a mesma”, garante o governador.

De acordo com o secretário executivo do Consórcio PCJ, o ideal seria retirar da reserva estratégica somente o que entra, ou até um pouco menos do que isso, para garantir a recuperação do volume útil. O nível acumulado de água do Cantareira caiu para 8,6% nesta terça-feira (13), segundo medição divulgada pela Sabesp. Em maio, o reservatório perdeu 1,9 pontos percentuais de sua capacidade.
Francisco Lahóz também explica que a situação crítica do Sistema Cantareira é resultado de condições climáticas atípicas, mas também aponta falta de investimentos para evitar que isso ocorresse.
Quando você planeja e consegue executar o seu planejamento, você depende menos do clima. Quando você planeja e não consegue executar integralmente o seu planejamento, você depende mais do clima. Se nós tivéssemos tido outras ações e outras reservas, isso não estaria ocorrendo. Nós estamos falando em “volume morto” porque deixamos de fazer ações que evitassem isso“, afirma.

Atualmente, o volume de água fornecido pelo Sistema Cantareira para as bacias do PCJ é de 3 metros cúbicos de vazão por segundo, e para a Grande SP entre 20 e 22 metros cúbicos por segundo. Em um período de estiagem, a vazão deveria ser de 12 metros cúbicos por segundo para o interior, segundo o secretário executivo do consórcio. Já o secretário de Saneamento e Recursos Hídricos de São Paulo, Mauro Arce, explica que a população tem ajudado bastante e que reduziu o consumo de água, a pedido do governo.

Arce defende as obras que vão possibilitar, a partir de quinta-feira, o uso do “volume morto” dos reservatórios. “A palavra morto a gente tem procurado tirar porque na realidade é uma água muito viva, ela está sendo abastecida diariamente com água que vem dos rios que formam o reservatório. Temos aí 180 dias só por conta dessa água, lembrar que temos outros reservatórios também, não só fora do Cantareira, mas também no Cantareira, Cachoeira, Atibainha que também têm água e que está recebendo água de outros mananciais”, esclarece.

Francisco Lahóz também afirma que o momento de de cooperação entre comunidade e entidades, para amenizar os impactos da estiagem e aguardar a retomada do regime normal de chuva. “Ao invés de ficar reclamando e culpando entidades, nós temos que nos unir em uma ação conjunta utilizando técnicas já usadas no Nordeste e em Israel, por exemplo, e aplicá-las para garantir a sustentabilidade agrícola e aguardar a chuva. Nós vamos aprender muito com essa estiagem“, diz.

Aviso em dezembro
O primeiro alerta oficial dado pelo Consórcio PCJ em relação à preocupação com a diminuição no volume de chuva foi em dezembro de 2013. Desde janeiro do ano passado, os técnicos haviam constatado a redução e em julho, segundo Francisco Lahóz, a situação se agravou. “Nós fizemos um ofício e enviamos no dia 18 de dezembro para todos os organismos gestores, como a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Departamento de Água e Energia Elétrica (Daee) de São Paulo avisando da necessidade da racionalidade e da redução de consumo para evitar, que se as chuvas não ocorressem, nós tivemos uma situação de calamidade“, explica.

No ofício, o consórcio propôs 25 medidas de contigenciamento caso a estiagem se agravasse. “Nesse momento, o Sistema Cantareira já estava caminhando para volumes abaixo dos 30% e julgamos que isso já caminhava para a criticidade“, completa. Na época, um técnico do PCJ fez cálculos para estimar qual seria a vida útil do Sistema Cantereira a partir daquela data. De acordo com Lahóz, a partir de dezembro do ano passado, o cálculo era de volume útil de quatro meses, sem considerar a utilização do “volume morto”, sempre levando o clima como fator diferencial para a melhora ou piora da situação.

Segundo o governo paulista, a água do “volume morto”, também chamado de reserva técnica, pode garantir mais seis meses de abastecimento. A qualidade dessa água tem sido questionada pelo Ministério Público do estado de São Paulo (MP-SP). Um dos temores é de que ela possa ter resíduos nocivos à saúde, como metais pesados. O governo nega e diz que já realizou todos os testes necessários. Ao Jornal Nacional, o secretário de Saneamento de Recursos hídricos de São Paulo, Mauro Arce, garantiu que a água é segura. “Não há nenhuma dúvida. E ela vai passar por todos os tratamentos que já passam”, responde o secretário.

‘Volume morto’
O “volume morto” é um reservatório que abriga 400 milhões de metros cúbicos de água – quantidade suficiente para elevar o nível do sistema em 18,5%, segundo estimam os técnicos da Sabesp. O reservatório nunca foi utilizado porque o sistema de bombeamento não chegava a essa profundidade. O governo estadual realizou obras para conseguir bombear a água após o nível do Sistema Cantareira atingir os menores índices da história e ficar abaixo dos 10%.

A Sabesp faz um serviço emergencial desde o dia 17 de março para retirar água do fundo dos reservatórios do Cantareira. Segundo a companhia, o “volume morto” poderá abastecer a Grande São Paulo por quatro meses. A obra está orçada em R$ 80 milhões e vai tornar útil uma reserva de 300 bilhões de litros de água que fica abaixo do nível das comportas.

Fonte: G1
Veja mais: http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2014/05/consorcio-pcj-critica-uso-antecipado-de-agua-do-volume-morto-do-sistema-cantareira.html

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