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Pesquisadores debatem na Unicamp uso de volume morto do Cantareira

Um grupo de especialistas se reuniu nesta quinta-feira (15) na Unicamp para debater a crise hídrica no estado de São Paulo. Os impactos da utilização do volume morto do Sistema Cantareira, que começou a ser explorado pelo governo do estado de São Paulo nesta quinta-feira (15), foi uma das principais temáticas do encontro. O professor Antonio Carlos Zuffo, do departamento de recursos hídricos da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC), afirmou que o uso do volume poderá estender o tempo para recuperação do sistema hídrico, que pode passar de 10 anos para ter a vazão normalizada.

O especialista, que também compõe um grupo de estudos do Comitê do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), explica que o sistema recupera-se de 10% a 20% por ano e, com o gasto da reserva, se a média de chuva ficar baixa, esse percentual reduz e o tempo de recuperação pode ser ainda maior.

O sistema de captação de água desta reserva das bacias foi inaugurado nesta quinta pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e possibilitará a elevação do nível do Sistema Cantareira de 8,2% para 26,4%. O total da reserva técnica é de 400 milhões de metros cúbicos e, de acordo com o pesquisador, o tempo para repor este volume pode chegar a uma década, caso a média do volume de chuva no período fique abaixo do esperado.

De acordo com Zuffo, a situação é “extremamente delicada” e planos de contingência para evitar o racionamento já deveriam ter sido traçados levando em consideração a possibilidade de estiagem nos próximos anos. Além disso, ele criticou a ausência de representantes da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Departamento de Água e Energia Elétria (Daee) no evento desta quinta para discutir o problema com a comunidade acadêmica. O G1 fez contato com esses dois órgão, mas não teve retorno até esta publicaçao.

A doutoranda em engenharia ambiental pela Universidade Johns Hopkins (EUA), Stefanie Falconi, afirma que a retirada do volume morto é a única saída para evitar o racionamento no momento. Contudo, ela pontua que o planejamento dos recursos hídricos poderia ter evitado a ação. “Os planos de contingência deveriam ter acontecido antes. Já era sabido, pelo menos desde janeiro, e com o planejamento, nós poderíamos ampliar as opções e minimizar os danos“, afirma.

Stefanie iniciou no ano passado uma pesquisa sobre os recursos hídricos do Sistema Cantareira e mapeou os níveis desde a década de 1930 até 2012. Em conjunto com o pesquisador Richard Palmer, da Universidade de Massachusetts-Amherst nos Estados Unidos, e o consultor William Werick, que trabalhou no setor de engenharia do Exército dos EUA, foi criada uma plataforma que simula, a partir dos níveis históricos do sistema, as variações de volume de água conforme alterações de clima, demanda e reservas.

Transparência nas informações
Os pesquisadores norte-americanos apresentaram durante o evento um modelo participativo de resolução de problemas de recursos hídricos. Segundo eles, casos como o baixo nível dos reservatórios do Sistema Cantareira deveriam ser debatido entre diferentes setores da sociedade, como indústrias e a própria população, e não somente entre governos e agências reguladoras. Além disso, eles afirmam que a tecnologia de simulação ajudaria a informar de maneira mais transparente. “A tecnologia ajuda nesse gap, porque a distribuição de informação é assimétrica“, afirma Stefanie.

Durante a apresentação de casos ocorridos nos EUA, o pesquisador Richard Palmer pontuou que o sucesso das ações estava intimamente ligado ao envolvimento de todos os setores ligados aos recursos. Segundo ele, quanto mais acessíveis são os dados sobre as condições dos reservatórios, melhor os motivos pelos quais devem economizar água são entendidos.

Fonte: G1
Veja mais: http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2014/05/pesquisadores-debatem-na-unicamp-uso-de-volume-morto-do-cantareira.html

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