Prefeitura de Palhoça promete entregar canalização da água nas praias do Sul da cidade em um ano

Captar a água da chuva para lavar a roupa é uma prática mantida há mais de 50 anos pelo morador do sul de Palhoça, João Demétrio, 64. A medida não é uma busca por sustentabilidade, mas por necessidade. Isso porque não existe água encanada em Morretes, onde vive Demétrio, e nem nas praias da Pinheira, Sonho e Guarda do Embaú, onde o sistema de água deveria estar concluído em 2012. A nova promessa da prefeitura é entregar a obra em um ano.

O aposentado Demétrio, como os outros moradores, utiliza ponteira para captar água do lençol freático. As pessoas que vivem na área central da Pinheira, recebem água também de ponteira, mas essa passa por um tratamento simplificado em uma ETA (Estação de Tratamento de Água) no bairro. “A água é amarelada e tem gosto de lodo. Para consumo compro apenas água mineral”, conta o aposentado. Para lavar roupas, até a água da chuva é menos turva.

A primeira promessa de concluir o sistema com adutora de captação do rio Cachoeira do Sul, no bairro Sertão do Campo, data do final de 2012. Como a obra teve paralisações, os canos estão em um terreno na região de Morretes, desgastados com o sol e com acúmulo de água. A prefeitura informa que dos 10 quilômetros de canalização necessários, dois estão finalizados. A falta de canos no mercado, problemas burocráticos e ausência do alvará ambiental foram os problemas relatados para o atraso nas obras.

“A obra de captação começa paralelo a de tubulação e, até o final do ano, queremos que esteja concluído”, garante o secretário de administração, Daniel Harger. A prefeitura retomou os trabalhos em fevereiro, após contratar a Conasa (Companhia Nacional de Saneamento) para continuar a obra iniciada pela Raiz Soluções Inteligentes, que teve o contrato rescindido em 2013, mesmo ano em que figurou no escândalo de propina com a estatal Águas de Palhoça.

Mas a Fatma (Fundação do Meio Ambiente) afirma que o alvará venceu em 2013 e não há novo pedido de autorização. A prefeitura afirmou que solicitará nesta semana um novo alvará e que isso não deve postergar ainda mais a conclusão da obra.

Risco à saúde dos moradores

Cansados de promessas, os moradores da região sul de Palhoça não sabem mais a quem recorrer para resolverem o problema da falta de qualidade de água. Para Maria Matilde Corrêa, 59, não dá para se conformar com essa situação. “Tem dia que a água vem cor de barro. Já cheguei a levar o meu filho no hospital por mal estar. Para lavar meu uniforme, tenho que levar para o sítio em Paulo Lopes. Aqui não tem condições”, reclama a cozinheira.

De acordo com Maria Matilde, panelas e utensílios domésticos criam uma crosta de sujeira, devido à má qualidade da água. A comerciante da Guarda do Embaú, Marlene Silva Lima passou a utilizar outra opção. “Uso a água da cachoeira. Antes colocava água em um copo, parecia que tinha bichinho. E vinha tão suja que nem dava para lavar a louça”, relata. As obras finais para a implantação da rede de água potável custarão R$8,1 milhões, sendo 7,7 milhçoes vindos de financiamento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do Ministério das Cidades e o restante de contrapartida da Prefeitura de Palhoça.

Relembre o caso

Janeiro de 2012: Começa a obra do novo Sistema de Abastecimento de Água para as regiões da Pinheira, praia do Sonho, Ponta do Papagaio, Guarda do Embaú e os bairros Morretes I e II, que faz parte do PAC 1 (Programa de Aceleração do Crescimento), com um convênio de R$ 7,7 milhões do Ministério das Cidades e contrapartida da prefeitura.

Março de 2012: Obra fica parada “devido a problemas burocráticos”. A explicação oficial dada pelo Superintendente da Águas de Palhoça, Luiz Carlos Duncke, é que estariam faltando tubos no mercado.

Dezembro de 2012: Prazo prometido para conclusão das obras, mas canos continuam em terreno de Morretes.

Junho de 2013: Município se comprometeu em iniciar as obras, mas em outubro do mesmo ano não havia sinal da execução do serviço na praia da Guarda e no terreno de Morretes.

Outubro de 2013: São 2 km de canos enterrados. Prefeitura afirma que tem um processo licitatório para a contratação de uma empresa para executar as obras civis para a continuação da implantação do sistema de abastecimento de águas na baixada do Massiambu já que a empresa Raíz Soluções Inteligentes teve o contrato rescindido, por não cumprir as exigências do edital. Essa empresa foi acusada de pagar propina a agentes públicos para garantir a manutenção do contrato com a Águas de Palhoça. Com nova previsão das obras para janeiro de 2014, após a assinatura e entrega da ordem do serviço, a Conasa (Companhia Nacional de Saneamento) assume por três meses as obras.

Fevereiro de 2014: Obras deveriam iniciar após assinatura do contrato na metade do mês, mas um atraso no alvará ambiental emperrou as obras. A prefeitura afirma que tentou renovar o alvará, mas a Fatma (Fundação Municipal do Meio Ambiente) garante que a última renovação foi em 2013.

Abril de 2014: São 2 km de canos enterrados na região de Morretes. Prefeitura afirma que toda parte burocrática está finalizada e que um novo pedido de alvará será feito nesta semana (8/04).

Fonte: NDONLINE
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