Estudo do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) aponta que, nos últimos 10 anos, os nove parâmetros que medem o Índice de Qualidade das Águas (IQA) da Bacia do Rio das Velhas apresentam evolução, em especial a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), o mais empregado para medir a poluição dos recursos hídricos.
Somente em 2013, por exemplo, foram registrados avanços no percentual de esgoto tratado liberado na bacia, elevando o índice para 82,53%, e concluídas por volta de 125 obras de saneamento e intervenções em fundos de vale na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) que impactaram positivamente na qualidade das águas do sistema.
O projeto Revitalização da Bacia do Rio das Velhas vem sendo desenvolvido desde 2003, tendo percorrido a calha do rio e identificado os principais focos de degradação e as ações necessárias para sua reversão. Em 2007, a partir da parceria com a organização não governamental (ONG) Projeto Manuelzão, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o projeto passou a ser um dos Programas Estruturadores do Governo de Minas e as ações neste sentido foram intensificadas, num esforço inédito no país para recuperar uma bacia.
De 2004 a 2011, o Estado investiu, por meio da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), R$ 1,3 bilhão em obras e ações de saneamento, esgotamento sanitário, mobilização social e outras medidas para proteção e recuperação ambiental da bacia. Em 2010, foi definido o projeto Meta 2014- uma iniciativa conjunta entre o Estado, os municípios que integram a bacia e o Projeto Manuelzão – com investimentos de mais R$ 500 milhões da Copasa, Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema) e parceiros até 2015.
As ações preveem a recuperação das águas, a realização de seminários de mobilização social, a qualificação de gestores ambientais, a volta dos peixes e o objetivo de permitir até a prática de esportes no trechodo rio das Velhas na RMBH, até 2015. Os municípios prioritários são Belo Horizonte, Sabará, Sete Lagoas, Santa Luzia e Caeté, localizados em área de grande contingente populacional e de vasto parque industrial, fatores que comprometem os recursos hídricos devido aos lançamentos de esgotos domésticos e efluentes industriais.
“Nunca houve um projeto tão inovador para o Brasil, um exemplo de serviço que conseguiu atingir um resultado muito bom“, frisa a responsável pelo projeto e assessora da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Isabella Lamounier. As últimas informações sobre o Mapa de Qualidade das Águas de Minas Gerais são referentes ao terceiro trimestre de 2013. Na semana do Dia Mundial da Água, em março, o Igam divulga o balanço completo das ações realizadas no ano passado. Clique aqui para conferir os últimos relatórios divulgados.
Resultados a longo prazo
Dentre as diversas ações que contribuem para a melhoria da qualidade das águas do rio das Velhas destaca-se, principalmente, a construção de Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs), os programas de interceptação de esgotos e a melhoria da eficiência das estações na eliminação da poluição. Todas as iniciativas são de incumbência da Copasa.
Em 1999, apenas 1% do esgoto despejado na bacia hidrográfica era tratado. Atualmente, o índice é de mais de 80%. “Os projetos conseguiram avançar bastante. Agora, temos alguns problemas menores, pontuais, que precisam ser resolvidos e estamos em cima deles. Mas, as pessoas precisam entender que se trata de um horizonte maior, que temos que pensar nas ações a longo prazo. Depois de anos de degradação, não se recupera uma bacia inteira do dia para a noite“, ressalta Isabella Lamounier.
Outras ações também estão em curso em parceria com a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), como a elaboração de Planos de Melhoria da Gestão de Efluentes Industriais e da proposta para Cadastro e Controle de Caminhões a Vácuo, objeto de muitas denúncias ao Estado. Está em andamento, ainda, em parceria com o Comitê de Bacias Hidrográficas do rio das Velhas e iniciativas voltadas para a eliminação dos lixões. Atualmente, dos 51 municípios que compõem a bacia, 32 já não possuem lixões.
Bacia do rio das Velhas
O rio das Velhas tem sua nascente principal na cachoeira das Andorinhas, município de Ouro Preto. Toda a bacia está localizada em Minas Gerais e compreende uma área de 29.173 quilômetros quadrados onde estão localizados 51 municípios, com uma população de aproximadamente 4,8 milhões de habitantes. O rio das Velhas deságua no rio São Francisco em barra do Guaicuí, distrito de Várzea da Palma. A bacia hidrográfica é dividida em trechos, segundo os cursos alto, médio e baixo. “Avançamos muito nos últimos 10 anos, a qualidade da água melhorou bastante. Mas, é importante destacar que este trabalho não acaba, estamos em uma busca permanente para revitalizar a bacia“, afirma Isabella.
Ao todo, o projeto de Revitalização da Bacia do Rio da Velhas possui sete vertentes prioritárias: adequação do Plano Diretor, projetos de coleta e saneamento, mobilização social, monitoramento da qualidade da água, conservação da biodiversidade, gestão de resíduos e efluentes, saneamento e educação ambiental. Neste último, destaca-se a Expedição Nadando com o Theo pelo Velhas.
A iniciativa faz parte das ações do Projeto Estratégico do Governo de Minas – Meta 2014 e promove ações de educação ambiental e mobilização social junto às comunidades que vivem às margens do rio das Velhas. O mascote Theo, um peixinho que é símbolo da qualidade das águas e da revitalização das bacias hidrográficas de Minas, percorre as comunidades e trabalha conceitos importantes de forma lúdica. O projeto já promoveu mais de 100 eventos em 36 municípios mineiros, tendo mobilizado mais de 30 mil pessoas, entre crianças, adolescentes, jovens e adultos. Para 2014 o foco das ações será a eliminação de lixões em 46 municípios, com um investimento de mais de R$ 1 milhão.
Fonte: Farol Comunitário
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