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Qualidade de rios do país é avaliada como ruim ou péssima, segundo levantamento da SOS Mata Atlântica

Em tempos de crise hídrica na região Sudeste do Brasil, quando se procuram novas alternativas para o abastecimento de água em muitas cidades, o estudo “Análise da Qualidade da Água”, divulgado hoje (18/03), pela Fundação SOS Mata Atlântica, não poderia ser mais alarmante e desanimador.

Dos 111 córregos, rios e lagos analisados em cinco estados brasileiros (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) e Distrito Federal, nenhum apresentou qualidade ótima. Mas o pior não é isso. Em 21 deles, a qualidade da água é tão ruim, que mesmo se passar por tratamento, ela não poderia ser utilizada para irrigação da lavoura, muito menos para consumo humano. De tão poluída, esta água só serve para diluir esgoto e produzir energia. É o caso, por exemplo, do que acontece nos dois principais rios que cortam a maior metrópole do país: o Tietê e o Pinheiros.

O monitoramento feito pela SOS Mata Atlântica nos cursos d’água foi realizado entre março de 2014 e fevereiro de 2015, em 301 pontos de coleta, distribuídos em 45 municípios. A metodologia, desenvolvida pela fundação, avalia 16 parâmetros, entre eles, níveis de oxigênio, fósforo, PH e aspecto visual (presença de coliformes fecais, espuma, sujeira e peixes).

O levantamento apontou que 61,8% dos pontos aferidos foram considerados com qualidade regular, 21,6% ruim e 1,7% em péssima situação. Apenas os rios e mananciais, localizados em áreas protegidas e com matas ciliares preservadas em seu entorno, foram considerados com boa qualidade. Eles representam apenas 15% da amostragem total.

“Este resultado revela que estamos desperdiçando estes rios”, afirma Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da SOS Mata Atlântica. “Com o estudo, queremos mostrar que a questão hídrica é muito séria”. Para ela, um dos principais responsáveis pela poluição dos rios brasileiros é a falta de rede de saneamento nas principais cidades do país. Diariamente, toneladas de esgoto são despejadas sem tratamento na água. “Os rios não têm condição de diluir toda esta carga”.

Outro fator que agrava ainda mais a qualidade da água é o desmatamento. Sem vegetação em suas margens, as nascentes perdem sua proteção natural contra resíduos vindos da agricultura e outras atividades econômicas. “A falta da cobertura florestal é um risco para os rios”, alerta Malu Ribeiro. “Não há água sem floresta, nem floresta sem água”.

Em comparação à análise elaborada no ano passado e divulgada aqui no Planeta Sustentável, a cidade do Rio de Janeiro apresentou aumento de amostras com qualidade ruim – de 40% para 66%. Já em São Paulo, houve redução – de 74% para 44%. Mas não há motivos para comemorar os números da capital paulista.

A coordenadora da SOS Mata Atlântica explica que a falta de chuvas na região impediu o escoamento de poluentes para os rios, daí o resultado aparentemente bom em São Paulo. “A seca na capital paulista teve um impacto positivo na qualidade da água dos córregos e rios urbanos, que não receberam a chamada poluição difusa, responsável por cerca de 40% dos poluentes que contaminam os corpos hídricos após as chuvas que lavam as cidades”.

O estudo deixa claro que sem investimento em saneamento básico, recuperação da bacia hídrica e de áreas de preservação ambiental, a saúde dos rios brasileiros continuará seriamente comprometida. A boa notícia é que existem caminhos e soluções. Um deles foi registrado pelos voluntários que fazem o monitoramento dos rios.

No bairro da Pompéia, na zona oeste de São Paulo, a comunidade se uniu e promoveu a recuperação do entorno de uma nascente. Os resultados não demoraram a aparecer. A qualidade da água melhorou e a população voltou a conviver com um rio de água limpa.

 

Fonte: Planeta Sustentável

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