saneamento basico

Seca ajudou a limpar água em córregos e nascentes em São Paulo

A estiagem que fez baixar o nível dos principais reservatórios de São Paulo teve um efeito paradoxal: ajudou a qualidade da água a melhorar em córregos e nascentes da região metropolitana em janeiro e fevereiro de 2015.

A conclusão é de um relatório da ONG ambientalista SOS Mata Atlântica, que comparou amostras de água de 117 pontos de coleta com outras obtidas em 2014.

A melhora –atestada segundo oxigenação, turbidez, nível de coliformes fecais, além de 13 outros parâmetros medidos– ocorreu em fios d’água que normalmente recebem muita “poluição difusa”: lixo e poluição tragado de áreas secas pela água da chuva. O número de pontos de coleta com qualidade ruim ou péssima diminuiu de 74,9% para 44,3%, enquanto amostras com qualidade regular ou boa apresentaram alta de 25% para 55,4%.

A melhora não afeta muito a gestão da crise hídrica, porque a maioria dos pontos de coleta analisados não tem relação direta com reservatórios dos sistemas da Sabesp.

O estranho fenômeno, na verdade, é até uma notícia ruim para quem espera que São Paulo um dia tenha espaços agradáveis às margens de rios e córregos que hoje são escoadouros de esgoto e lixo.

“Isso é um alerta, porque se continuarmos pensando em despoluir rios só tratando esgoto, não vamos salvar rios urbanos”, diz Malu Ribeiro, coordenadora do programa de água da SOS Mata Atlântica.

Isso significa que, com a normalização das chuvas, o lixo da rua volta aos córregos. “A melhor qualidade da água foi obtida em pequenos rios e nascentes urbanos onde a população se engajou não só pelo tratamento de esgoto.”

Na região metropolitana de São Paulo, na bacia do rio Tietê, pontos de córregos como Jacu e Oratório, na zona leste, tiveram água evoluindo de qualidade “péssima” para “ruim”. Outros locais, como o lago do Ibirapuera e o córrego Jaçanã, passaram de “ruim” para “regular”.

A única água “boa” foi achada no córrego Água Preta, na praça Homero Silva, na Pompeia. A despoluição do local começou há dois anos, com uma ação entre vizinhos.

“Conversando com moradores antigos, a gente descobriu que ali era um lugar antigo de nascentes, que tinham sido soterradas, e numa bica a 50 metros as pessoas tomavam água”, diz Patricia Soares, uma das coordenadoras do movimento. “Com o tempo, a área acabou abandonada e estava cheia de lixo.”

Últimas Notícias: