A Fiesp, por meio do seu Departamento de Desenvolvimento Sustentável e do Conselho Superior de Meio Ambiente, realizou de 4 a 6 de junho em São Paulo a 21ª Semana do Meio Ambiente.
O evento reuniu especialistas do setor para debater questões como políticas públicas de resíduos sólidos, modelos de produção, consumo e descarte, reciclagem, logística reversa e geração de energia.
A presidente do Instituto Embalagens, Assunta Napolitano Camilo, iniciou o evento no dia 05 de junho, demonstrando os avanços na área de reciclagem. As embalagens são responsáveis pela redução de perdas e desperdícios de alimentos, aumentar a segurança alimentar e conservar a qualidade dos alimentos por mais tempo. Ao defender uma maior educação ambiental e orientação das empresas de produtos de consumo, demostrou cases de sucesso de empresas que adotaram o ecodesign nas embalagens, que considera, entre outros aspectos, a redução do material, a facilidade de desmontagem, a orientação para o descarte, a reutilização, a utilização de material reciclado e a rotulagem ambiental.
“Queremos apoiar o mercado a desenvolver melhores embalagens para um mundo melhor. Incentivá-los a ir além, instigá-los a pensar diferente, aproximar profissionais e compartilhar conhecimento. A pressão da sociedade leva empresas usuárias de embalagens preocupadas com eventuais retaliações e questionamentos a buscar alternativas”, disse.
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A especialista apresentou os desafios para a indústria de embalagens.
Embalagem Inteligente:
- Tecnologia para rastrear e monitorar dosagem e lembretes pacientes;
- Assegurar o acesso não autorizado a medicamentos;
- Demanda crescente para garantir a segurança infantil;
- Combate à falsificação
- Embalagens invioláveis e seringas pré-cheias são exemplos de inovações.
Medicamentos do Futuro:
- Produtos biológicos e fitoterápicos;
- Busca por materiais mais sustentáveis;
- Serialização e rastreabilidade;
“Em relação aos desafios das embalagens, Assunta Camilo afirmou que devemos atender algumas demandas:
- Lotes menores
- Diferenciação
- Prazos de entrega menores
- Competitividade
- Novos modelos de negócios
- Ética (sustentabilidade)
- Variedade de Substratos
- Necessidade de Mock Ups e amostras rápidos frequentes
- Segurança e evidência de violação
- Crescimento maior das embalagens flexíveis por conveniência (mobilidade)
- Integração da embalagem com a internet das coisas by Qr code
- Mais customização
PNRS
Luiz Gonzaga Alves Pereira, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre) prosseguiu comentando sobre os desafios em consolidar a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e ampliar o mercado de gestão e tratamento de resíduos industriais e efluentes no Brasil, como a adoção de medidas de equilíbrio financeiro para a gestão correta dos resíduos domiciliares e a consequente erradicação dos lixões.
Sobre a reciclagem, o executivo da Abetre criticou duramente o governo pela falta de incentivos e os tributos nos poucos produtos que são reciclados. Indicou algumas alternativas, como investimento na economia circular, na geração de energia através dos resíduos e na profissionalização das cooperativas de catadores.
O Conselheiro do Cosema/Fiesp, Luiz Fernando Chaves da Silva iniciou a apresentação citando um a nova definição: o repensar ou co-criar uma nova cadeia produtiva e de consumo. Onde o material reciclado é enquadrado como uma nova matéria-prima, um novo insumo com uma classificação própria que incentive de forma real seu uso na indústria.
“O Brasil recicla apenas 3%, com poucas empresas capacitadas para reaproveitar materiais. As que existem pagam caro. Os processos de segregação de materiais são caros e os custos com a logística para que os produtos pós – consumo cheguem até os poucos locais que fazem a “desmanufatura” e a reciclagem são altíssimos. Menos de 20% dos municípios brasileiros possuem coleta seletiva”, afirmou.
Tributação
A respeito da tributação, o conselheiro do Cosema salientou que o produto é tributado ao sair da indústria e sofre tributação novamente ao entrar na cadeia produtiva como matéria-prima reciclada. Também a complexidade da legislação, com dificuldades de entendimento e classificação dos materiais devido ao complexo processo contábil existente no Brasil. Ex. Sucata, Resíduo e lixo industrial.
Outro ponto realçado, foi a falta de sinergia entre as cadeias: plástico, vidro, papelão e metal. A regulamentação e obtenção das licenças para obtenção e processamento dos materiais é um fator complexo e difícil.
Como propostas afirmou que o processo deve ser simples:
Governo: Leis de incentivo, infraestrutura, investimento em novas soluções, políticas públicas eficazes e conscientização.
População: Consumo consciente, responsabilidade por separar seu próprio resíduo, ser o agente de mudança e conscientização.
Mercado produtor: Pesquisa e desenvolvimento, responsabilidade por todo o ciclo de vida do produto e conscientização.
Para Luiz Fernando Chaves é indispensável a lei que determine que todos os produtos fabricados saiam com plano de logística reversa e com porcentagem de reciclagem. Quanto maior a porcentagem de reciclagem menor o imposto. Acréscimo de imposto para produtos sem logística reversa ou porcentagens menores do que 10% de reciclagem. Destinação dos valores acrescidos no imposto para a criação de um fundo de pesquisa sobre impactos ambientais dos resíduos e suas soluções.
Gheorge Patrick Iwaki
Produtor de Conteúdo
Portal Tratamento de Água