saneamento basico

Regularização do sistema de abastecimento de água do Município de São Paulo, considerando redução de perdas e Responsabilidade socioambiental

Resumo

As concessionárias de serviços de saneamento básico possuem grandes desafios, sendo o controle de perdas um dos mais importantes. Diante disso, o estudo objetiva apresentar os problemas relacionados às perdas de água em área irregular e discutir aspectos relacionados aos benefícios socioambientais provocados pela regularização no abastecimento de água da região. Trata-se de estudo descritivo, realizado de novembro de 2013 a novembro de 2018, por meio visita técnica para o acompanhamento do processo em uma área da periferia de São Paulo. O percentual médio de água não faturada foi de 32,60%. No país os valores oscilam entre 25% e 65%, enquanto a média em outros países como em Taiwan e Hong Kong gira em torno de 17%. A regularização da área e a redução de perdas contribuíram significantemente ao ODS 6 e 11. Com relação as perdas, o índice reduziu 32%. Diversos fatores influenciaram na sua redução, como a gestão de demanda noturna, trocas de ramais, vazamentos reparados em tempo reduzido, troca de hidrômetros e gestão de macromedição. Quanto aos aspectos socioambientais, pôde-se constatar uma maior satisfação dos moradores com relação a seus imóveis e a sensação de cidadania alcançada, após a regularização da região.

Introdução

As concessionárias de serviços de saneamento básico responsáveis pelo abastecimento de água possuem grandes desafios, mas atualmente um dos maiores problemas enfrentados está relacionado à eficácia no controle de perdas. Desde a captação no manancial até a entrega da água tratada ao consumidor final ocorrem perdas, de vários tipos, que em grande parte são causadas por operação e manutenção deficientes nas tubulações e inadequada gestão comercial das companhias de saneamento (Tsutiya, 2006).

Para Heller e Pádua (2010), do ponto de vista operacional, as perdas de água que ocorrem nos sistemas públicos de abastecimento referem-se aos volumes não contabilizados, podendo ser divididos em perdas físicas e perdas não-físicas. As perdas referentes a ligações clandestinas podem acontecer em duas situações: quando não existem redes disponíveis próximas ao local da ligação e a rede irregular é executada em médias e grandes extensões, com o propósito de abastecimento não regularizado de várias famílias e quando existe rede disponível para atendimento do usuário e este prefere uma ligação ilegal como forma de isenção ou redução da conta/fatura (Abes, 2015).

Em ambas as situações há prejuízo para a concessionária do serviço, para a população do entorno, considerando possíveis alterações na qualidade da água distribuída e problemas de pressão devido a demandas não avaliadas, e para a população em geral que acaba sendo prejudicada pelo alto custo do serviço, diminuindo a destinação de verbas para melhorias do serviço prestado (Heller, 2010).

O Estado de São Paulo possui 645 municípios, sendo 368 abastecidos pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o que representa um índice de abastecimento de água de 57% e perdas médias da ordem de 29,7% (Abes, 2014). Em 2009, a Sabesp implementou o Programa de Redução de Perdas de Água, cujo objetivo é atingir, até 2020, um nível de perdas reais (ou físicas) em torno de 18,9%, índice comparável a sistemas de abastecimentos de países desenvolvidos (Sabesp, 2018).

De acordo com a Resolução Conama nº001/86, impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que direta, ou indiretamente, afetam: (I) a saúde, a segurança e o bem estar da população; (II) as atividades sociais e econômicas; (III) a biota; (IV) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; (V) a qualidade dos recursos ambientais. Assim, o mau uso da água atrelado à falta de manutenção em estruturas e equipamentos, ligações clandestinas e fraudes geram impactos ambientais negativos tais como o contato do cloro com o meio ambiente; a contaminação de águas em rede de distribuição, devido às rupturas de tubulações antigas, comprometendo a saúde da população; a exploração do recurso hídrico de forma inadequada e a distribuição da água fora dos padrões de qualidade (Souza, 2016; Sabesp, 2018). Em contrapartida, a regularização de áreas e a redução de perdas proporcionam impactos positivos como maior satisfação da população com a qualidade do recurso distribuído, conscientização da população sobre o valor da água e a sensação de cidadania alcançada, após a regularização da região (Sabesp, 2018).

Autores: Lara Dias de Jesus e Sousa; Eduardo Conselheiro; Everton Rodrigues; Fagner Sampaio de Sousa e Guilherme de Sá Alencar.

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