saneamento basico

Trump conversa com Al Gore e dá sinal de recuo sobre mudanças climáticas

Donald Trump estava com frio em 19 de outubro de 2015. “Falam de uma grande frente fria, semanas antes do esperado. Cairia bem uma boa dose de aquecimento global! “, tuitou o então pré-candidato à Casa Branca.

Nos últimos anos, ele não perdeu a oportunidade de se dizer cético sobre a participação do homem na mudança climática, “problema faz-de-conta” e “um conceito criado pela China para fazer o produto americano ser menos competitivo” (esta dias após o furacão Sandy devastar a costa leste dos EUA).

Promete sobrevida à moribunda indústria do carvão e tirar o país do Acordo de Paris, pacto sobre o clima assinado por 195 países (EUA incluso) em abril, após duas décadas de negociação para alcançar um tratado global.

Integrou à sua equipe de transição nomes como Myrin Ebell, que ambientalistas chamam de “rockstar da negaciosfera”, esfera dos que negam a influência humana na calefação do planeta.

Por isso, ativistas ficaram confusos quando o presidente eleito e a filha Ivanka Trump se reuniram na segunda (5) com Al Gore, ex-vice de Bill Clinton e Nobel da Paz por sua defesa da agenda verde, destaque de “Uma Verdade Inconveniente” (melhor documentário no Oscar de 2007).

O democrata se limitou a dizer que o encontro com o republicano rendeu “uma conversa extremamente interessante e voltará a acontecer”. Duas semanas antes, Trump afirmou ao “New York Times” manter “mente aberta” sobre o Acordo de Paris, só frisando: “Tempestades sempre existiram”. Agora, disse, crê em “alguma conexão” entre atividade humana e aquecimento global.

Para ativistas, Ivanka poderia ser uma aliada –a futura “primeira-filha” quer fazer do tema uma de suas plataformas.

Mais liberal que o pai, ela deu poucas pistas sobre o que pensa do assunto, como este tuíte de 2010: “Petisco irônico do dia: audiência no Senado sobre aquecimento global foi cancelada por causa da nevasca”.

Recentemente, esteve com Leonardo DiCaprio, militante da causa que a presenteou com “Before the Flood” (antes da enchente), documentário em que o ator discute meio ambiente com Barack Obama e o papa Francisco.

Presidente do Center for International Clima Law, Carroll Muffett diz à Folha desconfiar das intenções do presidente eleito. “As atividades de Ivanka desviam a atenção da real política da administração Trump”, afirma.

O ambientalista Mark Lynas prefere o otimismo. “Ao menos Trump quer dar a entender que está escutando vozes sensíveis ao clima.”

Quase 100% da comunidade científica ratifica a tese do aquecimento global. Ainda assim, 56% dos republicanos no Congresso a refutam, aponta levantamento do blog Think Progress.

Fonte: Folha de S. Paulo

Últimas Notícias: