O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), voltou a afirmar neste sábado (2) que não pretende mudar sua estratégia para evitar a falta d’água no estado. Nesta manhã, o Sistema Cantareira estava com volume acumulado de 15,1% e não havia previsão de chuvas significativas.
Alckmin afirmou, após abertura do Fórum de Comércio e Investimento Brasil-Japão, em Pinheiros, Zona Oeste, que um racionamento agora seria uma “atitude irresponsável”. “Não pretendemos mudar nossa estratégia. A população tem aderido através do uso racional de água e seria uma atitude irresponsável neste momento fazer racionamento.”
Segundo o tucano, 90% da população reduziu o consumo de água e o racionamento poderia comprometer essa economia feita até agora. Ele reafirmou que o governo está preparado para manter o abastecimento até chegar o período das chuvas.
A própria Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) negou que o racionamento seria solução. Para o diretor de tecnologia e empreendimentos da empresa, Edson Pinzan, a adoção de rodízio de água causaria mais problemas. Segundo ele, se o abastecimento fosse interrompido por 24 horas em um bairro, por exemplo, a água poderia levar dias para voltar por causa da ausência de pressão.
A medida foi proposta pelo Ministério Público Federal e tem como objetivo evitar um colapso no Sistema Cantareira. “Os prejuízos a Sabesp já avisou o MPF. É você colocar a população com um dia de rodízio e talvez três dias sem água, dependendo do local onde ela está, altura e pressão da água, todas questões operacionais. A Sabesp fala isso porque já administrou um rodízio em São Paulo.”
Falta de chuva
Levantamento do G1 com base em dados da Sabesp aponta que julho foi o sexto mês do ano em que choveu abaixo da média histórica na região do Sistema Cantareira. Ao longo dos sete primeiros meses de 2014, a precipitação acumulada foi de 57,65% do esperado, o que agravou a crise no abastecimento da Grande São Paulo.
O único mês em que choveu mais do que a média histórica foi março: 193,3 milímetros contra a média de 184,1. Se tomada como base a média histórica, a expectativa era que a região das represas tivesse acumulado 925 milímetros de chuva até o fim de julho. Porém, os reservatórios receberam pouco mais da metade: 533,3 milímetros de chuva.
Sistema em crise
A crise no Cantareira começou por causa da pouca chuva e das altas temperaturas no último verão. No inverno, segundo a meteorologista Josélia Pegorim, da Climatempo, os níveis de chuva estão próximos do esperado para a estação. “Todo o problema de abastecimento de água na Grande São Paulo é decorrente da falta de chuva que aconteceu especialmente no verão 2013/2014”, diz.
Segundo ela, não há expectativa de haver chuvas regulares em julho e em agosto. “O quadro de seca vai continuar. A expectativa é que a chuva comece a cair com alguma regularidade mais no final de setembro e principalmente em outubro”, diz. Ainda assim, a possibilidade de as chuvas atrasarem não está descartada.
O Sistema Cantareira é formado pelas represas Jaguari, Jacareí, Cachoeira e Atibainha. Elas ficam no estado de São Paulo e no sul de Minas Gerais. Juntas, as represas fornecem água para cerca de 9 milhões de pessoas na cidade de São Paulo (zonas Norte, Central e parte das zonas Leste e Oeste), além de Franco da Rocha, Francisco Morato, Caieiras, Osasco, Carapicuíba, Barueri e Taboão da Serra, São Caetano do Sul, Guarulhos e Santo André. Parte do interior do estado também recebe água do sistema.
Acordo com Japão
Antes da cerimônia de abertura do Fórum de Comércio e Investimento Brasil-Japão, Alckmin se reuniu com o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe. Foram discutidos investimentos na área de mobilidade urbana e a cooperação para pesquisa e desenvolvimento de ambos os países.
No evento, foi assinado um convênio entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Japan Science and Technology – uma das principais agências de fomento á ciência e à tecnologia japonesa.
O acordo prevê a cooperação entre o Japão e o estado para o desenvolvimento de projetos de pesquisa conjuntos. Segundo o governo, esse é o 14º acordo internacional firmado entre o governo paulista e o país.