SÃO PAULO – (Atualizada às 11h29) A agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) espera ver alguns pequenos ajustes na política fiscal brasileira após as eleições, mas não uma reversão rápida na tendência de deterioração das contas públicas.
Durante teleconferência realizada nesta terça-feira, Lisa Schineller, analista da S&P responsável pelo Brasil, afirmou que esses riscos fiscais já estão embutidos no rating e perspectivas atuais. Ela reafirmou também que o Brasil é consistente com o grau de investimento. Ontem, a agência rebaixou a nota soberana brasileira para “BBB-”, com perspectiva estável.
A analista voltou a repetir que os sinais da política econômica são “mistos” e, por isso, a agência trabalha com uma perspectiva de crescimento fraca. O rebaixamento, disse ela, não se deveu a um só fator e, sim, a uma combinação de indicadores mais fracos.
Lisa observou que credibilidade da política fiscal brasileira perdeu força, com redução do grau de transparência em sua execução, e repetiu que o rebaixamento do rating do país reflete a combinação de deterioração fiscal, perspectiva de crescimento baixo e alguma fraqueza pelo lado externo. “Não será fácil cumprir a meta de 1,9% [do PIB] para o superávit primário”, acrescentou.
Segundo a S&P, outros riscos para o Brasil são o setor de energia, a inflação e o julgamento de eventual correção da poupança por conta de planos econômicos. “É importante ressaltar que a perspectiva [da nota] é estável. Vimos ajustes na economia e damos valor a isso, como a subida dos juros pelo Banco Central”, ponderou.
Sebastian Briozzo, diretor de ratings soberanos da S&P, afirmou que a baixa flexibilidade do governo também pesou no corte da nota brasileira. “A questão do setor de energia mostra o baixo nível de flexibilidade do governo”, disse.
Nos próximos dias, a agência vai se posicionar sobre outros ratings de empresas no Brasil que são relacionados ao risco soberano, sustentou Lisa depois de questionada se há impacto do rebaixamento anunciado ontem sobre as notas de Banco do Brasil (BB) e Caixa Econômica Federal.
Segundo a S&P, nos próximos dias também serão feitos testes de estresse em outras companhias brasileiras com nota “BBB”, mesmo que não sejam diretamente relacionadas ao risco soberano. O objetivo da análise é ver se as razões que motivaram o rebaixamento do país afetam o crédito dessas empresas. Se as companhias passarem nos testes, podem manter o rating superior ao da dívida do governo, que agora é “BBB-“. Ontem mesmo, a agência cortou as notas de Petrobras, Eletrobras e Samarco.
Fonte e Agradecimentos: http://www.valor.com.br/financas/3493244/sp-espera-alguns-ajustes-na-politica-fiscal-no-brasil-apos-eleicoes