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Com água parada, locais públicos de SP têm campo fértil para criação do aedes

Os dados são da Prefeitura de São Paulo: cerca de 85% dos focos de dengue na capital paulista estão em residências e imóveis privados.

Mas não é preciso muito esforço para identificar exemplos de estabelecimentos públicos que retêm de maneira recorrente a água da chuva. Esses locais estão sob a responsabilidade da gestão municipal, de Fernando Haddad (PT), e da estadual, de Geraldo Alckmin (PSDB).

Enquanto até o Exército se dedica a entregar panfletos de conscientização sobre o tema, estações de trens, parques e monumentos da cidade têm campo fértil para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, que transmite dengue, chikungunya e zika.

Sempre que passa pelas plataformas da estação da Luz, o bombeiro civil Renan Tironi, 31, olha preocupado para as lonas que há meses estão sob o teto do prédio.

A lona, usada desde o início da pintura da estação, acaba retendo água da chuva, principalmente em dias de temporal ou de vento forte. “Aquilo pode ser um criadouro de mosquito. Pode dar dengue ou zika. Se for assim, é um perigo para todo mundo”, diz o bombeiro.

Ali ao lado, o parque da Luz também tem seus criadouros potenciais do mosquito. A chuva se acumula no relevo das diversas obras de arte espalhadas pelo parque. A escultura “Craca”, do artista brasileiro Nuno Ramos, é uma das que estavam com água represada em suas reentrâncias em duas visitas feitas pela reportagem na última semana.

No campus da USP, no Butantã (zona oeste), embora o grandioso prédio do Centro de Difusão Internacional da universidade ainda esteja inacabado, seu extenso espelho d’água está há meses cheio.

Da mesma forma, em um pátio de carros apreendidos pelo Detran, na Vila Carioca, na zona sul, é possível ver a água se acumulando em caçambas e latarias de veículos.

“Dou minha cara a tapa se não tiver uma larva de mosquito em alguma dessas Kombis”, diz o encarregado de produção Gilmar Farias, 40, vizinho do pátio e que já pegou dengue duas vezes.

Nas fontes desligadas do jardim do Museu do Ipiranga também é comum que a água da chuva fique retida por dias.

Por ali, até as estátuas do Monumento da Independência formam reentrâncias que guardam água. Mesmo pequenos, os locais exigem cuidado, afirma o infectologista da Unicamp Francisco Aoki.

“Qualquer local que colete água por dias merece atenção. No limite, até uma tampinha de garrafa de refrigerante pode facilitar [a proliferação do aedes]”, explica.

Depois que a fêmea do aedes coloca seus ovos em uma superfície em contato com a água, a larva do novo mosquito demora cerca de nove dias para se desenvolver.

Foi em pequenos locais assim que a prefeitura encontrou neste mês dezenas de focos do mosquito no cemitério da Consolação, no centro.

A administração do cemitério chegou a virar vasos de mármore e colocar areia em cantos que acumulam água. Mesmo assim, ainda é fácil encontrar água represada em jardineiras e obras de artes.

PREFEITURA E ESTADO DIZEM LIMPAR LOCAIS

O governo do Estado e a Prefeitura de São Paulo alegaram limpar regularmente os locais que foram visitados mais de uma vez pela Folha.

A CPTM, ligada ao governo estadual, disse que, durante a operação noturna de pintura da estação da Luz, técnicos avaliam se a lona está com água represada.

A USP afirmou que, além de seu programa de “controle de vetores”, promoverá na próxima semana um mutirão contra o Aedes aegypti.

O Detran, também vinculado ao governo estadual, disse que o pátio da Vila Carioca recebeu larvicida e inseticidas três vezes neste ano.

A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, da Prefeitura de São Paulo, informou que uma equipe faz diariamente buscas por água parada no parque da Luz. Já no parque da Independência, segundo o município, seria feita uma aplicação de cloro nas fontes para evitar a proliferação de larvas do aedes.

E embora tenham sido encontradas larvas do mosquito no cemitério da Consolação, a administração local diz realizar mutirões diários para eliminar possíveis criadouros.

O cemitério, que é municipal, ainda orienta os visitantes para não levar flores em recipientes que possam acumular água da chuva.

Fonte: Folha
Foto: Luís Carlos Marauskas/Folhapress

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