saneamento basico

Despoluição da Baía de Guanabara pode demorar 20 anos, diz ministra do Meio Ambiente

Sobrevoar a Baía de Guanabara e a Bacia de Jacarepaguá não é uma experiência agradável. A espuma de esgoto e os rios assoreados ao redor mostram como os programas de despoluição estão longe de manifestarem resultados. Sem unidades de tratamento de lixo, as águas que chegam a estes ecossistemas levam dejetos para uma área cada vez maior e degradam a fauna marinha. Ontem, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, reconheceu que o problema é “complexo” e que os esforços para limpar a região devem ser contínuos “nos próximos 20 anos”.

Não é (um problema) trivial. Nenhum país do mundo que recebeu o problema de poluição de rios e de baías fez isso da noite para o dia“, ressaltou, em um evento em homenagem à Semana do Meio Ambiente. “Deve haver uma compactuação que transcenda a visão dos governos, o “curto-prazismo”, e uma determinação da sociedade para que (o tema) esteja na agenda de todos os governantes nos próximos 20 anos.

Segundo a ministra, a Baía de Guanabara enfrenta uma situação diferente de décadas atrás. À época, o esgoto vinha, principalmente, de 55 grandes indústrias. Hoje, 49 delas estariam com o impacto controlado. Mas a conexão de bacias hidrográficas e a baía, alinhada com a intensa urbanização, explicariam o cenário atual.

Izabella ressalta que o programa de despoluição não é uma atribuição exclusiva do governo federal — e, por isso, depende do orçamento de outras esferas do poder público. É preciso ter uma “vontade política comum”, em vez de programas constantemente interrompidos.

Você tem que ver o que é saneamento, o que é investido, um programa que tem investimento do governo do estado“, lembra. “Mas há um compromisso de que vamos recuperar (a baía). Há soluções, mas é necessário um ponderamento da sociedade. Não se pode fazer disso um assunto que para e que começa e que você vai e volta. O Rio tem condições de fazer esse enfrentamento.

O biólogo Mario Moscatelli, que monitora pelo ar as bacias cariocas e a Baía de Guanabara, atribui a poluição à falta de unidades de tratamento de lixo. Após a implantação dessas estruturas, não haveria mais despejo de novos dejetos nos sistemas lagunares, e seria mais prático retirar aqueles que já estão presentes nos rios.

Não adianta vir com essa história de (que precisamos de) duas décadas“, protesta. “Uma estratégia que pode ser realizada a curto prazo é a blindagem de quilômetros de rios que se transformaram em esgoto. As unidades de tratamento de lixo bloqueariam a contaminação do sistema lagunar.

Depois destas instalações, viriam medidas mais amplas, como a dragagem da Bacia de Jacarepaguá e a remoção de lixo na Baía de Guanabara, concentrada em sua região mais poluída — os litorais de Duque de Caxias, Rio, São Gonçalo e Niterói.

A longo prazo, segundo o biólogo, o governo promoveria políticas de transporte, habitação e saneamento, projetos que controlariam o crescimento desordenado da cidade, trazendo “algo que transforma o valão em rio novamente”.

A Baía de Guanabara vai sediar as competições de vela nos Jogos Olímpicos de 2016. Assumimos um compromisso diante do mundo de que vamos limpá-la“, alerta. “Ainda há tempo para evitarmos um fracasso retumbante.

Fonte: Olhar Direto
Veja mais: http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?noticia=Despoluicao_da_Baia_de_Guanabara_pode_demorar_20_anos_diz_ministra_do_Meio_Ambiente&edt=31&id=367338

Últimas Notícias: