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Dmae vai à Câmara de Vereadores explicar qualidade da água em Porto Alegre

Diretores do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), técnicos da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e o titular da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) estiveram no plenário da Câmara Municipal de Porto Alegre durante duas horas, na tarde desta quarta-feira, 3, explicando as alterações de odor e sabor na água da cidade. As alterações, cuja causa ainda está sendo investigada, estão sendo percebidas intermitentemente em algumas residências, especialmente das zonas Centro e Norte, há cerca de dois meses e meio.

Os diretores do Dmae iniciaram fazendo uma exposição cronológica do problema, a partir do dia 17 de maio, quando os painéis sensoriais (degustação por técnicos especializados) do Departamento detectaram as alterações. “Nossa primeira providência foi rever o sistema de tratamento rigorosamente, até termos a certeza de que o problema era externo ao Dmae. E a potabilidade da água estava mantida, sem qualquer risco à saúde dos consumidores”, explicou o diretor de Tratamento Marcelo Faccin. Ele fez questão de enfatizar também que, nesse tempo todo, o Dmae não mudou o tratamento, não acrescentou ou diminuiu qualquer produto químico nem trocou nenhum fornecedor.

O diretor-geral Antônio Elisandro de Oliveira mostrou que as manifestações públicas apareceram na semana seguinte e o pico de reclamações pelo telefone 156 (106 em um dia) se deu no dia 31 de maio. Seguro de que o problema era externo, o Dmae solicitou a colaboração dos órgãos de fiscalização ambiental, Smam e Fepam. E rapidamente foi possível identificar que o odor sentido na água estava também no ambiente próximo ao ponto de captação da água do Guaíba que abastece as Estações São João (zona Norte) e Moinhos de Vento (zona Centro). Após uma consultoria com o Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), a investigação foi encaminhada para a linha de pesquisa de compostos voláteis e semivoláteis.

Nos primeiros dias de junho, então, o Dmae constituiu um Grupo de Trabalho (GT) com outras entidades: Fepam, Smam, Vigilância Sanitária municipal e estadual, Trensurb e DEP. E delimitou o espaço físico de investigação: da Arena do Grêmio até a ponte do Guaíba, onde está a Casa de Bombas da Trensurb, que faz a drenagem pluvial dos trilhos, mas recebe também algumas descargas de efluentes industriais da região. A partir da segunda reunião do GT, se incorporou a esse grupo o Ministério Público.

Como o Laboratório do Dmae não identificou nada acima dos limites nos 103 parâmetros que analisa, direta ou indiretamente, para atender a portaria do Ministério da Saúde que regula a potabilidade da água, nem nos 47 parâmetros da Lei Estadual da Secretaria da Saúde que monitora a presença de agrotóxicos no lago Guaíba, foram solicitadas análises de mais 132 parâmetros a um laboratório paulista. Novamente os resultados foram todos abaixo dos limites legais ou de quantificação.

Para afastar a relação com esse caso das bactérias actinomicetos, das florações de algas ou cianobactérias e da presença de esgoto no Guaíba, os diretores do Dmae explicaram aos vereadores que foram encontradas na Casa de Bombas da Trensurb, onde está o odor, muito menos bactérias do que na Casa de Bombas nº 5 do DEP (mais ao norte), onde não há cheiro nenhum. Isso prova que essas bactérias, comuns na natureza e inofensivas à saúde humana, certamente não têm a ver com a causa investigada. Além disso, o Dmae conhece muito bem o Guaíba, pois monitora 16 pontos diferentes e tem esse histórico desde 1998.

Enquanto prosseguem os monitoramentos externos, do Dmae nas redes de esgoto daquela região da cidade e da Fepam e da Smam nas empresas instaladas no entorno da área investigada, o Dmae está em fase final dos trâmites legais para contratar outro laboratório no estado de São Paulo, ainda mais sofisticado tecnologicamente, que ampliará as análises para 478 parâmetros. E, em muito desses parâmetros, poderá chegar a resultados em nanogramas por litro (a bilionésima fração de um grama).

Os diretores do Dmae também explicaram aos vereadores que as notícias sobre o novo ponto de captação das estações São João e Moinhos de Vento, que será levado para o rio Jacuí, menos poluído, não têm nenhuma relação direta com o problema atual, pois é uma obra muito grande, que exige muito tempo e está em planejamento dentro do Dmae há mais de dez anos, quando o Cais Mauá foi desativado e o movimento no Cais Navegantes ficou sobrecarregado, bem próximo à captação de água do Dmae referida.

Por fim, o diretor-geral Elisandro de Oliveira enfatizou que o Dmae é o maior interessado nessa solução, mas que não tem como falar em prazo. E o diretor Marcelo Faccin lembrou que esse problema, inédito na história do Dmae pelas características todas, tem precedentes internacionais sem identificação das causas; portanto, poderá ser concluído sem que se possa chegar à causa que deu origem a ele.

Fonte: DMAE
Foto: Tonico Alvares/Divulgação CMPA

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