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Empresas apostam em melhoria da água na capital do Amazonas

Proteção ao meio ambiente chega a ser tão importante quanto um contrato assinado

MANAUS – Comemorado nesta terça-feira (22), o Dia Mundial da Água cada vez mais vem ganhando ações efetivas e deixando o campo do simbolismo. A data criada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1993 (ver box), esse ano tem como tema “Água e Empregos: Investir em água é investir em empregos” e em Manaus, cidade banhada por uma das maiores bacias de água doce do mundo, empresas descobriram a fonte para bons negócios apostando no apelo mundial do tema.

A lei municipal de n° 1.192 (de 31 de dezembro de 2007) que obriga todo conjunto habitacional a construir sua própria ETE (Estação de Tratamento de Esgoto), apesar de recente vem fazendo com que a procura por serviços especializados seja a mola propulsora de alguns negócios. Para o diretor da Green Tech Engenharia Ambiental, Hugo Orlando, o segmento de condomínios é o que vem movimentando o setor.

“Já houve uma procura maior pelo PIM (Polo Industrial de Manaus), mas após 2007, são os condomínios que movimentam os negócios. É bom para a empresa, mas vejo também como um avanço nas lutas ambientais e penso que deveria ser uma obrigação moral o cuidado com as águas”, define o diretor.

Segundo o Ranking do Saneamento Básico (base SNIS 2013), publicado pelo ITB (Instituto Trata Brasil), que elenca as 20 melhores e 20 piores colocadas em saneamento, Manaus está entre as 20 últimas posições e longe de atingir a universalização do serviço se manter os níveis de avanço como os registrados de 2009 a 2013.

De acordo com Hugo Orlando, isso representa um atraso enorme. “Frente a algumas capitais dos EUA ou Europa, nosso atraso é de 300 anos. Existe o exemplo de um condomínio popular do Estado que foi multado por não ter tratamento de esgoto. Isso quer dizer que se nem o Estado tem esse cuidado, como passar isso para a população”, fecha.

Mais que negócio

Entendendo a situação da cidade no ranking do saneamento, as empresas do setor apostam no conceito socioambiental para tocar seus negócios. E a exemplo da Green Tech está a Sanete – Saneamento e Tratamento de Efluentes que investe em capacitação de pessoal e legalização dos trabalhos para um bom serviço, disse o vice-presidente da empresa, Pedro Runavícius.

“Há uma indústria clandestina de empresas de saneamento que trabalham sem nenhuma fiscalização e tem serviços aprovados. Infelizmente essas são procuradas por quem quer um trabalho mais barato”, lamenta. Segundo Runavícius, a situação se agrava com o descaso do governo. “A falta de fiscalização, além do prejuízo ambiental, compromete o funcionamento

de empresas sérias. Para trabalhar em empresas do PIM tenho que cumprir exigências técnicas e de pessoal, preencher vários documentos, apresentar o melhor projeto, mas sei de outras que tem tudo facilitado, fazendo de ‘qualquer jeito’”, denuncia.

No campo socioambiental Runavícius cita o trabalho junto às cooperativas, mas lamenta a falta de conscientização.

Normas para operar sobre as águas

Os rios do Amazonas têm nos pontões (postos de combustíveis e outros produtos instalados em flutuantes) um nicho gerador de emprego e renda, mas para manter o funcionamento destes algumas especificações devem ser respeitadas explica a assessoria do Ipaam. “É requisito para ser licenciada, a instalação de caixa coletora de dejetos que são limpas por empresas limpa-fossas também licenciadas pelo Ipaam. Estas, por sua vez, emitem um certificado de coleta e destinação final de dejetos ao responsável pelo Pontão que precisa encaminhá-lo ao Instituto para análise quando da renovação da licença ambiental”, afirma.

Os mesmos Pontões também só podem ser licenciados mediante a instalação de bacias de contenção de fibra de vidro no entorno da Bomba de combustível para armazenamento dos produtos perigosos. Nestes casos, também são obrigados a apresentarem comprovante da destinação final destes resíduos. Grandes exploradores do turismo local, os hotéis de selva do Amazonas têm apelo junto a quem quer passar dias em contato com a natureza.

Para o funcionamento destes estabelecimentos, o procedimento cobrado pelo Ipaam é bem parecido com o que é recomendado aos pontões. “Os hotéis flutuantes também só são licenciados mediante inclusão no projeto de estações de tratamento de efluentes e projeto de destinação de resíduos sólidos para não contaminar as águas.

Eles passam por monitoramentos ao longo da vigência da licença emitida e por vistoria nos procedimentos de renovação de licenças”, exemplifica a assessoria. Mas exemplos e casos de desrespeito às águas são encontrados. Um dos mais antigos empreendimentos do segmento foi multado em 2009 pelo Ipaam por queima e poluição do solo por lixo, derramamento de combustível e lançamento de esgoto sem tratamento no ambiente.

À época o diretorexecutivo do hotel ressaltou a dificuldade encontrada para tratar esgoto no local, já que a construção fica sobre uma área alagada, o que impossibilita a instalação de fossas sépticas. Após isso, um sistema alternativo foi adquirido e instalado.

Abraço consciente

Em Manaus o tema gerou duas manifestações populares neste domingo (20). O projeto Consciência Limpa, iniciativa da Rede Amazônica de Televisão, realizou uma série de atividades no igarapé do Sabiá, na Cidade de Deus (zona Norte).

Essa foi a primeira edição do programa que já tem data marcada para as próximas atividades, no dia cinco de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente. Na ocasião, o tema do programa será limpeza pública. Ainda no domingo o parque Municipal do Mindu, no Parque 10 (zona Centro-sul) recebeu um abraço simbólico.

O Dia Mundial da Água

O Dia Mundial da Água foi recomendado pela ONU durante a Eco 92 Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento) e desde então um tema anual, definido pela própria Organização é celebrado, com o intuito de abordar os problemas relacionados aos recursos hídricos. Em 2003, o Brasil adotou a data e teve como temas: “Água e segurança alimentar”, “Águas transfronteiriças”, “Saneamento”, “Água limpa para um mundo saudável”, “Lidando com a escassez de água e água para as cidades: respondendo ao desafio urbano”.

Para 2017 e 2018, a ONU Água também já definiu os temas que balizarão os debates em torno da temática dos recursos hídricos. No ano que vem, as discussões serão sobre Água Residual, aquela resultante de algum processo, como o industrial, e que geralmente pode ser reutilizada para fins que demandem menos qualidade (resfriamento de equipamentos, por exemplo). Em 2018, o tema do Dia Mundial da Água será Soluções Naturais para a Água.

Fonte: Portal Amazonia
Foto: Shutterstock

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