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Estacas da Estação de Esgoto são reprovadas em teste em Bauru/SP

Os impasses em torno da construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) já fazem o bauruense lembrar de antigos fantasmas que assombram a cidade, como o viaduto inacabado por mais de duas décadas e ainda dando prejuízo à cidade e o fiasco dos lotes urbanizados. Se não bastassem os atrasos que já encareceram o contrato e a identificação de problemas logo no início dos trabalhos da ETE, surge mais um capítulo desta novela: as estacas cravadas para sustentar a obra não foram aprovadas em 80% dos ensaios de provas de carga.

O projeto executivo estipula a colocação de 2.000 estacas. Até o dia 25 de outubro, metade delas já havia sido instalada. Essa frente de serviços, contudo, foi suspensa pela Prefeitura de Bauru desde então, em função dos resultados dos testes.

O secretário de Obras, Sidnei Rodrigues, conta que, dos cinco ensaios realizados, apenas um apontou comportamento satisfatório. Ele revela que nos demais as estacas não resistiram e se movimentaram ao serem submetidas ao aparelho que simula a carga total a qual deveriam suportar.

Como a COM Engenharia – contratada para construir a estação – utilizou as estacas com as dimensões estipuladas pelo projeto executivo, a prefeitura aguarda um posicionamento da empresa que desenvolveu o estudo com o detalhamento da obra, contratado pelo DAE.

O projeto foi elaborado pela ETEP, recentemente incorporada à empresa Arcadis Logos. Na semana retrasada, Sidnei Rodrigues foi até São Paulo, onde se reuniu com técnicos da multinacional. Segundo ele, na ocasião, foi acordado que seria apresentado ao município, em até 15 dias, a solução de engenharia para o problema. O prazo venceu ontem, mas o retorno não chegou.

O secretário pontua que projetista deve apontar a solução para as estacas já cravadas e para a metade ainda pendente. “A gente acredita que seja necessário instalar outras ao lado das que já estão no solo. As outras 1.000, provavelmente, tenham que ter um comprimento maior do que o programado. De qualquer forma, também estamos providenciando mais ensaios para tentar identificar os problemas”.

RAIZ
Estudos preliminares da administração apontam que o “retrabalho” e/ou a adequação ao projeto original encareça a obra em mais R$ 1,1 milhão. O valor, no entanto, está sujeito a alterações a depender da manifestação da Arcadis Logos.

À reportagem, a empresa informou que sua equipe está avaliando dados e análises disponíveis para que, “caso necessário, uma solução técnica seja oferecida”.

Sidnei frisa que os problemas foram identificados na colocação das estacas tipo raiz, cruciais. Logo no início das obras, a COM Engenharia questionou a dimensão projetada para as estacas pré-moldadas. Essas, no entanto, foram cravadas e aprovadas pelos ensaios de prova de carga, de acordo com o secretário.

Atrasada e mais cara
Originalmente, a construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) deveria ter ficado pronta em setembro desse ano. O atraso nos trabalhos fez, no entanto, com que o prazo final fosse estendido para dezembro de 2017.

Até agora, R$ 19.523.504,72 em serviços foram executados no canteiro. O consórcio gerenciador das obras, SGS-Enger/JHE, apontou que mais R$ 24.696.350,78 já poderiam ter saído do papel. Metade do atraso foi de responsabilidade da própria construtora, a COM Engenharia.

O custo total da ETE, passível de novos aumentos, já saltou de R$ 129.229.676,00 para R$ 138.948.360,00, em decorrência de reajuste e aditivo já autorizados pela Prefeitura.

O governo federal se comprometeu a pagar R$ 118 milhões na obra. Todo o restante deverá ser custeado com recursos do Fundo de Tratamento de Esgoto (FTE), pago todos os meses pelo contribuinte bauruense junto às contas de consumo de água e coleta de esgoto.

Governo cogita responsabilizar projetista
O secretário de Obras, Sidnei Rodrigues, afirma que sua equipe está elaborando relatório apontando uma série de deficiências identificadas no projeto da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).

A intenção é apresentar este documento ao DAE, que pagou R$ 1,9 milhão pelo projeto executivo, para que a autarquia tome eventuais providências jurídicas contra a Etep/Arcadis Logos.

Segundo o secretário, a empresa é responsável por não ter sanado uma série de dúvidas e pontos não especificados em torno do projeto. O prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB) chegou a se deslocar até a sede da multinacional para reivindicar que seus técnicos se manifestassem acerca de apontamentos da Prefeitura, da COM Engenharia e do consórcio contratado para gerenciar e fiscalizar a obra.

“Há questionamentos que enviamos há dois meses e, até agora, nada. Sobre outros, a empresa garantiu seu projeto e, agora, nos deparamos com os problemas nas estacas raiz”, afirma Sidnei.

Presidente do DAE, Célio Bucceroni comentou que, confirmando-se os problemas relatados, a autarquia poderá mover ação contra a projetista. “Em uma obra desse porte, é admissível a necessidade de algum tipo de complementação, desde que isso não se dê em níveis acima dos toleráveis”.

Fonte: JC Net

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