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‘Estamos presos pela água’, diz morador de município alagado em MS

Moradores estão levando barcos para precaução de se precisarem sair. Assentamento ficou ilhado e cerca de 200 famílias aguardam alimentos.

Os moradores de Taquarussu, distante 318 quilômetros de Campo Grande, estão assustados com os alagamentos na cidade provocados pelas chuvas. “Não temos outra saída. Estamos presos, presos pela água”, afirmou o aposentado Miguel Feno.
Miguel é um dos moradores que já preparou um barco caso o nível da água suba e seja necessário deixar a residência. Carros pequenos não conseguem passar em estrada vicinal que mais parece um lago.
O topógrafo Josevaldo Feno tentou atravessar com uma motocicleta e, além de ficar no meio do caminho, ainda estragou o motor do veículo. “Em 40 anos nunca teve esse alagamento que teve agora”, disse.

Um casal de Cuiabá foi visitar os parentes na cidade e se assustou com os alagamentos. “Fomos pegos de surpresa. Isso aqui é um rio né? Não é lago, não porque não passa carro pequeno, só ônibus e trator”, pontuou a dona de casa Vera Dorneles.
O marido dela, o aposentado Jorge Martins, decidiu ajudar as pessoas que ficaram ilhadas. “Estamos trazendo comida para o povo que mora aqui que estão ilhados. Não tem como ir para cidade. O carro ficou lá em cima, não tem como entrar de jeito nenhum”, explicou.

Um assentamento do município ficou isolado. Cerca de 200 famílias, mil pessoas, do Bela Manhã, produzem leite e tiveram um prejuízo de 10 mil litros, segundo o prefeito Roberto Tavares (PSDB).
A Defesa Civil está enviando cestas básicas para a região por via terrestre. O coordenador Isaias Bitencourt disse que havia sido cogitado mandar os alimentos de avião, mas foi descarta porque não tinha condições de chegar até o local. A prioridade são os afetados do assentamento.

Além das 100 cestas básicas, também serão enviados 100 kits de higiene, 100 kits de limpeza e 100 caixas de água potável. A expectativa é que os kits cheguem no fim da tarde desta quarta-feira (13).

67 mil afetados
A chuva, que inicialmente trouxe prejuízos ao sul do Estado em dezembro, hoje já atinge todas as regiões de Mato Grosso do Sul e começa a causar enchentes em algumas cidades do oeste, onde as cabeceiras dos rios Aquidauana e Miranda transbordaram afetando famílias ribeirinhas.

Só no município de Bela Vista, mais de 70 famílias ficaram desabrigadas depois que o nível do rio Apa subir e provocar enchentes em três bairros da cidade. Além do município, existem desabrigados e desalojados em Amambai, Aral Moreira, Caarapó, Coronel Sapucaia, Eldorado, Iquatemi, Itaquiraí, Japorã, Juti, Tacuru, Naviraí, Novo Horizonte do Sul, Paranhos, Sete Quedas, Bela Vista, Guia Lopes da Laguna e Taquarussú.

De acordo com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDC), a situação de emergência foi reconhecida em 18 cidades sul-mato-grossenses. Até o momento, 25 município decretaram.

A Defesa Civil informou que já são 24 pontes danificadas no estado. Em Tacurú , Naviraí, Coronel Sapucaia, Amambai, Sete Quedas, Paranhos, Juti, Novo Horizonte do Sul, Aral Moreira e Caarapó. Nesse último município, por exemplo, uma barragem de quase 20 metros de altura se rompeu no mês de dezembro. O balneário que tinha mais de 30 anos foi totalmente esvaziado.

Em relação às rodovias estaduais, quatro estão danificadas em Naviraí, três em Iguatemi, três em Aral Moreira e uma em Sete Quedas. Em Aral Moreira, 13 rodovias municipais foram estragadas. Já no município de Naviraí, quatro rodovias ficaram destruídas.

Entre os rios em estado de alerta por causa da cheia estão o rio Aquidauana, que falta 10 centímetros para entrar em emergência; o rio Pardo, que atingiu 604 cm de cheia e o rio Taquari, que preocupa a população ribeirinha de Coxim.

O último município a decretar emergência foi Batayporã, a 302 quilômetros de Campo Grande. Já em Ivinhema, somente no dia 6 de janeiro choveu metade do esperado para o mês inteiro.

Além de Batayporã, estão em emergência: Vicentina, Taquarussu, Tacuru, Naviraí, Itaquiraí, Aral Moreira, Coronel Sapucaia, Amambai, Iguatemi, Sete Quedas, Paranhos, Caarapó, Juti, Novo Horizonte do Sul, Japorã, Eldorado, Deodápolis, Mundo Novo, Bela Vista, Laguna Carapã, Fátima do Sul e Caracol. Jardim e Campo Grande também decretaram situação de emergência, mas não solicitaram ao governo do estado homologação estadual.

Fonte: G1
Foto: Divulgação/ Prefeitura de Taquarussu

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